X.

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     O quarto de Mary já estava desarrumado quando seu telefone tocou.
    Edwina se levantou da cama de Mary, notando que Ailyn não deixaria que a ruiva se mexesse.
    Kasey era quem ligava.
    — Alô? — Chamou o outro lado.
    — Alô. — Edwina respondeu, ainda com um dos livros de Mary nas mãos.
    — É a Kasey. — A loira avisa.
    — Oi, Kas! — Ed sorri.
    — Não vou poder ir aí.
    — Por quê? — A voz chateada de Ed chama a atenção de Mary e Ailyn, que não conseguiram ouvir sobre o que Kasey falava.
    — O que aconteceu? — Ailyn sussurra.
    Ed faz um movimento com a mão, pedindo que ela espere.
    — Vou ao mercado com minha mãe.
    — Oh... Ok, então.
    — Vejo vocês amanhã. — Ela disse, a voz soando um pouco chateada.
     Edwina coloca o telefone em sua base, voltando a se sentar na cama, os olhos vidrados no livro de Mary.
    — E aí? — Mary questiona.
    — Ah! — Ed solta, distraída. — Kasey não vai vir, ela vai com a mãe dela ao mercado.
    — Hm... — Maryann murmura.
    — Vamos testar esse brinco. – Ailyn pega um par de brincos, os aproximando do rosto de Mary.
    — É bijuteria? — Mary pergunta, Parker nega com a cabeça.
    — É ouro.
    — Sério?
    Ailyn assente.
    — Essa roupa está muito bonita, May.
    — Mesmo? — Mary indaga, olhando-se no espelho, insegura.
    — Sim, Mary. — Ed lhe dá um sorriso leve, a acalmando.
    Mary se vira para Ed e depois para o espelho. Ao notar as mãos de Mary trêmulas, Ailyn as segura com delicadeza, depois as aperta para passar confiança.
    — Você está linda, Mary.
    — Obrigada, Lyn. — A ruiva aperta as mãos de sua amiga.
    — Vamos lá, falta apenas escolher o sapato e os anéis.
    — Não sei se tenho anéis.
    — Mary. — Ed chama pela ruiva.
    — Oi.
    — Me empresta esse livro? - Ela passa seus dedos pelas páginas cheias de palavras.
    — Qual?
    — "Anna Kariênina", De Liev Tolstoi. - Ela nomeia o livro, a ruiva olha para cima, tentando se lembrar de qual livro ela fala.
    — Ah, sim. Pode. — Ela permite, ao se lembrar do livro.
    — Valeu.
    — Deixe-me ver se o vestido. — Ailyn se afasta, passando a mão nas partes do vestido que parecem estar amassadas. Ele estava entre outras roupas penduradas há bastante tempo.
    Ele era verde escuro, feito de veludo. Sua gola chega até o meio da garganta, os botões do vestido iam da altura de sua garganta até a altura de seu quadril. As mangas eram longas, mas não do tipo boca de sino.
    — De onde é esse vestido? — Ed levantou-se, aproximando-se das amigas.
    — Eu não sei. Meu pai me deu em meu aniversário do ano passado. — Mary responde a pergunta. O verde entrava em contraste com seu cabelo e com sua meia calça preta, que mesmo sendo de uma cor escura, permitia que a pele branca de Mary fosse vista.
    — Que horas são? — Ailyn pergunta, curiosa.
    — Sete e quinze. — A morena olha no relógio.
    — Ai meu Deus! — Ela se abaixa, procurando por um sapato adequado.
    — Esse não. — Ailyn não permite que Mary use um par de sapatos, assim que nota os dedos da garota os tocando.
    — Esse também não. — Ed faz o mesmo.
    — E esse aqui? — Mary pega um par de saltos pretos. Os mesmos são feitos de verniz e não possuem ponta fina. Eles também não são do tipo abertos e possui um tipo de faixa delicada e sem detalhes sobre a língua do sapato.
    As três garotas se olham rapidamente.
    — É perfeito.
    — É perfeito.
    Mary morde seu lábio inferior, em satisfação, então coloca os saltos no chão, se levanta e pisa sobre eles, ajeitando seus pés dentro deles.
    — Estou pronta? — Mary pergunta mais para suas amigas do que para si mesma.
    — Acho que sim. — Edwina diz, as mãos na cintura.
    — Deixe-me ver a maquiagem. — Ailyn segura o rosto de Mary. A ruiva a observa enquanto ela arruma seu cabelo, que se grudou no gloss labial devido aos movimentos nervosos da adolescente. — Ok. Vai.
    As três garotas saem do quarto, Ailyn apaga a luz porque é a última a atravessar a porta.
    Assim que a ruiva sai do quarto e dá alguns passos, ela nota seu pai e sua mãe cozinhando na cozinha, juntos. Ao ouvir o som dos passos de Mary, Corine levanta seu olhar até a filha. Um sorriso começa a surgir devagar em seu rosto, então ela dá uma leve cotovelada em seu marido. Ele a olha, depois seu olhar o segue até Mary.
    — Hm. — Ele murmura.
    — Você está muito bonita. — Corine elogia.
    — Até demais. — Terrance limpa as mãos em seu avental de cozinha. — Com quem vai sair mesmo?
    — Jack Davis, é um amigo da escola. — Mary responde, suas amigas se entre olham.
    — Que horas você volta? — Sua mãe pergunta.
    — Por volta das 22:00, talvez.
    — Ok, então as meninas e a Cath vão levar seus irmãos ao drive-in? — A loira pergunta, apenas para confirmar.
    — Sim. — Ela responde, colocando seu gloss dentro de uma bolsa que Lyn emprestou. A mesma se fecha com um botão de ímã e não possui alças.
    — Dá para sentir seu perfume daqui. — Catherine diz, saindo do banheiro.
    — May tomou um banho de perfume. — Edwina diz, risonha.
    — Mentira! — Um sorriso parece no rosto da garota, que a cada momento se torna mais nervosa.
    Mary caminha até o banquinho do balcão da cozinha e se senta nele, olhando o seu relógio de 10 em 10 segundos.
    — Mãe! — Finney vem correndo de seu quarto. — Mã... — Ele para ao ver Mary. — Até que você está arrumadinha. Está tentando impressionar seu novo namoradinho?
    — Vai se ferrar, menino. Eu hein! — Mary revira seus olhos.
    Finney ri.
    — Gwen quer um bolinho de chocolate. — Ele diz, se apoiando no balcão da cozinha.
    — Fale para ela que o jantar vai sair em pouco tempo. Leve umas uvas, estão na geladeira.
    — Ah, mãe! — Finney reclama.
    — Quem quer bolinho é você, né espertinho? — Ailyn faz cosquinhas na barriga de Finney, ele se afasta, rindo.
    — Ou uvas, ou nada. — Corine não tira seus olhos da sopa na panela.
    — Sopa não é janta. — Ele cruza seus braços.
    — Tem sopa de janta? — Gwen aparece, saltitante.
    — Sim! — Terrance sorri, levantando sua mão para que Gwen bata nela, a pequena o faz.
    — Sopa não é janta, Gwen!
    — É sim! Você que é um buraco negro, óbvio que sopa não vai matar sua fome! — Ela argumenta.
    — Como se você fosse diferente. Parece até um aspirador de pó. — Ele ri da mesma frase. — Na verdade, um aspirador de doces! Você sempre come os meus!
    — Mentira! — Gwen cruza seus braços.
    As crianças continuam discutindo, até que Finney começa a correr atrás de Gwen, os dois correm para o quarto.
    — Vou tentar separar a briga. — Ailyn se afasta e os segue.
    Ao notar que falta pouco tempo para que Jack chegue, Mary se levanta rapidamente ao ouvir um grito vindo do quarto.
    — Ai meu Deus do céu! — Ed a acompanha.
    — Solta meu cabelo! — Lyn diz, agarrada ao cabelo de Finney.
    — Eu solto se você soltar o meu. — Ele diz, teimoso.
    — Se soltem, vocês dois! — Mary põe as mãos na cintura.
    — Ailyn solta ele. Você está brigando com uma criança de onze anos.
    — Eu vou contar até três. Um... — Mary começa.
    A campainha toca.
    — Jesus Cristo! — Ela se vira de costas para eles, começando a andar até a porta.
    — Ele chegou?! — Ed a segue.
    — Sim. — Mary responde após olhar em seu relógio. — Está uns 5 minutos adiantado.
    — Eu quero ver ele! — Gwen corre até a porta do quarto, as amigas de Mary a seguram.
    — Observe de longe. — Ailyn diz, simples.
    Mary puxa seu cabelo para trás e depois o arruma delicadamente.
    Sua casa ficou em total silêncio. Os dedos da ruiva tocaram a maçaneta e a seguraram fortemente, ela a gira e a porta abre.
    — Mary. — Seu nome soa como uma poesia ao ser pronunciado por Jack. — Oi. — Um sorriso aparece em seu rosto.
    Davis segura flores.
    Mary se aproxima e o abraça, sorrindo.
    Com a mão vazia, Davis faz carinho nas costas de Mary.
    — Você está linda. — Ele sussurra para que apenas os dois possam ouvir, então a garota consegue sentir o cheiro forte de seu perfume.
    — Obrigada. — Ela agradece, tímida. — Gente, esse é o Jack. — Ela indica o amigo e depois seus familiares. — Essa é a minha mãe, Corine, meu pai, Terrance, minha tia, Catherine e meus irmãos, Gwen e Finney. Bom, a Ailyn e a Edwina você já conhece.
    — É um prazer conhecê-los. — Jack os cumprimenta, educado.
    — Igualmente. — Catherine sorri gentil, porém séria.
    — Vamos? — Mary diz.
    — Sim, sim. — Davis dá alguns passos para trás.
    — Tchau, gente! — A ruiva acena para sua família e amigas, se despedindo.
    — Tchau! Foi um prazer conhecê-los! — Jack repete.
    — Juízo, Mary. — Terrance diz antes que a porta seja fechada.
    — Eu tenho. — Ela sorri de canto.
    — Mas não usa. — Ele retribui o sorriso.
    Por causa do grande passo que Mary precisou dar para fechar a porta, quando ela trancou a porta e se virou, Jack estava em sua frente, seu rosto a dois palmos do de Mary.
    Ele estica sua mão, levando as flores até Mary.
    — Muito obrigada pelas flores. — A ruiva as agarra e as cheira, observando a cor vermelha das pétalas.
    — Ah, não foi nada... — Ele diz sorrindo, parado em frente a Mary.
    A garota o olha em seus olhos, o coração acelerado por causa da proximidade entre os dois.
   — Você está maravilhosa!
   Mary sorri, constrangida.
   — Vem, vamos. — Ele, com delicadeza, a segura pelo pulso, puxando-a para seu carro.
   Jack faz com que sua mão escorregue, então segura a mão de Mary. Ela sequer percebe que aquilo foi de propósito.
    O garoto abre a porta de seu carro para Mary, ela entra e se senta no banco do passageiro, nervosa.
    Ao se sentar ao lado da garota, ele pergunta:
    — Você está bem?
    — Sim, claro... Quero dizer, você está? — Ela arruma seu cabelo, Jack acelera o carro.
    — Estou... melhor agora. — Ele sorri e depois olha para ela, Mary sorri de canto, fingindo não notar o olhar penetrante de Jack.
    — Você está incomodado com algo, não está? — Mary cruza seus braços, curiosa.
    — Como você... ?
    — Instinto. — Ela o interrompe. — O que te incomoda?
    — O teste do time de futebol.
    — Eu deveria ter presumido que você fazia parte do time! — A ruiva dá um soquinho no braço de Jack, ele ri.
    — Faz um tempo. Tipo, eu não estou preocupado com o meu teste, eu sei que vou passar. — Ele passa a mão pela testa, então diz: Eu sou o melhor jogador do time. O que me preocupa são os outros jogadores. Meus amigos jogarão comigo, mas haverão novos jogadores. Infelizmente, não sou eu que escolhe.  É a professora Gordon. — O garoto se endireita em seu banco, suspirando e usando uma de suas mãos para arrumar sua calça. — O que aquela magrela sabe de futebol?
    — Você já parou para pensar que ela é sua professora? — Mary diz, Jack a olha, irritado por Mary não concordar com ele. — Ela deve saber mais que você, ela fez faculdade para estar onde está. E outra, não é culpa dela. A escola que decidiu quem seleciona os jogadores. Se você quer escolhê-los, deve conversar com o diretor e esperar pela resposta dele.
    Jack puxa seu cabelo para trás com a mão. Ele respira fundo antes de responder:
    — Você está certa. — Jack sorri forçadamente.
    Ele segura palavras ríspidas em sua boca, então a única coisa que ele consegue dizer é a mesma frase de antes:
    — Você está certa.
    — Eu sei. — Mary se vira para frente, olhando pela janela.
    Jack dirige por dentro de um longo túnel. Há pouquíssimos carros perto deles, então ele acelera.
    Mary abre o vidro ao seu lado, colocando seus braços na janela da porta e apoiando seu queixo sobre eles. Ela se senta por cima de uma de suas pernas para se sentir mais confortável — ficando de costas para Jack.
    As luzes parecem piscar por causa da velocidade do carro.
    Jack engole em seco. Ajeitando sua mão no volante, ele usa a outra para aumentar o volume do rádio. Involuntariamente, seus olhos se soltam da estrada e focam-se em Mary. Em sua perna.
    A meia calça preta que a garota usava não era o suficiente para bloquear a visão das pessoas até sua pele, e ao longe, Jack podia observá-la.
    Ele podia observar quando seus pelos se arrepiaram devido ao frio, e podia notar o quão macia sua pele parecia ser.
    Lentamente, Mary começa a se virar para ele. Durante o solo de guitarra de Time da banda Pink Floyd, seu corpo parecia levitar.
    Jack não desvia seu olhar. Quando Mary se vira, seus olhares se encontram. Ela ri, o cabelo ruivo se tornando vermelho fogo sob a luz amarelada.
    Mary já havia gostado de garotos antes, e quando ela estava com Jack, ela não sentia nada como aquilo. A garota sabia que Jack a desejava, e era aquilo que a deixava nervosa: o sentimento de se envolver com alguém, tão cedo.
    Ela conhecia alguns dos "sintomas" da paixão: pensar sobre a pessoa toda hora, querer vê-la toda hora, sentir ciúmes de outras pessoas que fazem parte da vida dela, sentir seu coração acelerando ao vê-la, se sentir segura com a pessoa.
    Desses cinco "sintomas", ela não tinha nenhum, e ela gostava disso. Não havia nada a segurando. A vida de Mary era completa de repetições, não havia nada novo. A adrenalina causada pela expulsão de sua antiga escola já havia indo embora há muito tempo. Sua mão não estava mais machucada.
    — Já estamos chegando ao restaurante. — Avisou Jack.
    Mary fez que sim com a cabeça, sentando-se de frente para Jack e de costas para sua janela, encostando-se nela. O vento faz seu cabelo balançar enquanto eles finalmente saem do túnel.
    — Pega meu cantil no banco de trás, por favor?
    — Hm, claro. — Mary se esticou até o banco, pegando o objeto. — O que tem aqui? — Ela abre o cantil, o cheirando. — Isso é whiskey?
    — Qual é, Mary? Estou com frio. Preciso de algo para me aquecer. Álcool esquenta o corpo.
    — Só se você jogá-lo em todo o seu corpo e depois acender um isqueiro, né?
    Jack ri.
    — Você está dirigindo, comigo no carro, olha que perigo! Além disso, você não tem 21 anos. — Ela fecha o cantil e o joga para o banco de trás, por cima de seu ombro. — Não, nada de beber.
    — Ok, ok.
    — O que eu posso fazer por você é fechar a janela. — Ela a fecha.
    — Não vai mudar muita coisa, vamos sair do carro. — Jack pigarreia. — Está nevando.
    — Hm? — Mary não olha para frente, ajeitando seu vestido.
    — Está nevando. — Jack levanta seu queixo com delicadeza.
    — Oh. — Ela suspira. — Me esqueci que estávamos entrando na época de neve.
    — Eu também.
    Jack estaciona em uma vaga ao lado do restaurante. Ele respira fundo antes de sair do carro.
    Antes que Mary pudesse abrir a porta do carro, Jack o faz, estendendo sua mão para que Mary segure-se nela.
    A garota sorri, saindo do carro, apoiada em Jack. Ele segura sua mão fortemente, sem machucá-la, e quando ela sai do carro, o garoto não se afasta, a obrigando a ficar centímetros longe dele.
    — Vamos. — Ele diz com a voz mansa, a puxando para o restaurante.
    Educadamente e lentamente, Mary solta sua mão. Jack morde seu lábio inferior.
    É sério que ela não quer segurar a minha mão?
    Jack pigarreou novamente, abrindo a porta do restaurante e forçando um sorriso.
    Mary passa por ele, o moreno coloca a mão em suas costas, indicando para onde ela deveria ir.
    — Boa noite, como posso ajudá-los? — Um homem asiático de cabelos negros, e claramente, com menos de 30 anos se aproxima.
    — Boa noite, eu fiz uma reserva. — Jack diz.
    — Qual o seu nome?
    — Jack Davis.
    — Um minuto. — O homem, cujo nome está em um crachá — Nolan — se afasta e pergunta à uma loira: temos uma reserva no nome de Jack Davis?
    — Hm... — Ela procura a reserva entre outros papéis. — Sim. Mesa 16.
    — Ok, obrigado. — Ele se volta para Mary e Jack, que dão sorrisos gentis. — Vamos, vou levá-los até sua mesa.
    Os dois o seguem até a mesa. A mesma é daquele tipo que fica perto da parede, e ao invés das pessoas se sentarem em cadeiras, elas se sentam em sofás, possuindo uma mesa entre eles.
    Nolan indica e mesa, Mary e Jack se sentam, de frente um para o outro.
    — Muito obrigada. — Mary sorri.
    — Obrigado. — Jack diz.
    — Não há de quê. — Nolan sorri educadamente. — Aqui, os cardápios.
    Mary e Jack pegam os cardápios, os abrindo.
    — Me chamem quando forem fazer seus pedidos. — Nolan diz antes de se retirar.
    Ambos olham e conversam sobre os pratos antes de fazer os pedidos.
    Jack continua falando sobre as comidas e bebidas enquanto Mary o ouve e observa.
    "O que você acha?", ele pergunta.
    "Eu acho que é ótimo", é o que ela se lembra de responder.
    Mary sempre parece estar fora de seu corpo quando algo novo acontece, e nossa, como ela gostava daquela sensação.
    Então, ela está correndo seu dedo pelo topo do copo, um sorriso divertido em seus lábios e os olhos fixos na mesa.
    Davis coloca sua mão sobre a de Mary, a parando. Depois, a leva até o queixo da ruiva, levantando seu rosto novamente.
    — Olhe para mim. — Jack afasta sua mão, sorrindo. — Sempre.
    Mary revira seus olhos, sorrindo também.
    — Estou brincando. — Ele não está.
    — Ok. — Mary ri.
    Após um breve silêncio entre sorrisos, Davis diz:
    — Eu já disse que você está linda hoje?
    — Sim, obrigada, de novo. — Mary coça sua testa, envergonhada.
    — Posso repetir. — Ele sorri, descansando sua mão na mesa, em direção a ela.
    — Por favor, não! — A garota ri, por instinto, colocando sua mão sobre a dele.
    Ao ver a oportunidade, Jack não a perde.
    Seus dedos deslizam para dentro da manga da blusa de Mary.
    O ato prende a atenção de Mary, ela observa sua mão voltar até a dela e a levanta, fazendo com que seu cotovelo fique apoiado na mesa.
    Quando ela olha para Jack, os olhos dele ainda estão direcionados a suas mãos. Um pequeno sorriso aparece no canto de sua boca, então ele a olha.
    Seus olhos são cheios de malícia, mas ela não vê isso. O que Mary enxerga é a adrenalina.
    E mesmo assim, há apenas um pensamento correndo em sua mente:
    "Essa é a parte onde meu coração acelera?"
    Sim, Mary.

𝐁𝐄𝐋𝐈𝐄𝐕𝐄 𝐔𝐒: Before.Onde histórias criam vida. Descubra agora