Encontros

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Semanas depois, as malas já estavam feitas e tudo mais que precisava para a mudança foi encaixotado e colocado dentro de um simples carro velho alugado.

Por mais que o amontoado de caixas de papelão insistisse em escapar a todo custo para fora, Ryusei se forçou a fechar o porta-malas com todas as coisas que acreditou serem necessárias para viver uma nova vida em outra cidade.

Junto do guincho irritante das ferragens e o barulho de lata estridente, pôde ver Kojiro à sua frente quando terminou de estocar seus pertences dentro do carro.

Ele suspirou. Era de se esperar que o outro estivesse lá para dispensá-lo em sua longa viagem.

"Despedir de mim?"

"Sim."

Ryusei sorriu divertido.

"Vai chorar?"

Kojiro revirou os olhos. "Idiota. Eu, não mais criança."

"Eu sei. É divertido provocá-lo." Revelou o bronzeado com o sorriso mais cheio de graça que pode fazer.

O loiro bufou. Ryusei não demonstrava nunca a idade que tinha e sempre pareceu com uma criança mimada e insolente.

"Pegue." Kojiro jogou o celular do mais velho no mesmo, descontando todo seu desgosto com a atitude infantil do outro.

Uma pena que Ryusei estava distraído o suficiente para que o aparelho caísse no chão antes que pudesse entender que ele simplesmente voava em sua direção e segurá-lo. O som pelo qual ninguém gostaria de ouvir chegou até ele, e sinceramente, foi doloroso escutar o estalo do celular em contato com o concreto.

"Não... Meu filho..." Ryusei choramingou enquanto se abaixava já temendo pelo o que veria e pegava cuidadosamente o celular em mãos. Com um suspiro, antes preso na garganta, ele virou o aparelho para si e lá estava, a tela havia trincado e pequenos estilhaços saltavam para fora. "Olha o que fizeram com você." Chorou à medida que deslizava o polegar pelo celular e o trazia até próximo do peito.

Kojiro se aproximou do bronzeado e cutucou-o pelo ombro. "Agora pouco, o que disse?"

Ryusei apertou os olhos e sinalizou com raiva. "Desgraçado! Olhe!" Levantou o aparelho danificado em direção ao outro.

"Oh, quebrou." O loiro observou com neutralidade. Nem um pouco ressentido como culpado pelo dano que ele havia provocado.

Ryusei teve que respirar fundo enquanto contava até dez e se acalmava aos poucos para que conseguisse controlar o suficiente de sua raiva antes de socar o braço branco e magrelo do outro e vê-lo quase indo de cara no chão pelo desequilíbrio. Ótimo meio para descontar sua frustração, com toda a certeza.

Kojiro tropeçando nos próprios pés, se recuperou pelo golpe, que inesperadamente o fez quase voar longe, e olhou para o outro furioso. Sobrancelhas franzidas e tão juntas ao ponto de criar pequenas rugas sobre sua testa. Ryusei sorriu, sentindo-se vitorioso com o estado deplorável do mais novo.

"Foi mal."

"Não perdoo–"

"Deveria ter batido com mais força." O bronzeado concluiu com sinais decorados enquanto interrompia o mais novo propositalmente. O sorriso arteiro e comedor de merda ainda em seu rosto.

Kojiro parou e ficou olhando para o outro com acidez. "Idiota."

Ryusei arqueou uma de suas sobrancelhas. "Eu?"

"Não, eu."

"Finalmente percebeu!" Arfou com felicidade, expressando sua emoção completamente, seus ombros caindo a frente como se um peso deixasse de si, enquanto Kojiro sentia cada vez mais as veias em sua testa se romperem umas seguidas das outras.

Vibrações no Silêncio | RyufuyuOnde histórias criam vida. Descubra agora