Marina conheceu Carlos na faculdade. Ela, a garota nerd que carrega gostos peculiares; e Carlos, o garoto frio de coração libertino. De alguma forma, o relacionamento foi fluindo. Com o passar do tempo, como toda moça, Marina chegou a cogitar avançar o nível: conhecer seus futuros sogros. Mas Carlos nunca ousou avançar. Estranhamente, Marina continuou ao seu lado. Acredito que ela o amava de verdade, enquanto ele só fazia o mínimo. Na visão frágil de Marina, o que era dado se chamava amor. Eu acredito que Carlos poderia até gostar de Marina, no início, só que da mesma forma que chegou, também se decepou. Na mesma intensidade. O tempo passa mais um pouco, um drama acaba surgindo: pai de Marina adoece. Para ela, tristeza e dor; para Carlos, uma caixinha de tesouro se abria lentamente. Aos poucos, todo desgaste interno de Carlos foi se transformando em amor genuíno; e, com amor genuíno, quero dizer: herança de Marina. Do asco e aborrecimento, com a chegada da futura herança, o que era amargo se transformou em ouro.