9 - Reação em cadeia: parte 1

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E mais uma vez Carlo teve sua fé testada, não ironicamente com Victoria envolvida. Ele olha estático pro lençol em completo choque e espanto, sem saber o que dizer.

Uma fisgada na espinha, faz seu corpo inteiro congelar e as extremidades suarem na mesma medida.

Passado alguns segundos enquanto observava o tecido, buscando recriar na mente aquele cenário de filme de terror, até cogita a possibilidade de Victoria ter inventado tudo pra fazer cena e ela mesma ter "desenhado" o lençol com tinta. Mas o cheiro não deixava enganar, como sangue fresco de algo que acabara de ir pro abate.

Sim, definitivamente era a prova de que aquilo não poderia ser falso.

- Sangue do cordeiro... - Carlo balbucia enquanto aperta o crucifixo, que sempre fica junto ao seu peito.

- Diga Carlo, que explicação cética você tem dessa vez?!

- Isso não... - incrédulo, ele segura o lençol marcado em suas mãos - Não pode ser.

- Agora acredita em mim? - o encara com olhar piedoso.

- Eu nunca duvidei de você. - ele responde ainda sem tirar os olhos da mancha vermelha.

- Deixa de ser mentiroso padre! - exclama - Aquela vez que eu te mostrei meu braço arranhado, você pouco se importou e me mandou pro quinto dos infernos. Se lembra disso? Então não vem com essa.

- ele se cala e abaixa a cabeça um pouco envergonhado - É verdade... Me perdoe Victoria.

- ela bufa e limpa as últimas lágrimas que ainda umedecia o rosto - Deixa pra lá.

- Mas como aconteceu dessa vez? Como ele, ou melhor dizendo, como isso apareceu pra você? Disse alguma coisa?

Victoria suspira fundo ao se obrigar a recapitular os eventos que haviam acontecido há poucos minutos.
Ela conta parcialmente os fatos, mas o padre ainda parece um pouco confuso.

- ...Depois do um sonho? Comigo? - ele fecha o cenho - Que sonho foi esse?

- inevitavelmente seu rosto ruboriza - Sinceramente? Acho que você não vai querer saber, padre.

- Por que não? Acho que depois disso aqui, - ele aponta - nada mais me choca.

- ela encolhe os ombros - Eu sonhei com a gente... transando.

E por incrível que pareça, Carlo fica chocado e a olha arregalado e mudo, mas não parece querer interrompê-la.

- Vic continua - Foi tão louco e parecia tão real. A forma que você me segurava, como sentíamos o sabor um do outro. Eu senti o seu toque... e te senti dentro de mim. Parecíamos dois selvagens, tudo acontecendo bem alí na sua igreja... - o ar de satisfação some e ela abaixa a cabeça um pouco envergonhada - E por último você até me chamou de amor.

- Céus... - Carlo pigarreia e puxa o colarinho nervoso - Bom, certamente que não era eu né? Só conheço uma criatura capaz de causar isso.

- E o que essa coisa pode querer de mim?

- Até onde sabemos, é um tipo de demônio que através de sonhos se aproveita de suas vítimas. As deixam fracas pra poder absorver a vitalidade delas.

Forgive Me Father | Pedro Pascal Onde histórias criam vida. Descubra agora