~. Capítulo 11 .~

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"Às vezes, a gente ama há tanto tempo, que esquece de amar todos os dias.

Mateus Barcelos.".

GUSTAVO

Ao passo em que Flávia empalidecia, senti um alívio imenso e uma sensação de peso deixando meu corpo. Estava feito. Eu pertencia novamente ao time dos solteiros.

— O que você disse aí? — perguntou ela, a voz frágil como uma folha ao vento. — Você quer terminar comigo? Por quê?

— Porque eu acho que vai ser melhor para nós dois, Flávia — murchei os ombros.

— Você está terminando comigo porque é melhor para nós dois? — demonstrando nervosismo, Flávia riu. —— Isso é mentira! Você está terminando comigo porque é melhor para você, você não se importa comigo!

— Não coloque palavras na minha boca, garota!

— O que eu fiz de errado para você terminar comigo, Gustavo?

— Nada, você não fez nada — comecei a ficar com tédio. — O problema sou eu, não você.

— Você disse que não está apaixonado por mim — o choro da garota se intensificou. — Por que você ficou comigo, então? Para brincar com meus sentimentos?

— Por favor, fala baixo...

Percebi que algumas pessoas começavam a olhar para nós.

— Fala baixo é o caralho — Flávia continuou aumentando a voz gradativamente. — Você brinca comigo, me ilude e ainda me manda falar baixo? Quem você pensa que é?

— Pelo amor de Deus, para de fazer escândalo!

— EU FAÇO O ESCÂNDALO QUE EU QUISER! — ela balançou o indicador em minha direção. — Eu devia dar em você a surra que a Maria Clara deu na Laura, seu...

— Chega, parou — zangado, dei um passo para trás. — É só um término de namoro que não durou muito, isso não é o fim do mundo.

— Não fale por mim, Gustavo Rodrigues Pimentel — nervosa, ela segurou no colarinho da minha camiseta e quase colou nossos lábios. — Isso não vai ficar assim! Isso não vai ficar assim, entendeu?

— Você tá louca? Me solta, faz favor?

— Louca? — ela riu, riu de um jeito estranho. — Não queira me ver louca, querido. Fique sabendo que você brincou com a pessoa errada.

E, após me empurrar com força para trás, ela saiu andando a passos largos e decididos, sumindo das minhas vistas em poucos segundos. Envergonhado, afinal, várias pessoas me censuravam com o olhar, decidi ir até o banheiro para jogar uma água no rosto. Eu estava solteiro novamente... isso era tão... inacreditável...

— Pronto, moleque — olhando no fundo dos meus olhos, sorri. — O primeiro passo foi dado, agora só falta você criar coragem para...

LUCAS

Como se já não fosse suficiente o cansaço adquirido durante um longo dia de trabalho, ainda por cima tive que incorporar o espírito da Marinete quando cheguei em casa. Na companhia do Max, iniciei a pequena faxina pelos quartos. Enquanto ele trocava as camas e me contava as novidades de sua vida, varri e passei pano no chão. Depois, coloquei a roupa para lavar e fui tomar o meu merecido banho. Não fiquei mais do que cinco minutos no chuveiro, pois, além de lavar os banheiros, eu ainda precisava passar o meu uniforme e dar um jeito no guarda-roupa. Felizmente, Max me ajudou em tudo, senão eu perderia preciosos minutos de descanso naquela noite.

Mais uma vez, dormi no instante em que coloquei a cabeça no travesseiro. Apesar de estar inquieto, meu sono foi duradouro e livre de pesadelos. Quando acordei na manhã de sexta-feira, eu me sentia leve, com as forças renovadas e com uma fome de leão — problema que resolvi devorando três baurus e tomando um copão de suco de laranja. Com a consciência pesada, até aumentei a intensidade do treino na academia. No entanto, nem mesmo isso fez com que Théo, o tirano gostoso, me perdoasse por eu ter faltado na segunda-feira. O que aquele homem tinha de atraente, ele também tinha de autoritário, todavia isso não era problema para mim.

Marcas do Passado: Incertezas do CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora