Capítulo Oito

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      Um breve silêncio pairou entre nós, eu conseguia ver seu sorriso frágil começando a aparecer, ela apertava meu casaco com força e vi seus olhos levemente marejados . Aquela garota era forte, mas senti que consegui quebrar uma mínima parte do seu espírito com minhas últimas palavras. Eu realmente não queria deixar que nada mais acontecesse à ela, senti-me na obrigação de tomá-la em meus braços e protegê-la de quaisquer dores que poderiam ameaçar tocá-la.

     Senti meu casaco sendo puxado, com uma mão Samantha me puxava para perto e com a outra me abraçava forte. A cabeça dela estava repousada em meu peito, seu ouvido atento às batidas do meu coração, que ficavam cada vez mais rápidas ao sentir seu perfume. Naquele instante era praticamente irrefutável a ideia de que eu estava perdida e absurdamente apaixonado por aquela garota.

     - Capuz...

     - Sim? - Senti a mão que puxava meu casaco me abraçando.

     - Obrigada. - Senti que Samantha me abraçava com mais força. – Muito obrigada.

     - Pelo quê, Sam?

     - Por ser, pelo menos a partir de hoje, meu namorado.

     Eu poderia passar horas ali, aninhando Samantha em meus braços. Eu sentia minha respiração ficar cada vez mais forte, meu coração batia tão rápido que a qualquer momento ele poderia saltar do meu peito. E preciso confessar, aquela era a melhor sensação que já experimentei. Talvez era isso que meu pai tanto escrevera como sendo "amar alguém de verdade", era forte, era intenso, mas também era brando como uma leve brisa de começo de outono. Era como... se eu fosse uma árvore que renovava suas folhas.

     Samantha me soltou, e o seu rosto estava vermelho, molhado pelas lágrimas. Eu quis enxugá-las, mas ela fez um sinal de que não precisava e ela mesma enxugou. Nos encaramos por uns segundos, e começamos a sorrir como dois idiotas (o que na verdade éramos, não posso negar isso). Samantha suspirou e me olhou nos olhos.

     - É capuz, chegamos a um impasse aqui.

     - E qual seria esse impasse? – Respondi um pouco confuso.

     - Eu prometi a mim mesma que não me apaixonaria por alguém nem tão cedo, mas aí você apareceu. E agora? O que eu faço?

     - Sam. – Falei enquanto a segurava pela cintura. – Existem algumas promessas que podemos quebrar.

     - É? – Vi seu sorriso reaparecendo.

     - É.

     E nos beijamos mais uma vez, sem exageros, aquele era o momento mais feliz da minha vida (até aquele minuto, a vida ainda me presentearia com momentos tão bons quanto).  Depois do beijo, ficamos abraçados um pouco mais de tempo. Depois nos sentamos, e conversamos sobre várias coisas, admirávamos o céu naquele momento, e nos sentíamos as duas pessoas mais "desnecessariamente bobas" da face da terra. Tudo era mais bonito quando era visto ao lado de Sam.

     Ficamos assim por um tempo, até que novamos que George não voltava. Ou ele estava conversando algo realmente sério com meu pai (além da viagem de que estávamos falando), ou ele simplesmente havia nos esquecido. Alguns minutos depois, ouvimos passos subindo as escadas, era George. Depois de nos deixar sozinhos por um bom tempo, ele estava voltando.

     - E aí? Como vocês estão? – Estávamos nos olhando como dois idiotas, com os rostos vermelhos, e um sorriso escancarado no rosto.

     - Bem. – Respondi, sem nenhum esforço de esconder o sorriso bobo.

     - Isso é bom, mesmo que vocês quisessem, era impossível esconder a prova do crime. Olha só para vocês, Sam, você parece um tomate de tão vermelha. E Enzo, você está ainda pior que ela.

     - Pai, para com isso. E como foi a conversa com o pai do Enzo?

     - Não foi. Só disse que ia sair para deixar vocês um pouco a sós, aproveitei o tempo para ir em casa, sentei um pouco no sofá e acabei cochilando. Quando dei por mim, já tinha passado todo esse tempo. – Sinceramente, não me surpreendi com isso. 

     - Pai, você não tem jeito mesmo.

    - É, eu não tenho. Mas vocês estavam bem estranhos um com o outro, e agora que se acertaram, precisavam de um pouco de tempo sozinhos. Filho, vem cá. – George me chamou e passou o braço por cima dos meus ombros, me abraçando. – Filho, obrigado por fazer minha menina sorrir como uma idiota. Sei que vocês gostam muito um do outro, e é bom vê-los assim.

     Aquilo era importante para mim, não sei muito bem o motivo, mas ver George falando comigo daquela forma me dava a sensação de que eu pertencia a algo, que alguém além de nós dois sentia o quão importante aquilo era para nós dois. Não sei muito bem como a cabeça de George funciona, não sei qual o motivo ele tinha para nos impulsionar para um relacionamento. Mas eu preciso admitir, se não fosse por ele, muito provavelmente nós não teríamos nos entendido nem tão cedo.

     - Mas preciso te dizer, não quer dizer que não estou de olho em vocês dois. Gosto muito de você, filho. Se a minha menina está feliz, eu estou feliz. Se ela confia em você, eu também confio. Eu só tenho um pedido a fazer. – George puxou Samantha com o outro braço e também a abraçou. - Sejam sinceros um com o outro, sejam pacientes, um namoro depende disso. Mas então, vocês começaram a namorar mas não me contaram quem fez o pedido.

     - Pedido? – Sam fez uma cara de confusa na hora. – A gente não pensou nisso, já que você pensava que estávamos namorando.

     - Espera, nenhum de vocês fez o pedido de namoro? Caramba, vocês são lentos hein?

     - Ah, sim. Não tem problema, eu resolvo isso agora. Samantha, você aceita ser minha namorada? – Perguntei sem pensar duas vezes, com o sorriso mais bobo do mundo.

     - SIM! 


Até que a última luz apagueOnde histórias criam vida. Descubra agora