Tirando a parte do mal cheiro, até que estes 40 minutos de viagem foram agradáveis. É incrível como meus olhos ainda brilham por cada detalhe desta cidade. Ela ainda tem seus encantos, nunca me canso.
Peço ao taxista para parar próximo de um bar que avisto logo à frente. Ao parar, pago a viagem e me despeço. Saindo, me deparo com o enorme título: Bar do Tião! É, já me sinto em casa, sei para onde devo ir depois. Em seguida, olho ao redor, passo minha vista em cada detalhe deste bairro. Que pacato! Do jeito que lembra os livros de suspense. Árvores, folhas caindo, céu pálido, casas medianas e discretas, pessoas com nenhum sorriso, auras cinzentas... que medinho! Uma bela visão quase apocalíptica.
Olho o endereço no papel novamente, jogo no aplicativo Maps. Vejo que não é tão longe daqui. Ufa! Vou até a esquina, pego a esquerda. Nenhum ser vivente. Bate um frio na barriga. É uma rua longa e espaçosa. Ando mais um pouco e mais um pouco, depois pego a esquerda novamente. Supimpa! Já consigo visualizar daqui. Só pode ser esta! Sorrio. Discreto, começo me aproximar cada vez mais perto. A casa não parece ser das melhores, mas é aconchegante. Paredes cinzas, porta de aço, grandes janelões com detalhes escuros e belas cortinas.
— CARLOS? — grito por seu nome. — CARLOS? — persisto. — CARLOS! — e mais uma vez e mais uma vez e mais uma vez... e nada! — Espera! Que cheiro horrendo é este? Parece algo... — Levo minhas mãos às narinas.
Estranho! Muito estranho! Tô preocupado. Percebo que há algumas ferramentas jogadas pela lateral da casa. Tento olhar pelas vidraças, mas nem sequer um vulto, muito menos barulho. Isso realmente tá muito estranho! Talvez não queira receber ninguém. Vai que ele esteja lá dentro me olhando e rindo da minha cara. Filho da mãe!
Tempo vai, tempo vem. Me encontro ansioso e olhando para o céu pálido. Até que o bar do Tião bate à porta da minha mente. Me desperto. Um estabelecimento bem no centro. Deve receber de tudo, todos os olhares, todas as atenções. Pode ser que consigo alguma informação. Fico esperançoso.
Dou a volta, pego o mesmo caminho solitário e estranho.
