4 - Sacrilégio

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Semanas se passaram desde aquele considerado "erro", e o que deveria de certa forma satisfazer aquela vontade insana de ambos, só serviu pra terem ainda mais desejo um pelo outro.
Victoria não se dava por vencida, ela queria mais e mais.

Praticamente sedenta pra provar mais do sabor daquele padre que lhe causou vício.
Sempre se obrigando a se masturbar pensando nele e no que vivenciaram.
E aquele jogo proibido só a fazia ficar ainda mais excitada.

Por outro lado, padre Carlo vivia consternado reprisando as cenas em sua mente.
Sentir a pele aveludada de Vic sobre a sua, o sabor de sua língua enquanto eles se beijavam, sentir preencher cada espaço de seu interior, e em como seus corpos se contorciam de prazer, e observar os olhos se Vic revirarem enquanto gozava.

Lembranças suficientes pra fazer com que se distraísse a todo momento nas missas seguintes.
Todos os mais próximos do cléro já haviam percebido que algo estava errado com Carlo, fazendo até algumas reuniões como uma ridícula panelinha de velhos rabugentos pra falar da vida alheia.
Não era preocupação, e sim especulação.

Pov Carlo

- Padre Carlo? Pode me dar um minuto? - anuncia o diácono John ao chegar na sala reservada, destinada ao padre oficial.

- Claro, algum problema? - reponde inocente.

- Eu que te pergunto. Você anda distraído e um pouco omisso... Está tudo bem? - indaga com uma expressão vazia.

- A-ah está sim. - Carlo entendeu no mesmo instante do que se tratava - Acho que só ando um pouco cansado, andei exagerando nos exercícios e...

- Exercícios é? - questiona desconfiado.

- Pois é, me ajudam a relaxar e distrair um pouco a mente.

- Sei, e quanto aquela garota?

- Garota? - Carlo arregala os olhos.

- Sim, Victoria não é? Soube que tem ajudado ela. - o velho cruza os braços.

- Oh sim! Pobre garota, - Carlo abaixa a cabeça tentando demonstrar compaixão - teve tantos problemas pessoais e familiares, lhe prestei ajuda encontrando um lar.

- Ela tem perturbado você?

Era a porra de interrogatório?
Que velho insuportável!

- De forma alguma. É uma moça muito grata pela minha ajuda, na realidade eu mal tenho a visto. - pela primeira vez na conversa, Carlo diz a verdade.

- Entendo. - John não parecia nada satisfeito com as respostas, franzindo as sobrancelhas grisalhas e despenteadas - Bom, sabe que se precisar desabafar pode contar comigo né?

- Sei sim, muito obrigado.

E naquele domingo chuvoso, Carlo sai da igreja e vai até o supermercado que ficava próximo a sua casa comprar alguns mantimentos que faltavam.

Mas pra sua surpresa, enquanto terminava as compras, avista Victoria na sessão de frutas, usando um vestido curto azul claro floral que fazia destacar sua pele corada.

Por alguns segundos ele cogita ir falar com ela, mas pensa ser melhor evitar contato.
Ainda mais depois da conversa esquisita a pouco com o velho.
Então ele vai apressado até o caixa pagar os itens da cesta e ir embora.

Uma mulher para ele na saída do mercado, lhe pedindo conselhos matrimoniais, uma carola qualquer atrapalhando.
Com algumas palavras básicas e genéricas, ele consegue tranquilizar a mulher e se livrar dela. Ele olha em volta e não enxerga mais Vic, provavelmente já teria ido embora.
Então finalmente consegue ir até o estacionamento.

Forgive Me Father | Pedro Pascal Onde histórias criam vida. Descubra agora