Capitulo 11

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Depois de descansar, estudar o time adversário e se vestir, já estava na hora de ir até o Ginásio do Pinheiros, porque o jogo começaria em 2 horas. As meninas do Sesc entraram aplaudidas pela torcida e começaram a aquecer. Todas estava nervosas, mas elas sabiam que tinham o favoritismo sobre o Pinheiros.

O jogo estava prestes a começar, quando Carol
notou Anne em um canto do Ginásio com a cara tensa. Carol sabia o quanto a ponteira estava nervosa para seu primeiro jogo, mas a central não tinha dúvida que Anne iria arrasar.

Na tentativa de acalmar a holandesa, Carol se aproximou silenciosamente e a abraçou por trás, fazendo a mais alta pular e soltar um gritinho de susto.

- Carol! Você tem que parar de me assustar desse jeito! - ela disse se virando para a morena
- Não é minha culpa se você se assusta com tudo! - Carol disse apertando as bochechas de Anne, como se ela fosse um bebê
Foi aí que uma voz as interrompeu:
- Eu não quero estragar o momento - disse Gabi - Mas o jogo já vai começar...
- A gente já vai Gabi - Carol se virou para Anne uma última vez - só quero que você saiba que está tudo bem. Você vai ser incrível
- Muito obrigada - Anne disse dando um último abraço em Carol antes das duas se dirigirem para dentro de quadra para o jogo começar.

O jogo começou acirrado, mas ao longo do set o Sesc conseguiu se distanciar do placar e fazer 25 a 18 no primeiro set. O jogo estava acalorado, as duas torcidas gritavam muito, e ambas equipes comemoravam de forma extravagante e de vez enquanto até encaravam.
O segundo set foi parecido com o primeiro e acabou em 25 a 20 a favor do Sesc e Anne estava sendo o destaque do jogo com 15 pontos.

Mas no terceiro set o jogo mudou. O placar estava 15x08 para o Pinheiros e as meninas do Sesc estavam começando a ficar estressadas, principalmente Carol. Ela não estava conseguindo acertar o tempo de bloqueio e já tinha atacado duas bolas para fora, a deixando cada vez mais frustrada.

Depois de Carol errar seu segundo ataque Anne se aproximou da morena e recostou a mão no ombro da mulher tentando reconforta-la
- Calma Carol, a gente ta ganhando, é só a gente ter ...
- Me larga! - Carol a interrompeu se soltando e indo para sua posição para recepcionar o saque.

A verdade é que a mente de Carol não estava no jogo. Durante os dois primeiros sets Carol ao observar Anne jogar tão bem, não conseguia conter sua felicidade. Isso fez Carol perceber o quanto realmente estava gostando da holandesa. Um simples ataque da loira era o suficiente para desmancha-la por completo, e isso preocupou a morena.

E se desse errado? E se ela magoasse a ponteira? E se ela não fosse boa o suficiente? E esses pensamentos acabaram a tirando completamente do jogo.

Foi no décimo sexto ponto do Pinheiros que Carol pirou. Anne havia quinado o saque, o que havia dado um ponto de saque para o time adversário. Carol olhou irritada para a holandesa e disse:
- Caralho Anne é tão difícil assim acertar a merda do passe porra?!

Na hora todas ficaram assustadas com o comentário de Carol, ninguém esperava um comentário assim dela, principalmente Anne, que não ficou quieta:
- Ah Carol fica quieta! Você não tá ajudando ninguém gritando desse jeito! Tá todo mundo tentado aqui poxa!

Bernardinho ao notar o que acontecia em quadra pediu tempo no mesmo instante. Ele levou Anne e Carol para um canto e deu um esporro nas duas falando como elas deviam ser uma equipe e que era ridículo a atitude das duas. Ele bancou as duas botando Drussila e Bia em quadra o que só alimentou a raiva de Carol ainda mais. O time não conseguiu se recuperar naquele set, e acabou perdendo o set de 25 a 18.

No terceiro set, nem Carol nem Anne voltaram para quadra. Aquele set foi mais tranquilo, e o Sesc ganhou o jogo por 3x1. Depois de cumprimentarem o time adversário Carol foi direto para os vestiários sem falar com ninguém, e suas amigas acharam melhor deixá-la sozinha naquela momento. Carol era uma pessoa muito intensa, e já havia acontecido de ela se irritar em um jogo, mas nunca dessa forma.

Na volta para o hotel, Anne e Carol sentaram em pontas opostas do ônibus e ficaram em silêncio durante toda a trajetória até o quarto. Enquanto Carol foi direto para o banho, Anne se sentou na cama pensativa. Não sabia o que tinha acontecido. Tudo estava tão bom, e do nada isso. Carol sabia das inseguranças de Anne e o quanto ela queria se sair bem nesse jogo. E seu comentário havia mexido bastante com ela. Será que Carol era sempre assim explosiva? Será que Carol realmente gostava dela? Ou será que ela era apenas uma pessoa para tirar o tédio da morena?

No banho, Carol deixava a água escorrer pelo seu corpo. Ela não sabia porque havia agido daquela forma com Anne, o que estava pensando? Ela gostava muito de Anne, mas se ela era capaz de fazer isso, significava que ela não era boa o suficiente para a ponteira holandesa. Anne não merecia alguém explosivo e que não sabe lidar com suas emoções.

Naquela noite as duas foram dormir sem falar uma palavra e sem se olhar no rosto, cada uma em um extremo da cama. Na manhã seguinte, a dinâmica foi a mesma, nem uma interação entre as duas. E assim pelos próximos dias.

Nesse meio tempo Anne começou a passar mais tempo com Bia e as outras meninas do time, e se afastou de Gabi, Rosa e Roberta. Essas estavam preocupadas com Carol, com medo da central voltar a seus antigos hábitos de sair de ficar com qualquer uma, o que acabava machucando não só ao outro como à própria também.

- Carol, posso conversar com você? - Gabi disse no fim dos treinos da sexta-feira da semana seguinte ao jogo.
- Pode claro. Aconteceu alguma coisa? - Carol perguntou se sentando do lado de Gabi no vestiário.
- Eu queria saber o que aconteceu com você? Depois do jogo contra o Pinheiro a você simplesmente parou de falar com a Anne, por que?
- Aí Gabi, sei lá. Eu só não quero me machucar e nem machucar ela. Melhor eu me afastar deixar ela achar alguém legal e eu seguir com a minha vida de pega e larga
- Não fala isso Carol, você é alguém legal! Eu senti que vocês tavam realmente se gostando.
- Eu me apeguei rápido demais Gabi, isso pode ser perigoso. Ser sapatão é foda demais. Eu já logo me apaixono, ela nem deve ter superado a ex. Melhor assim. E vamo mudar de assunto que hoje é sexta, dia de sair e curtir.
- Você que manda Carol, mas se precisar conversar eu to aqui...

Naquela noite as meninas do time decidiram sair todas juntas para um bar, pois teriam o final de semana livre. Rosa, Gabi, Roberta e Carol se arrumaram juntas e chegaram no bar quando o lugar já estava consideravelmente cheio. Elas foram direto para a mesa onde o restante das jogadoras do Sesc estavam sentadas.

Carol vestia um vestido florido apertado com decote em V. Ela havia decidido que iria curtir aquela noite sem se importar com nada nem ninguém. Ela queria logo ficar com
alguém e esquecer a holandesa.

Nem meia hora depois de terem chegado, Carol e Rosa já estavam na pista de dança, ambas visivelmente alteradas. Foi aí que a central sentiu um par de olhos a encarando. Ela se virou encontrando Anne sentada extremamente perto de Bia, a fuzilando com os olhos. Carol sabia que Anne tinha todo o direito de estar brava com ela. Era ela que tinha terminado as coisas entre elas do nada, mas naquele momento tudo o que a morena queria era fazer ciúmes na ponteira.

A central decidiu então chegar na primeira mulher bonita que viu por perto e dançar com ela. Quando Anne viu a cena da brasileira se esfregando em outra mulher, isso a fez querer vomitar de nojo. Carol era uma pessoa complicada demais para se tentar entender.

Em um momento estava tudo bem e no outro não. A holandesa estava machucada por não ter dado certo com a morena, mas talvez era melhor assim. Talvez fosse melhor investir em alguém como Bia, que desde o começo tinha mostrado interesse e que não mudava de humor a cada três segundos.

Anne então se levantou, pegou a mulher sentada do seu lado pela mão e a levou até a pista de dança. Se Carol já havia seguido em frente ela também faria isso.

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⏰ Última atualização: Aug 22 ⏰

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