"Se tivéssemos que dividir nossas vidas em duas partes, como dividiríamos? Como seria seu antes e seu depois? Eu particularmente acho difícil pensar em uma divisão na cronologia da minha vida. Pelo menos era o que achava a tempos atrás.
Hoje, eu posso dizer que minha vida havia se transformado depois do amor. Não qualquer amor. O amor de Johnny. Eu poderia facilmente descrever minha vida antes e depois de conhece-lo.
Vivenciamos muitas coisas ao longo do tempo que estamos juntos. Do trabalho até a vida pessoal em casa. Convivemos no set de gravações do nosso primeiro filme juntos. Cada experiência em trabalhar com Depp era uma forma de ama-lo diferente que eu aprendia e conhecia".
- Posso saber seu nome, coisa bela? – O personagem de Eddie Redmayne diz enquanto se aproxima de mim.
Nós estamos gravando uma cena do filme em que Marion, minha personagem foge do fotógrafo (Johnny), com medo de desenvolver sentimentos por ele.
- Eu não devo revelar meu nome. – Me ajeito no banco do bar do cabaré em que se passa a cena, procurando o personagem de Johnny pelo local. Eis que o acho.
- Posso criar vários nomes pra você então. Posso começar com "coisa bela", "colírio aos meus olhos", "anjo esculpido"... – Minha personagem ignora a fala de Eddie e logo vejo que Johnny nos encara, em cena.
Puxo o corpo de Eddie próximo do meu, fazendo-o parar de falar.
- Uau... – Ele sussurra com o rosto próximo. Vejo o personagem de Johnny nos encarando ainda e faço questão de abraçar o pescoço do mais jovem, tentando fazer o fotógrafo desistir de mim e perceber que sou apenas uma dançarina de cabaré.
Seguindo o roteiro, o personagem de Eddie puxa meu rosto para o seu e me beija. Assusto em um primeiro momento, mas logo cedo o beijo, deixando que ele aperte e pressione seu corpo no meu, como foi instruído pelo diretor.
Beijar outra pessoa era esquisito depois de muito tempo só beijando Johnny. Quando Paul, o diretor, me disse que teria uma cena de beijo com Eddie, fiquei bem ansiosa e nervosa. Eu já havia dado beijos técnicos no teatro, mas em filmes a coisa era diferente. O beijo tinha que parecer bem real porque a câmera estava bem ao seu lado, enquanto no teatro o público ficava relativamente longe.
Johnny não pareceu se importar muito com esse fato, até porque fazia parte do trabalho... O que não evitava o pessoal do elenco de fazer piadas com ele, claro.
Eddie separa nossos lábios e permanece com os olhos fechados, enquanto eu logo abro os meus procurando os olhos do fotógrafo. Acabo não o encontrando mais no recinto e faço uma leve expressão de dor e desapontamento.
- Corta! – Paul grita e a cena acaba. – Você pode voltar a respirar agora, Johnny. A cena foi boa, não vamos repetir.
Todos dão risada da piada de Paul e eu vou até meu namorado, que revira os olhos para o diretor. Ele me entrega uma garrafa d'água e sorri pra mim.
- Nós praticamente nos beijamos por tabela, Johnny. – Eddie diz dando risada enquanto passa por nós, indo até seu camarim.
- Você bem queria, né! – Johnny diz e ambos dão risada.
- Okay, okay... você não pode ter ambos, Ed. – Digo me fazendo brava e ele apenas balança a cabeça, já longe de nós.
- Ajuste de figurino! – Charlotte passa por nós me puxando pela mão e eu nem tenho tempo de dar um beijinho em Johnny.
- Ai, cacete. Isso dói. – Reclamo ao sentir Charlotte apertar o corpete em mim. Estávamos dentro do meu camarim e ela me ajudava com o novo figurino.
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Suddenly, you
RomanceEntre as cortinas do teatro, Eva não sabia que poderia encontrar algo que ao menos estava sentindo falta. Afinal, como sentir falta de um amor que nunca teve? O que ela poderia afirmar é que após experimentar desse amor, ela não conseguia mais ficar...