Café na padaria?

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- Viva! – A voz de todo elenco de Chicago e de toda equipe envolvida na noite de estreia comemorava enquanto brindávamos com champanhe.

Era comum na noite de estreia comemorarmos com bebida e muitos abraços. A noite havia de fato sido linda. Tudo que ensaiamos saiu conforme o planejado e o público aplaudiu por longos minutos.

Eu amei interpretar Velma Kelly. Valeu a pena todo esforço e pesquisa em como construir da melhor forma essa personagem. A energia que ela carrega, sua dança, suas falas... tudo era tão poderoso e sensual. Certamente um marco na minha carreira.

Tiramos algumas fotos e comemoramos mais um pouco no palco, com as cortinas fechadas. A imprensa também estava presente e fazia algumas fotos do elenco para estampar, em alguns minutos, notícias sobre a estreia da Broadway em sites e jornais.

Nesse tempo, eu tentava ignorar a ligação do meu irmão de horas atrás e o fato dele me dizer que estava preso. Fiz um bom trabalhando ignorando esse fato durante a peça. Eu estava tão eufórica que praticamente esqueci de sua ligação e encarei o palco com tudo.

Que péssima irmã, não?!

Claro que não! Péssimo irmão era Antônio! Porque ele não havia esperado para me ligar depois da estreia?! Eu avisei a ele que estaria no palco essa noite.

É muita irresponsabilidade pra uma pessoa só.

Cheguei até meu camarim e comecei a tirar o sapato e a peruca. Em poucos minutos, Charlotte entra no local.

- Hey, Evinha! Parabéns! – Ela me abraça animada e eu agradeço. – Não acredito que já está se desmontando e nem tiramos uma foto juntas.

Ela diz e eu fecho os olhos percebendo que não tínhamos mesmo tirado uma foto juntas.

- Oh, desculpe. Amanhã estarei assim de novo. Podemos tirar amanhã.

- Hmm. Okay. – Ela se senta em uma cadeira e me ajuda a tirar o figurino. – Seu celular.

Ela me entrega o aparelho e eu somente o pego deixando em cima da mesa de maquiagens.

- Não vai ver as mensagens?

- Não.

- Mas e seu irmão?

- Sinceramente? Estou puta com ele. Brava pra cacete.

- E vai larga-lo na delegacia do aeroporto?

- Eu deveria... ele deveria passar a noite lá.

Ela olha surpresa pra mim e dá risada.

- Eu posso ajudar. Você sabe que precisa pagar uma quantia pra ele sair hoje de lá?

- O que? Como assim?

- Pra ele sair hoje, você tem que pagar uma fiança de 2 mil dólares. Se não, ele sai amanhã sem precisar da fiança, mas com a presença de um advogado. – Charlotte diz e eu engasgo sozinha.

Jesus! Eu estava planejando ir ao aeroporto agora pega-lo, mas não tenho essa quantia toda.

Só se eu assaltasse um banco.

- Meu pai tem um advogado, Eva. Você sabe... pra mim é muito tranquilo pedir ao meu pai pra ele te ajudar nessa. Ele ficaria feliz em ajudar, tenho certeza.

- Não, de jeito nenhum. – Nego sua proposta sem pensar duas vezes. – Vou dar um jeito amanhã. Agora por favor, não vamos mais falar disso. Estou quase explodindo de raiva dele.

Charl termina de me ajudar com a roupa e eu me troco para ir pra casa. Algumas pessoas do elenco iam sair para comemorar, mas eu estava claramente sem ânimo.

Suddenly, youOnde histórias criam vida. Descubra agora