- Eu te amo.
- Vai passar.
Não, o coração de Victoria não aceitava que um sentimento tão puro e genuíno entre dois adultos pudesse ser considerado errado.
Mas para Carlo, conformado com sua vida solitária de padre, isso era demais pra ser compreend...
E naquela mesma semana desde o ocorrido, Vic sentiu que por mais que odiasse ter presenciado a briga e ainda ter que se prestar a limpar o sangue, que acabou respingando por quase toda a sala, ela não podia negar sua parcela de culpa nisso.
E isso a estava corroendo por dentro, então era hora de encarar os fatos e lidar com as consequências dos próprios atos.
As inúmeras ligações, mensagens e recados na caixa postal, como era de se esperar, são completamente ignoradas por Josh. A forçando ir atrás dele, num tentativa de conversarem pessoalmente. Talvez assim fosse até melhor, não é o tipo de conversa pra se ter de maneira tão informal.
(...)
Victoria adentra o antigo trabalho, o bar em que o conheceu, e o cheiro dos variados tipos de bebida misturado à fumaça de cigarro vagabundo são até nostálgicos lhe trazendo uma pequena saudade das madrugadas servindo as mesas e ganhando gorjetas dos clientes mais simpáticos. E quando sua amiga a vê, expressa um largo sorriso e um rápido aceno antes de apontar pra mesa onde Josh está sentado, já imaginando o porquê de sua visita tão repentina, que certamente não seria pra buscar por uma vaga de emprego.
Com calma Victoria caminha, e a cada passo ensaia novamente tudo o que havia programado pra dizer. Mas o frio na barriga e o nervosismo, como sempre atrapalham e tiram toda sua concentração.
- ele nota a presença dela ao seu lado - Como sabia que eu estaria aqui?
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Vic se dá conta de todo o seu plano, que foi tão calculado, indo por água a baixo assim que Josh abre a boca. Então ela respira fundo e recorre a improvisação.
- Pode não parecer, mas eu te conheço bem. Sei que quando está nervoso e com a cabeça cheia de problemas, corre a um bom copo de whiskey. Ou garrafa pelo que estou vendo. - aponta pro frasco de bebida já quase na metade.
Josh não responde e evita contato visual, dando um trago no álcool logo em seguida.
- ela continua - E sei que você ainda adora esse bar, mesmo sem a sua garçonete favorita. - sorri sem jeito na tentativa de aliviar a situação.
- suspira impaciente - O que você quer Victoria?
- Saber como você está e se podemos conversar. - aponta pra cadeira mais próxima - Posso?
- ergue os ombros sem se importar que ela se sente junto à ele - Eu estou exatamente como você ta vendo. E o que eu teria pra conversar com você? - finalmente seus olhos encontram com os dela. Porém, aquele lindo azul como o mar estava sombio como a noite - Depois de me trair e me expulsar como um cachorro da sua casa. Não tenho nada pra falar contigo.
- Então só me ouça, por favor.
A ausência de resposta, serve como uma permissão e Vic introduz o assunto.
- Josh eu não espero que você me perdoe, porque de fato nem mereço. Mas saiba que eu sinto muito de verdade pelo meu erro, infelizmente não posso voltar atrás, e eu jamais quis te magoar. Você é um homem incrível e foi um namorado maravilhoso. Eu adoro você e adoro cada momento que passamos juntos...
