Parte 6

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Eu lembro, como se fosse hoje, a minha volta do exterior. Faz 1 ano e alguns meses. Meus pais foram me pegar no aeroporto, os dois bem receptivos enquanto Carlos, no canto, estava bem silencioso. Tentei ser amigável, mas não houve tanta abertura. Um homenzarrão sério, de negócios, negócios bastante secretos. Se duvidar, até Deus não sabe.

Fomos para casa, teve um jantar delicioso. Contei minhas experiências; e meus pais, as suas; simplesmente uma noite adorável em família. As horas passaram, cada um foi para o seu quarto; e ao chegar da madrugada, no sossego de minha antiga cama, de quando eu ainda estava no ensino médio, que meus pais insistiram em deixar intacto, ouço alguém batendo em minha porta. Era Carlos chamando pelo meu nome. Confesso, fiquei bastante feliz e ao mesmo tempo apreensivo, mas o que veio depois foi a cereja do meu bolo. Ele me deu um pouco mais de abertura, eu estava meio nervoso, não sei o porquê, até sorrimos ao relembrar de nossa infância, coisas do passado. Evidentemente, uma das melhores coisas que já aconteceu desde que voltei para cá, eu tava com saudades disso. Mas algo aconteceu logo depois. Uma proposta sem grandes detalhes foi feita. Eu fiquei surpreso, confesso, mas não era nada de diferente do que já havíamos feitos antes. Então topei, em nome de tudo que um dia já vivemos. Ok, também aceitei pela grana, mas isso não vem ao caso. No fim das contas, eu só queria estar um pouco mais perto do meu irmão, perto da minha família, uma forma de relembrarmos os velhos tempos... mas, dessa vez, a coisa era bastante séria. Ele queria para tempo integral, mas não achei viável, a única alternativa era alternarmos, então assim ficou. Uma semana, ele; na outra, eu. E foi aí que percebi que nem meus pais sabiam da existência de Marina, e possivelmente nem Marina sabia da existência dos meus pais. Muito menos sobre mim.

Carlos sabia muito bem como guardar seus doces segredos. Há um coração ganancioso em seu peito. Não somos tão diferentes. Gêmeos de corpo, alma e mente.

Nossos pais nunca foram donos de grandes riquezas, mas tínhamos o necessário, éramos felizes. Nunca faltou nada. Eu e Carlos éramos próximos, tivemos uma infância tranquila e uma adolescência libertina. Coisas de adolescentes. Depois crescemos, nos tornamos jovens, terminamos o ensino médio e depois cada um seguiu seu caminho. Eu fui para o exterior tentar vencer na vida, enquanto Carlos permaneceu em nossa terra natal. E a partir daí, nunca mais foi como antes.

Se Você Não Me Ama Mais, Minta Para MimOnde histórias criam vida. Descubra agora