5 - Sem mais segredos

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E com o passar dos dias, Victoria e Carlo voltam se ver com mais frequência, principalmente fora dos encontros dominicais na igreja.
Iam um na casa do outro, faziam almoços e jantares casuais.
Uma relação de amizade aparentemente inocente, mas que só levantava mais dúvidas e desconfiança de John.

Aquele velho caquético que mal sustentava as próprias pernas, começou uma espécie de caça às bruxas, induzindo os outros membros da igreja a pensarem o mesmo que ele.
Deixando escapar por querer comentários maldosos, e destilando seu veneno por onde passava.

- John, não acha que está exagerando? - perguntou Oscar preocupado com seu amigo Carlo - Você sempre foi um pouco dramático.

- De forma alguma! - afirmou franzindo as sobrancelhas bagunçadas - Infelizmente apenas meu bom Deus sabe o que acontece com Carlo, por hora. Eu ei de descobrir!

- John, vai pra casa descansar ou procurar algo pra fazer.

- O que quer dizer com isso? - retruca com voz áspera.

- Quero dizer que você precisa parar com essa perseguição tola com Carlo.

- Quem dera se o problema fosse Carlo... - John murmura de cabeça baixa.

- Perdão?

- Aquela meretriz de quinta categoria! - Oscar se espanta pelo comportamento perturbado de John - Como sempre o problema é a mulher. Ela está seduzindo Carlo como a serpente que é.

- Senhor tende misericórdia... - o homem suspira.

- E o pior, Carlo está caindo por ela. Tal qual Adão caiu por Eva.

- Você está ouvindo o que tá dizendo? Proferindo essas palavras absurdas contra uma moça inocente...

- INOCENTE? - corta em voz alta - Recomendo que faça orações a Santa Luzia pra que cure essa sua visão, pois está cego. Não entendo como apenas eu enxergo que tem algo muito errado aqui.

John apenas não previu que Oscar também tinha suas próprias desconfianças, porém não queria alimentar a insanidade dele.

Sim, ele também acreditava que algo de muito errado acontecia com Carlo, e que de alguma forma estava envolvido, até demais, com Victoria. Claro que não da forma que John descreveu, mas sentia que aqueles dois estavam indo por um caminho perigoso.

Mas ainda não sabia o que fazer, ou como abordar Carlo pra lhe perguntar sobre. Não é um assunto muito agradável e fácil de começar. Ao contrário do velho, ele sim se preocupava com Carlo e sua vida seminária, com o que poderiam acusar Victoria ou até causar o mal pra algum deles.

E numa noite fazendo sua oração ajoelhado na beira da cama antes de dormir, pediu orientação divina sobre como poderia ajudar. Fazer algo por eles.

(...)

Pov Carlo

- Olá padre Carlo. - sorri Oscar docemente ao ver seu amigo.

- Bom dia, que surpresa boa. Vamos entrando!

- Com licença. - ele entra na humilde casa um pouco acanhado.

- A que devo essa visita? Aceita um café?

- Não muito obrigado. Na verdade hoje não venho em missão da igreja.

- Então...? - Carlo aponta pro sofá pra que ele se sente.

- Ouça Carlo, eu vim até aqui porque me senti na obrigação de alertá-lo.

O semblante do padre muda completamente, seu brilho desaparece e começa apresentar um olhar de preocupação.

Forgive Me Father | Pedro Pascal Onde histórias criam vida. Descubra agora