Violetas para o Visconde

2 - A dama na árvore

"O acaso assemelha-se a nós."💭

Georges Bernanos

Boa leitura💜

Kent nunca se sentira tão animado em ver uma taverna. Não costumava frequentar lugares de muita bebedice e algazarra, mas após uma longa viagem como a que fizera, um bom drink não faria nada mal.

- Archie!- Bradou o homem sorridente ao abrir os braços. Não demorou muito para que o mesmo se juntasse ao abraço do amigo.

- Philippe! É bom te ver, meu amigo.- Archie estava realmente contente, e até mesmo aliviado, em ver um amigo da universidade na cidade. Era a primeira vez que ele pisara os pés naquela região e não conhecia nem sequer uma alma viva para conversar.

- Então, meu caro, o que faz por aqui? Está bem longe de Herefordshire.- Philippe Campbell questionou, enquanto guiava o amigo para se sentar ao seu lado, afim de servir-lhe um pouco de whisky.

Archie lhe explicou sobre o título que recebera de um primo de seu pai que havia falecido, e que precisara se mudar de Herefordshire para Londres o mais rápido possível. Philippe, sendo o bom amigo que era, lhe ofereceu carona e suporte para chegar ao seu novo lar, lar este que o Campbell conhecia muito bem, aliás todos em Londres conheciam o falecido Visconde Elliot, sua respeitável esposa e adoradas filhas.

- Você é realmente um homem de sorte, meu amigo.- Philippe deu-lhe um tapinha nas costas enquanto o guiava até sua carruagem.- A Elliot mais velha é realmente um colírio para os olhos.

- Sua beleza a precede, pelo que vejo.

- E não é para menos! Dizem que a mais nova também é muito bela, mas quase não frequenta os eventos da sociedade.

Archie ouvira falar da beleza de suas primas e do quanto eram prendadas e almejadas. Seria uma honra para ele casar-se com tal mulher, de fato.

Ele nunca fora contra o matrimônio, acreditava no amor, até porque crescera em um lar amoroso. Em um lar onde assistia seu pai correr atrás de sua mãe pela casa entre risadas e cócegas. Em um lar onde a cumplicidade e afeto entre seus progenitores era quase palpável. E ele queria viver aquilo. Queria amar e ser amado, conhecer uma bela jovem por quem se encantasse fervorosamente.

Não podia negar o medo que sentia, medo de conhecer a prima a quem era prometido em matrimônio e não se encantar. Ele esperava realmente olhar para ela e sentir algo diferente, poder ser capaz de amá-la e cuidar dela. Mas, e se ele não se encantasse? E se ele não sentisse afeto ou apreço algum ao vê-la? E se...
Certo, ele tinha muitos "e se's" para pensar.

Ele estava noivo de uma jovem que nem ao menos conhecia, jovem esta que reluzia como um diamante aos olhos de toda Londres. Ali, sentado na carruagem ao lado de Philippe, ele orou aos céus pedindo que ela brilhasse aos seus olhos tanto quanto aos demais.

- Pois bem, meu caro. Como andam os negócios em Herefordshire? - Philippe o tirara de seus pensamentos, ele realmente se vira grato por isso.

Após alguns minutos de prosa, risadas e alguns solavancos da carruagem - Graças aos buracos na estrada - Archie podia então avistar a grande propriedade, propriedade esta que lhe pertenceria a partir daquele momento. Ele soltou o ar que havia prendido entre os lábios, ajeitou a postura e limpou a garganta em um barulho gutural.

Estava próximo.

Iria enfim conhecer a sua prometida, não havia como fugir.

- Está tremendo, Kent?- Philippe ria ao ver o estado do amigo. Era realmente cômica a sua inquietude e nervosismo.