As portas do elevador se abrem, é o meu andar. Suspiro.
Com os pés no corredor, andando suavemente para não chamar atenção, me encontro hiperventilando, minhas mãos estão suando. O ambiente de paredes brancas e alguns tons de bege escuro pelo chão acabam se tornando mais longo do que o real, porque a cada passo que dou, eu fico mais eufórico. Parece uma caminhada infinita, meu coração se encontra na garganta. Estou ansioso, mas eu preciso me acalmar. Caso contrário, Marina irá estranhar. Talvez ele não esteja lá. Ou, estou totalmente enganado.
A entrada bem ali na minha frente: 178, nosso apartamento. Respiro fundo, me sinto levemente tonto. Inclino o meu corpo, bem devagar, coloco meus ouvidos encostado na porta. Tento captar o máximo de ruídos... Nada!
Ok, eu vou entrar. Aprumo o corpo, respiro fundo mais uma vez e então coloco as chaves na fechadura. Lar doce lar!
Ao entrar em casa, sou surpreendido com Marina logo atrás da porta. Assustado, dou um pulo para trás ao passo que Marina se aproxima cada vez mais de mim. E neste momento, todo apartamento mediano e elegante, banhado por tons de cinza e branco, acaba se tornando pequeno demais para o tamanho do meu desespero. Fico em silêncio, com os olhos arregalados, sem entender nada. Ela se aproxima cada vez mais, sinto suavemente seu coração pulsando, a lateral de seu rosto colando no meu, seu nariz fungando. Espera! As bordas de seus olhos estão úmidas. O que tá rolando aqui? Em seguida, seus lábios se aproximam da minha orelha e sua voz começa a fluir penetrando em meu ouvido.
— Eu sei. Já sei de tudo!
Suas palavras perfuraram o silêncio escaldante daquela sala.
— Marina, o que tá acontecendo? — falo gaguejando.
Ouço os dentes de Marina rangendo.
— Durante um tempo, percebi algumas coisas sutilmente estranhas que guardei só para mim. Mas... agora sei de tudo. Eu descobri, Rui. Este é o seu nome, não?
E neste momento, a minha ficha caiu. Era o fim de tudo que eu e Carlos havíamos construído. Desgraça! Ela vai me entregar pra polícia!
