• 𝒅𝒆𝒎𝒐𝒏𝒊𝒄 𝒍𝒐𝒗𝒆 •

• 𝒖𝒔𝒂́-𝒍𝒐 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒅𝒆𝒑𝒐𝒔𝒊𝒕𝒂𝒓 𝒂𝒎𝒐𝒓 •

Hue:eu não sei exatamente de onde vim, mas sei onde cresci. Uma vila na Sibéria.
Fui adotado e criado por humanos de lá. Me tratavam com carinho, me ensinavam lições valiosas e coisas úteis.
Eu sempre soube que era diferente. Um demônio entre humanos tão puros.
Foi assim até meus dez anos. Um dia, me juntei a outros adolescentes numa caçada, e encontramos um tigre.
Foi a primeira vez que senti meu poder tão forte, com o medo deles, que tomou conta de mim. Eu matei todos eles, e me senti tão saciado.
Me encontraram. Meus pais não julgaram, eles me receberam com um sorriso, e continuaram cuidando de mim, mesmo que toda a vila estivesse distante. Depois daquilo fomos excluídos. Eles continuavam dando tudo por mim, faziam tudo que podiam, dedicavam suas vidas.
E eu continuei. Matei mais pessoas, até ser encontrado pela organização de Rhys.
Fui uma maldição, eu levei aqueles humanos de bem à ruína.
Fui capturado e passei a ser usado por humanos. E eu acho que foi o certo, eu não tinha mais um propósito.
Os humanos me achavam útil, e quando eu não servia, me usavam como entretenimento, lutando.
Fui criado por humanos incríveis, acabei com a vida deles. Fui explorado de todas as formas por humanos superiores, e compreendi que não sirvo pra nada, por isso sempre me submeti

Ele realmente teve uma boa criação, deve ser por isso que Hue sempre parece tão gentil.
Mesmo sendo de uma natureza tão contraditória, ele passa um ar de serenidade e sua personalidade é exótica.
Mas, assim como a maioria dos seres sobrenaturais, ele teve um passado ruim.

Acho que tudo que importava para Hue eram seus pais, que acolheram ele e cuidaram dele até o fim da melhor forma que puderam.
Não como um demônio, mas como o filho amado.
Mas Hue se culpa por tudo que aconteceu. Passou a ser usado por humanos.
Ele deve se odiar. E tenho certeza que ele não tinha um sentindo para viver...

Não me arrependo de ter lhe dado uma chance.
Algo em mim não queria que ele se fosse.

-a vida, não é fácil. Pra você não foi, e de tantas coisas que aconteceram, eu consigo entender porquê você está tão machucado -eu seguro sua mão e dou um sorriso amigável- ainda não sei se devo confiar em você, mas eu quero. E quero que confie em mim. Podemos fazer parte de uma nova fase da sua vida, como uma nova família

Hue:princesa, você está me pedindo em casamento? -ele brinca-

-de verdade. Você se mostrou forte e suficiente, não pelos outros, mas por você! Se fizer parte da minha família, prometo te usar apenas para depositar meu amor e minha confiança -eu ergo o mindinho-

Hue fica surpreso com minhas palavras e vira o rosto que fica rapidamente rosado.
Mas ele junta nossos mindinhos e, olha de canto.
Eu dou um sorriso ao perceber que ele se tocou com minhas palavras, e aponto para a comida, para voltarmos a comer.

Normalmente, eu adoraria dar um tempo de Ash.
Mas não nessas circunstância. E hoje, foi um dia bem ruim.
Ele não saiu da minha cabeça nem por um minuto.
Como deve estar. Por quais tipo de coisas está passando. No que ele está pensando...
Várias perguntas.

Agora, já não é mais seguro pra mim estar do lado de fora, mesmo que com supervisão.
Então optei em ficar na agência. Até porque, eu sabia que não ia sossegar.

Durante a noite, como não era mais meu horário de trabalho, fui para a sala de Ash.
De repente estava tão pensativa sobre ele e sua confissão sobre amor.
Ash admitiu, disse com a própria boca. Ou é possível que eu estivesse delirando?

Andei até sua cadeira e sentei em frente à mesa.
O silêncio, e o ambiente escuro só alimentou meus pensamentos.
Olhei em volta e percebi na gaveta em minha frente. Eu abri.
Tinha um casaco. Com o cheiro dele...

E alguns documentos. Eu não queria fuçar, é pessoal.
Mas olhando por cima, acabei passando por uma foto.
Peguei para olhar, e imediatamente senti uma onda de nostalgia.
A pessoa na foto é Ash? Mas eu já vi esse adolescente antes. Com esse mesmo olhar...