Capitulo 10

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Depois da noite que passaram juntas, Carol e Anne só se viram durante os treinos por aproximadamente 2 semanas. Tudo estava muito corrido e elas mal tinham tempo para respirar. Na sexta-feira daquela semana elas estrelariam na Superliga contra o pinheiros, o que fez Bernardinho ficar ainda mais rígido e exigente com as meninas.

Anne estava muito nervosa, seria seu primeiro jogo pelo time e ela queria muito se sair bem. Ela sabia que estava pecando na recepção e que se não melhorasse ela poderia bancar, o que não era uma opção. Ela estava estressada e tudo que queria era o carinho de Carol no momento, mas a central também estava na correria e também estava estressada então isso não seria possível até que o ritmo dos treinos diminuísse.

No ultimo treino antes do jogo, quinta-feira a noite, o Bernardinho chamou as meninas e deu um discurso final antes de libera-las. Elas teriam que acordar cedo para pegar um avião até São Paulo. Quando foi dispensada Anne foi para o vestiário tomar um banho e se trocar. Ela costumava demorar mais que as outras e normalmente quando saía do banho o vestiário já estava quase totalmente vazio.

Ao terminar o seu banho a ponteira se enrolou na toalha e foi pegar sua roupa que estava no banco. Ela cantarolava e estava super distraído, então não percebeu que Carol estava lá , sentada em um dos bancos apenas observando, o que fez a central rir. Ela apenas falou:
- Você não me contou que sabia cantar

Anne se assustou ao ouvir Carol e acabou gritando e soltando sua toalha. O seu coração havia parado por um segundo e ela se virou para onde veio a voz da central com cara de desespero. Carol não consegui se segurar e caiu na gargalhada.

-Aí Carol! Que isso! Me assustou - a holandesa falou em português com seu sotaque fofo, o que Carol achou adorável.
A holandesa ainda se recuperava do susto e nem havia percebido que havia deixando a toalha cair.

Carol se levantou ainda com um sorriso no rosto e se aproximou de Anne, que a olhava com uma cara forçada se brava. Ela agachou e pegou a toalha de Anne.
- Acho que você deixou isso cair - Carol disse o que fez Anne perceber o quão exposta ela estava. Ela apenas deu um tapinha no braço de Carol e arrancou a toalha de sua mão para se cobrir de novo.

- Você é muito má! - a holandesa disse
- Ah é? - Carol respondeu se aproximando mais da ponteira e apoiando suas mão na cintura da loira. - Eu achei que você gostasse de mim
- Estou seriamente questionando isso - a holandesa falou entrando na brincadeira
- Não fala isso - Carol falou uma voz dengosa e encostou seu corpo nu de Anne. Anne tentou manter a pose e a expressão de brava, mas isso não funcionou, depois de 5 segundos olhando para Carol o ato caiu e ela também sorriu para a central. A holandesa passou os braços pelo pescoço de Carol e deu um beijo rápido na brasileira. Ela então apoiou sua cabeça em seu ombro e fechou os olhos feliz. Estar com Carol era tudo que ela precisava.

Elas se separaram, Carol então se sentou no banco novamente e puxou Anne para sentar no seu colo. Ela passou os braços pela ponteira e as duas ficaram se olhando por um tempo.
- Eu senti sua falta, tá tudo tão corrido que a gente nem conseguiu se ver
direito - a ponteira disse com uma voz frustrada
- Eu sei... - Carol suspirou alto - eu só quero que esse primeiro jogo venha logo porque depois o Bernardinho relaxa um pouco de novo e a gente pode passar mais tempo junto. Inclusive eu tava pensando que amanhã depois do jogo a gente podia ir comer em algum restaurante em São Paulo. Só se você quiser é claro
- Obvio que quero - Anne respondeu com um sorriso grande no rosto - mas agora eu preciso me vestir, então para de me distrair - a holandesa advertiu a central, se levantando e pegando sua roupa - Vira pra lá - Anne falou com vergonha de Carol observar ela se trocando
- Você tá falando sério? - Carol perguntou rindo
- Óbvio que sim
Carol abriu a boca para questionar mas achou melhor apenas se virar e obedecer a ponteira.

Quando Anne já estava pronta elas saíram juntas de mãos dadas do vestiário até o estacionamento. Chagando no carro da holandesa as duas se despediram com um abraço e beijo e cada um foi para sua casa.

Na manhã seguinte o time já estava todo reunido para pegar um ônibus até o aeroporto. Era 6h da manhã e todas estavam com uma cara de acabadas.

Entrando no ônibus Anne decidiu ir se sentar mais para o fundo e Carol que ia logo atrás se sentou do seu lado, o que surpreendeu a holandesa.
- Eu achei que você fosse sentar com a Gabi
- Eu não, ela tá grudada na Sheilla nem me fala mais oi. Além do mais, ela gosta de sentar no corredor e eu odeio sentar na janela então é melhor sentar do seu lado - Carol respondeu sorrindo para Anne - A não ser que você tenha algo contra isso - a brasileira falou já se levantando de brincadeira, o que fez Anne puxar ela pelo braço para ela se sentar novamente
- Não, pode ficar, pode ficar - ela disse e então apoiou sua cabeça no ombro de Carol e pegou no sono no mesmo momento.

Carol decidiu apoiar sua mão na coxa da ponteira e fazer um carinho lá enquanto observava a outra dormir e não conseguiu conter o sorriso com a visão.

Nesse momento ela ouviu alguém do lado falar:
- Mas é muito gay
Carol olhou pro lado e viu Rosamaria encarando as duas
- Ah cala boca Rosa
- Quando que vai ser o casamento hein? Eu quero ser madrinha viu - a oposta falou rindo
- Fala baixo que você vai acordar ela Rosa - Carol sussurrou voltando sua atenção para a holandesa e fazendo um carinho em sua cabeça
- Jesus essa aí não tem mais cura - Rosa falou e a central apenas ignorou ela e continuou o carinho na loira ao seu lado.

O caminho era longo até o aeroporto, e nesse tempo Carol ficou pensando sobre tudo que estava acontecendo entre ela e Anne.

Era óbvio que elas se gostavam bastante e Carol ficava muito feliz que Anne estava ficando mais aberta com ela e não tão tímida. Mas ela não saberia nomear o que havia entre elas. Carol nunca havia se sentido assim por alguém antes, e pouco tempo antes de conhecer a holandesa ela jurava que não estava pronta para um relacionamento e que ela queria ser livre e beijar quem ela quisesse. Mas isso tinha mudado.

No momento Carol não conseguia se imaginar com mais ninguém. Tudo que passava na sua cabeça era Anne, e isso a assustava um pouco. Ela sabia que Anne ainda estava um pouco receosa, ela tinha acabado de sair de um relacionamento de anos com um término extremamente doloroso e Carol não queria magoá-la, como ela já havia magoado suas outras namoradas e paqueras. Ela era especialista em decepcionar as pessoas e sempre encontrava um jeito de arruinar sua relação com as pessoas, então ela não sabia ao certo o que fazer diferente dessa vez.

De repente o ônibus parou, elas haviam chegado no aeroporto. Carol olhou para Anne que dormia profundamente e hesitou um pouco antes de acorda-la.
- Ei, dorminhoca, acorda - a central disse baixinho, a holandesa abriu o olhos devagar e olhou ao seu redor um pouco confusa - a gente chegou, já é pra sair do ônibus - Carol disse antes de se levantar e pegar suas coisas e as coisas da loira e carregá-las para fora do ônibus.

Anne, que ainda estava acordando, demorou um pouco para se situar, mas ao ver que estava sozinha no ônibus ela levantou rápido e saiu correndo para fora, com medo que eles tivessem esquecido elas.

O voo foi curto e 2h depois elas já estavam no hotel esperando Bernardinho anunciar a divisão de quartos:
- ... Rosa e Bia, Gabi e Roberta, Anne e Carol...
Anne e Carol ficaram surpresas em caírem juntas no quarto, óbvio que elas tentavam ser discretas e só demostrar afeto quando estavam entre amigos, mas elas achavam que Bernardinho já teria sacado o que acontecia entre as duas nessa altura do campeonato, mas nenhuma das duas reclamou e elas apenas pegaram suas coisas e foram para o quarto.

As meninas teriam 2h para descansar antes de se arrumar e se encontrar com a comissão técnica para estudar o adversário.

Quando entraram no quarto, a central e a ponteira, se depararam com uma cama grande de casal e então Carol saiu correndo para escolher seu lado da cama e jogou suas coisas lá, o que fez a holandesa rir, já que provavelmente quando a brasileira compartilhava o quarto com alguma amiga devia haver disputa para tudo. Anne caminhou devagar até a cama e se jogou do seu lado da cama nem se importando em trocar de roupa.

Ela sentiu um peso em cima de si, e era Carol que estava deitada em cima dela toda desajeitada. Anne se virou por baixo de Carol para ficar de barriga para cima e se ajeitou melhor para que ambas estivessem confortáveis antes de pegarem no sono.

Um novo lar - BuijrolOnde histórias criam vida. Descubra agora