O assunto rolava normalmente na nossa roda de conversas. Havia mais umas 15 pessoas ali sentadas nos sofás e nas poltronas. Eu estava sentada em uma poltrona com Charlotte sentada no braço do móvel. Ela havia trazido minha Coca Cola e se juntou ao assunto.
Nós duas éramos as únicas na faixa dos 20 anos ali. Charl era a mais nova, com 23 e eu com 27. O restante do grupo, todos na faixa dos 40 e 50, não se importavam com essa diferença, mas confesso que por ser a amiga intrusa, eu acabava me inserindo menos nos assuntos. Tentava fingir costume na maioria das vezes.
De qualquer forma, eu não era capaz de disfarçar minha animação em estar no mesmo ambiente que Depp. Ele sempre foi uma inspiração pra mim como profissional, além de ser um ser humano muito gentil e charmoso (mas isso nem precisava ser dito...).
Eu observava disfarçadamente o ator e suas reações com as conversas. Em como ele fazia caretas com determinados assuntos, ou sorria tímida e balançava a cabeça concordando com tal assunto. Era engraçado como ele parecia com todos os personagens dele em um pacote só.
Percebo que estou olhando a tempo demais quando seu olhar volta pra mim também. Paro de roer minhas unhas e viro o olhar para outro canto, tentando disfarçar.
Espero cerca de 30 segundos para voltar a olhá-lo e percebo que ele ainda me encarava. Ao perceber que fui pega na cara dura, começo a rir da situação. Minha risada é acompanhada pela risada de Johnny.
- Que foi? – Charls pergunta me cutucando. Ela olha pra Jhonny e percebe que estamos rindo e nos encarando.
- Nada. – Nós dois falamos juntos e ele logo faz uma cara de surpreso pela coincidência. Sua expressão é uma mistura de Jack Sparrow e Chapeleiro Maluco.
- Como você faz isso? – Digo indignada e de repente todos estão prestando atenção em nós.
- Isso o que? – Johnny pergunta.
- Você... vocês todos. – Passo a mão pelo meu rosto e seguro mais firme minha Coca Cola. – Você tem todos eles dentro de você. Alguém já te falou isso?
Eu pareço uma maluca falando assim, mas na minha cabeça faz sentido. Vou jogar parte da culpa no álcool que ainda se fazia presente no meu corpo.
Depp me encara com uma expressão de dúvida, mas ao mesmo tempo interesse em querer saber mais.
- O que exatamente? – Ele pergunta e o restante das pessoas dão risada do seu jeito cômico e tímido de falar.
- Que você carrega todos seus personagens com você. Que a gente consegue ver cada um deles nas suas expressões, nas suas falas... – Todos ficam em silêncio prestando atenção. – Isso é tão... isso é tão...
- Coisa de ator. – Uma mulher de cabelos curtos e pretos chega por trás do sofá de Johnny e completa minha frase.
Meu olhar para Johnny se quebra e se volta para a mulher. Ela tem um copo com bebida vermelha nas mãos e Johnny não chega a olhar para trás, mas parece reconhece-la pela voz.
Quem é ela?
- Não. – Digo coçando a cabeça. – Não é só coisa de ator. É algo sobre Johnny.
- Não se iluda não. Atores são assim mesmo. – A moça insiste na sua posição, soltando leves risadas para parecer mais simpática.
- Eu venho de uma família de atores e sou atriz e não vejo com frequência talentos e versalidade como o de Johnny. – Respondo olhando fixamente para a moça.
Por que ela se intrometeu na minha conversa?
Charlotte percebe que eu fiquei um pouco séria e coloca a mão em meu ombro, mas eu permaneço encarando a moça.
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Suddenly, you
RomanceEntre as cortinas do teatro, Eva não sabia que poderia encontrar algo que ao menos estava sentindo falta. Afinal, como sentir falta de um amor que nunca teve? O que ela poderia afirmar é que após experimentar desse amor, ela não conseguia mais ficar...