capítulo 1

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Aron ON

Olho a imensidão das floresta a minha frente através da janela do meu quarto que é localizado em uma das torres mais altas do castelo, e mais uma vez me perco nos meus pensamentos tentando entender o que fiz de errado para ter nascido assim. Será que fui um pecador na vida passada ou até mesmo antes de existir! Ou meus pais fizeram algo ruim e a deusa os castigou usando a mim! Se for isso porque tenho que sofrer bem mais do que qualquer um deles?

Hoje completei vinte e seis anos e não pude deixar de notar a alegria no rosto dos meus pais, pois geralmente lobos solitários morrem ao completar vinte e um anos, mais para minha infelicidade não sou apenas um lobo solitário, sou um alfa supremo e como se não bastasse também sou metade deus por conta da minha mãe ser filha legítima da grande deusa lua com o poderoso deus sol. Se eu pudesse escolher preferiria ser apenas um lobo solitário, pois assim meu sofrimento teria acabado a cinco anos atrás, mais como sou sortudo viverei sofrendo eternamente.

Na frente da minha família tento parecer forte, pois não gosto de preocupa-los e também não suporto o olhar de pena com o qual as pessoas me olham, mais não é nada fácil ver todos os que conheço encontrando seus companheiros e formando famílias enquanto eu continuo sonhando em como deve ser bom ter alguém pra chamar de seu, ter alguém para abraçar e amar depois de um dia cansativo. Até minha irmãzinha encontrou seu companheiro quando ainda era bebê e hoje é casada com meu padrinho e mãe de trigêmeos que meses atrás completarão dois anos.

Mãe: filho ainda está acordado - escuto ela falar do outro lado da porta

Aron: sim mamãe, pode entrar - falo sem desviar minha atenção da janela

Mãe: querido como você está? - pergunta assim que entra no quarto

Aron: bem mãe, só um pouco casando a senhora sabe que não gosto de festas - falo me virando para ela

Mãe: Aron eu sou sua mãe, sei quando você está triste então não minta para mim - fala séria

Aron: mamãe eu vivo triste, esse é o meu destino e já aceitei isso então não se preocupe - falo sincero

Mãe: filho não fale assim, você tem uma família que te ama, um reino inteiro que é capaz de dar a vida por você, em breve voce se tornará o supremo e vai liderar todo nosso povo - fala tentando me animar

Aron: do que adianta tudo isso se meu coração é solitário mãe, do que adianta ter um reino inteiro me bajulando se nenhuma dessas pessoas é capaz de me completar, entendo que nossa família me ama e eu também amo a todos vocês, mais isso não me faz sentir melhor, quando eu era criança até o amor da família bastava, mais agora não mais mamãe, não aguento mais ver todos ao meu redor sendo felizes, construindo família enquanto eu continuo aqui sozinho sem ninguém - desabafo e ele vai até mim

Mãe: eu sinto muito meu filho, eu faria qualquer coisa para tirar essa solidão de você, mais não posso - fala me abraçando apertado - e...eu me sinto tão impotente por nao poder te ajudar meu amor

Aron: tudo bem mamãe, a senhora não tem culpa - falo e beijo sua testa - eu te amo tá

Mãe: também te amo meu filhotinho - fala beijando minha bochecha - agora vá dormir que já está tarde

Aron: tudo bem mãe, tenha uma boa noite - falo olhando para ela

Mãe: boa noite meu filho - fala e me dá um último beijo no rosto antes de caminhar até a porta

Assim que minha mãe sai do quarto volto a focar minha atenção na florete a minha frente através da janela, fico assim por alguns minutos até que sinto a marca da meia lua em meu pescoço queimar. Cerca de três anos atrás a marca da minha maldição começou a queimar, no início era um simples desconforto mais conforme o tempo passa a queimação está aumentando, já cheguei até ter febre por conta disso, mais como nao era nada grave resolvi não falar nada para ninguém para nao assustar meus pais.

Levo minha mão até o pescoço e tento controlar a dor, faço até um pequeno bloco de gelo com meus pederes e coloco no local mais nada adianta pois a dor só aumenta. Depois de alguns minutos caio de joelhos no chão por conta da dor e não aguentando acabo gritando mais alto do que gostaria pois no segundo seguinte vejo meus pais e avós entrando desesperados no meu quarto e assim que vêem no chão me olham com preocupação.

Pai: filho, o que você tem? - pergunta vindo apressado até mim - o que houve filho?

Aron: t...tá queimando papai - falo em meio a dor e vejo meus olhos ficarem embarcados

Mãe: filho fala comigo por favor - pede desesperada mais meus olhos começam a se fechar lentamente - querido abra os olhos, fica comigo

Aron: mamãe tá doendo muito - falo baixinho e ela me abraça

Mãe: calma meu amor vai ficar tudo bem - fala beijando minha testa - a mamãe tá aqui, vai ficar tudo bem

Pai: vamos pra cama filho - fala me tirando dos braços da mamãe e me levando até minha cama

Vó antonella: ele está queimando de febre - diz depois de levar uma mão até minha testa - vou buscar um pano molhado para baixa a febre

Aron: fa...faz parar por favor mamãe, tá queimando muito - falo lavando a não novamente para meu pescoço

Vô Igor: deixa eu ver isso Aron - fala vindo até mim e tirando minha mão de cima da marca

Enquanto minha família olha minha marca sérios a mesma começa a queimar ainda mais me fazendo gritar, gemer e delirar por conta da dor, enquanto meu corpo começa a soar. Logo vovó volta com o pano e coloca na minha testa então tento abrir meus olhos mais não consigo pois a escuridão toma conta de mim e a única coisa que escuto é o grito desesperado da minha mãe ao me ver desmaiar.

O lobo solitárioOnde histórias criam vida. Descubra agora