IX.

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    Enquanto atravessavam as ruas, Mary e Jack conversavam sobre assuntos aleatórios.
    — Ok. Então por que me chamou? Tipo, por que não chamou Ed ou Kasey? A Ailyn também estava lá. — Jack pergunta.
    — Eu estou um pouco brava com Ailyn.
    — Por quê?
    — Não gosto daquele garoto. O loiro.
    — Por quê? — Ele repete a pergunta, as sobrancelhas arqueadas.
    — Há alguns dias, quando estávamos na lanchonete, Hopper me confrontou. Ele disse que sabia o que eu havia feito na minha antiga escola.
    — Ele se referia à briga?
    — Acho que sim. — Maryann balança a cabeça, levemente confusa. — Primeiro ele me perguntou se eu tinha medo dele, e depois afirmou que eu não tinha medo dele porque eu bati em Aaron McCoy.
    — Meu Deus! — Ele cruza seus braços, demonstrando indignação. — O que tem de errado com ele?! Você estava defendendo seu irmão!
    — Certo?! — Ele se vira para ele, colérica.
    — Sabe, Vance não merece ter seus pensamentos focados ne-.
    — Eu chamei você porque queria te conhecer melhor. — Ela o interrompe.
     Jack para de andar. Mary também.
    — É verdade. — Ela volta a andar, então Jack a acompanha para não ser deixado para trás.
    — Está interessada em mim, não é? — Jack esbarra seu cotovelo no braço de Mary, ela sorri, achando graça.
    — Como eu poderia te conhecer sem conversar com você? Não é como se fôssemos completos desconhecidos. Eu já fui na sua casa. — Ela argumenta.
    — Mas seus amigos foram junto. Você não confia em mim.
    — Claro que não confio. Nos conhecemos há muito pouco tempo.
    — Verdade... Mas eu vou fazer você confiar em mim. — Jack tenta convencê-la.
    — Vai é? — Ela questiona.
    — Vou.
    — Como? — A garota pisa na rua para atravessá-la, enquanto olha nos olhos do moreno.
     Jack arregala seus olhos e agarra a mão de Mary, a puxando de volta para a calçada. Uma van preta passa pelos dois, muito rápido, buzinando.
    O garoto força um sorriso. Mary o encara, o coração acelerado.
    — Vamos começar pelo ponto onde eu salvo a sua vida?

    Quanto mais Edwina olhava para aqueles números, menos eles faziam sentido.
    O sentimento de olhar para seus colegas e perceber que todos estão conseguindo fazer os exercícios e você não é completamente desesperador.
    Ed mirou seu olhar em Benjamin, um de seus colegas, que fazia as contas com pouca dificuldade.
    Ele nem presta atenção na aula!
    Edwina virou de costas para a professora. Com um toque na mesa de Kasey, ela a nota.
    — Você entendeu a C da quatro?
    — Mais ou menos. — Ela fez uma careta. — Eu fiz, mas deve estar errado.
    A morena revirou seus olhos, se virando de volta para sua mesa, então, ela coloca seus braços na mesa e deita sua cabeça sobre eles.
    Passados poucos minutos, com a sala em silêncio, Ed pode ouvir os passos da Sra. Kearney até sua mesa. Ela levanta sua cabeça.
    — Senhorita Dempsey? — Ela chama pelo sobrenome de Ed.
    — Sim?
    — Você terminou os exercícios? — Janice pergunta, colocando suas mãos atrás do corpo.
    — Não, senhora. — Ed responde.
    — Por quê?
    — Eu não sei como resolvê-los, professora Kearney.
    Alguns alunos da sala param para observar a situação.
    — Como não? Eu já expliquei isso! Eu estou nessa matéria há duas semanas! Você sabe fazer sim, eu já vi você fazendo os exercícios... Você está com preguiça.
    — Não é isso, eu não...
    — Não, Dempsey. Vai, você consegue fazê-los.
    E não, ela não conseguia. As aulas que ela conseguiu fazer os exercícios tinham um porquê: ela estava em dupla com Kasey. Mesmo que as garotas não fossem tão boas na matéria, quando elas se juntavam, algo bom saia dali.
    A garota odiava quando os professores ignoravam os pedidos de ajuda de seus alunos. Não havia nada mais frustrante do que aquilo: não entender algo que você deveria saber até ao contrário.
    Para estudar, Ed precisaria de livros, e para lê-los, a garota precisaria pedalar até a biblioteca central. Era mais provável que ela encontrasse livros de geometria lá. Aquela era a biblioteca mais completa da cidade — que ela conhecesse, ao menos.
    Não era sempre que os pais de Ed podiam levar ela até lá, então ela precisaria pedalar durante vários minutos para chegar até a biblioteca. E depois, ela precisaria voltar.
    — Kelly? — Ela sussurra.
    — Fala.
    — Pode me ajudar a estudar depois? Eu não sei de nada.
    — Claro! — Ele responde como se fosse óbvio.
    — Obrigada. — Ela se vira para frente, depois fingindo estar fazendo os cálculos.
    Kearney a olhou de canto e sorriu, achando que as contas estavam sendo montadas com precisão.
    Se olhares pudessem matar, Janice já estaria, há muito tempo, longe dali, em um caixão.
    Mesmo que Ed quisesse se levantar e fazer perguntas sobre a matéria para a professora, ela sabia que em algum momento, ela acabaria sendo grossa, e honestamente, ela não queria que sua mão ficasse como a de Mary.

   A garota chuta uma pedrinha, a tirando de seu caminho, então diz:
    — Quer jantar comigo? — Ela coça seu nariz. — Podemos ir a algum restaurante.
    Jack era uma pessoa agradável. Aquilo era inegável. Mesmo que Mary fosse uma pessoa relativamente fechada, ela estava disposta a se aproximar do garoto.
    — Jantar? — Ele repete.
    — Sim, Jack.
    — Hm... — Ele para e cruza seus braços, levando um de seus dedos até a boca, como se considerasse a opção.
    — Não faça caso. É só um jantar entre amigos. Podemos chamar os outros se quiser.
    — Não, não. Eu já conheço seus amigos. Vai ser bom irmos apenas nós dois. Se você quiser, também.
    — Ok. — Ela volta a andar.
    — Eu posso te buscar na sua casa? — Ele diz, notando que estão chegando na escola.
    — Sim, claro. — Ela faz que sim com a cabeça.
    — Que tal as 19:30h?
    — É perfeito. — Os dois atravessam a porta da escola.
    — Beleza. — O garoto começa a se distanciar.
    — Jack.
    — Hm?
    — Onde vamos? — A pergunta de Mary faz Jack parar. Ele encara o chão.
    — Você já foi ao Sweet Escape?
    — Não. — Ela responde depois de pensar um pouco.
    — Eu vou te levar lá. — Avisa, sorrindo.
    — Tá. — Ela concorda e retribui o sorriso. — Tchau. — Seus passos aceleram e ela anda para longe.
    — Tchau, Mary. — Sua voz se dissipa no ar enquanto a garota se afasta.

    — Como assim você o chamou para sair?! — Edwina quase grita.
    — Não é como vocês estão pensando. — Mary tenta não rir da reação de Ed.
    — Ah, claro. Jack Davis aceitou jantar com você, sugeriu que vocês fossem ao Sweet Escape e com certeza não foi com segundas intenções. — Kasey abre um pirulito e o coloca na boca.
    — É só um encontro entre recém-amigos.
    — Ah tá. — Edwina diz.
    — Claro, claro. — Kelly encara o chão, não permitindo que um sorriso irônico apareça em seu rosto.
    — Pode ter certeza. — Ailyn reforça.
    — O que vai ser o próximo? Sexo casual entre amigos? — Kasey dá de ombros.
    — Pelo amor de Deus, Kasey! Que nojo! Eu já disse quinhentas vezes que eu não gosto dele. — Mary para de andar, trombando com sua melhor amiga.
    — Ei Mary! — Uma voz aparece ao fundo.
   Mary olha para frente, então seus amigos seguem seu olhar, se virando.
    — Te vejo mais tarde! — Jack grita ao longe, sorrindo, seus amigos sorriem. — Use algo bonito!
    Jack se vira para a frente, ficando de costas para eles e andando na direção contrária à eles.  Chris tromba seu braço no dele, rindo.
    — "Use algo bonito". — Kelly repete.
    — Eita! — Ailyn cruza seus braços, sorrindo de canto.
    — Vocês estão me deixando nervosa. — Mary diz, colocando as mãos na cintura e encarando os próprios pés.
    — Calma, Mary. Vai dar, tudo certo. — Kelly diz.
    Os amigos de Mary caem na gargalhada. A ruiva solta um grito de irritação, o deixando preso entre seus dentes. Ela se afasta, puxando seu cabelo para trás com as mãos. Mary os deixa rindo e segue até a escola de seus irmãos.
    Ao chegar lá, ela os nota parados em frente à escola. Mary acena para eles, sorrindo. Assim que as crianças a veem, eles correm até ela.
    Mary recebe Finney e Gwen com um abraço.
    — Mary, quer assistir um filme com a gente? — Gwendolyn pergunta, risonha.
    — Qual?
    — Se chama "Peter Pan". — Finney responde, um pouco ofegante.
    — Claro, quando? — A resposta de Mary faz as crianças pularem de alegria.
    — Às 20:00 da noite. Vai passar no drive-in perto da esquina de casa. — Gwen diz, o sorrindo de Mary se desmonta, então ela começa a andar para longe, com suas mãos sobre os ombros de seus irmãos.
    — Eu não posso. — Ela avisa, um pouco triste em decepcionar seus irmãos.
    — Por quê? — Finney pergunta, chateado.
    — Ah... Eu tenho um encontro.
    — O quê?! — Eles repetem ao mesmo tempo, chocados.
    — Mais ou menos isso.

𝐁𝐄𝐋𝐈𝐄𝐕𝐄 𝐔𝐒: Before.Onde histórias criam vida. Descubra agora