O barulho alto da música lá de fora se intensificava cada vez que alguém abria e passava pela porta. A sala não estava muito cheia, mas era possível ouvir muitas risadas e conversas paralelas.
Eu estava sentada em um banco alto e preto no canto da sala enquanto conversava com Alice Cooper sobre política nos Estados Unidos e no Brasil.
Sério mesmo?
Sim! Não era uma conversa muito profunda. Estávamos só jogando papo fora enquanto reclamávamos de alguns políticos malucos que eram eleitos pelo povo. Nesse caso, ambos países carregam um histórico parecido...
Eu era uma das poucas mulheres na sala. A maioria se compunha de homens músicos, rockeiros e mais velhos que eu. Mas eu posso contar uma coisa? Eu me divertia tanto com eles!
Desde que eu cheguei no Estados Unidos para morar, nunca criei um grupo de amigos. O mais próximo que eu tinha era Charlotte, que era um pouco mais nova que eu. E agora posso dizer que estar na companhia dos amigos de Depp me fez me sentir parte de um grupo também.
Bom, eu não sabia tocar guitarra e nem fazia parte de uma banda, mas eu conseguia me entrosar bem.
Estávamos em Nova Iorque novamente e hoje seria o dia do show do Hollywood Vampires. Já falei que acho esse nome engraçado?
E é claro que eu vim acompanhar meu namorado. Ele estava do outro lado da sala conversando com outras pessoas. De vez em quando ele olhava pra mim para checar se estava tudo bem e eu sorria pra ele.
Eu vestia inclusive a blusa da banda que Depp havia me dado, junto de um shorts jeans preto curto e botas coturno pretas.
Meu papo com Alice continuou enquanto bebíamos uma cerveja e eu pude notar outros olhares em mim, que não fosse o de John.
Olho pra direita e vejo um homem loiro de cabelos lisos me encarando. Ele parecia mais jovem, por volta dos 30 anos, e sorri ao ver que seu olhar tinha sido correspondido pelo meu.
Fico um pouco desconfortável e não sei muito o que fazer. Retribuo seu gesto com um sorriso desajeitado e tento não olhar mais para ele. Não quero parecer antipática nem agressiva, mas também não queria passar a impressão de "estar disponível", entende?
Alice parece notar meu desconforto e dá risada ao notar o olhar do homem pra mim. Levo um pequeno susto ao sentir mãos em meus ombros e morro com a possibilidade de ser o homem esquisito. Meu coração relaxa ao sentir o cheiro do perfume que eu tanto amo e já estou acostumada.
- Está enchendo a cabeça de Eva de merda, né? – Johnny pergunta a Cooper.
- Estamos debatendo política, seu velho. Acha que eu sou um ignorante? – Cooper responde e eu dou risada dos dois.
- Você fez Alice conversar sobre um assunto sério por mais de 15 minutos? – Johnny pergunta me encarando. – Isso é o máximo de tempo que ele já ficou sem falar besteiras.
- Bom, eu não disse que ele não falou besteiras. – Respondo bebendo minha cerveja e ouço a gargalhada rouca de Johnny. Alice permanece com a boca aberta devido a minha resposta. – Desculpe, Alice.
- Vocês se merecem! – Cooper diz levantando do banco. – Cuida dela, parceiro. – Ele diz piscando para John e fazendo um gesto com a mão que eu não entendi muito bem. Logo, Cooper sai de perto, nos deixando a sós.
- Está tudo bem? – Johnny pergunta se virando de frente pra mim.
Eu abraço sua cintura e me questiono se ele perguntou isso por conta do que Cooper falou.
- Está, por que? – Respondo e ele sorri se encaixando no meio das minhas pernas.
Olho por cima do ombro de John e percebo que o homem loiro continua nos encarando. Ele não viu que estou acompanhada?!
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Suddenly, you
RomanceEntre as cortinas do teatro, Eva não sabia que poderia encontrar algo que ao menos estava sentindo falta. Afinal, como sentir falta de um amor que nunca teve? O que ela poderia afirmar é que após experimentar desse amor, ela não conseguia mais ficar...