Cheguei. Está logo ali na frente. Uma caminhada longa demais para o tamanho da minha indisposição. É um prédio de 5 andares, gritando por reforma. Me aproximo da entrada, há um senhor, acho que deve ser o porteiro.
— Olá, senhor?
— Olá, no que posso ajudar?
— Então, me chamo Rui, prazer. Sabe me dizer se Carlos se encontra?
— Sei quem é você. O chefe já falou de você. Vejo como são idênticos!
— Chefe? — fico surpreso.
— Como, moço? Algum problema?
Gaguejo. Acabo tossindo.
— Ok, desculpa. Ele se encontra?
— Não, moço. Faz alguns dias que o chefe não aparece por aqui.
E tudo que recebo é nada mais que sua ausência.
— Mas o que você tanto anda fazendo, Carlos? — digo em voz baixa, por impulso.
— O que, moço? O que disse?
— Ah, nada! Desculpa. Me dê licença, vou indo. Tenha um bom dia.
É, algo de errado está acontecendo. Preciso descobrir. Nunca pensei que iria, tão cedo, conhecer a segunda casa de Carlos. Mas chegou o momento. Olhando para o céu, dou um suspiro. Pego o papel com endereço no bolso, olho só para confirmar. Próxima parada: West San Silver! Do outro lado da cidade. Só em pensar na distância, a preguiça bate à porta.
Na calçada, meus olhos começam a passear pela rua. Avisto um táxi de longe, faço sinal com as mãos.
— Oi, moço? West San Silver?
— Oi, sim sim.
De primeira já percebo um cheirinho desagradável. Pelo jeito, será uma viagem adorável. Coloco o cinto, acomodo minha cabeça na poltrona, tudo certo. Embarcamos!