Ilha

Acampamento.

⚠️ Os primeiros capítulos serão grande parte narrados, pelo fato dos personagens estarem sozinhos. Espero que gostem e leiam meus outros livros: Os 18+ contos e Karaokê. Não esqueçam de comentar e votar. ❤️

Tenham uma boa leitura. 📚

Estava um dia lindo naquele verão monótono, e Jungkook resolveu acampar como sempre fazia aos finais de semana de verão. Só não imaginava que tudo e todos iriam mudar durante esse acampamento.

Normalmente ele acampava com o seu melhor amigo Seokjin, mas o mais velho iria trabalhar naquele final de semana, então o moreno resolveu ir sozinho mesmo.

— Poxa hyung, esse seria o nosso último acampamento antes de você se alistar. — Esboçou uma falsa cara chorosa.

— Você deixe de ser dramático, eu só vou no próximo mês, podemos ir no outro fim de semana.

— Jura?

— De mindinho. — Estendeu a mão com o mindinho levantado e viu o outro fazer o mesmo. — Ah, e me prometa que não vai fazer nada maluco como pular de um penhasco sem paraquedas.

— Seu estraga prazeres, era exatamente isso que eu ia fazer. — Revirou os olhos. — Quais são as outras regras que você acha que eu vou seguir? — Guardou a última bolsa no carro e fechou a porta traseira.

— Cuidado ao acender a fogueira, não sei se você sabe, mas o fogo queima, não beber demais ao ponto de ter um coma alcoólico, se não você vai morrer lá mesmo e só vamos saber quando acharem o seu corpo no estágio final de decomposição.

— Você sabe onde vou estar, se eu não voltar para casa na segunda é porque aconteceu alguma coisa comigo.

— Então faça de tudo para não acontecer algo com você, né, meu querido. — Arqueou uma sobrancelha.

— Anotado, não se divertir muito se não o hyung briga. — Fingiu anotar em um bloco invisível. — Algo a mais para acrescentar na lista?

— Completa o combustível do carro para não faltar gasolina, não fique exposto demais no sol para não pegar uma insolação e beba bastante água... Ah, tem bastante comida?

— Sim, você fez as compras comigo hyung.

— Isso no começo da semana, acha mesmo que eu me lembro do que compramos?

— É um velho mesmo. — Bateu na própria cabeça.

— Você me respeite, viu. — Beliscou o amigo. — Agora vai lá, qualquer coisa você me liga. — Deu um beijo no topo da cabeça do moreno.

— Te vejo na segunda. — Entrou no carro e deu partida.

O lugar escolhido era uma praia um pouco afastada da cidade, quase ninguém tinha acesso a ela, era o lugar perfeito para o Jeon passar o fim de semana tranquilo sem a loucura da cidade.

A primeira coisa que ele fez ao chegar foi procurar madeiras boas para fazer a fogueira, juntou uma boa quantidade para passar toda a noite sem perrengues, armou a barraca onde seria sua "casa" nos próximos dois dias, ligou a pequena caixinha de som via bluetooth e colocou suas músicas favoritas para tocar e foi para o mar.

[...]

Do outro lado de Busan, em um bairro nobre onde os adolescentes ricos e mimados viviam, também vivia Park Jimin. E era apenas mais um dia que ela considerava normal, já estava tão acostumada a viver brigando com seu pai pela sua orientação sexual que a nova briga daquele dia nem a surpreendeu.

— Você deveria agir como o homem que você é. — O Park mais velho rosnou para a filha.

— Mas eu não sou homem, é tão difícil de entender isso?

— Claro que é homem, Jimin, de onde você tira essas baboseiras de que não é homem? Você tem um pau, assim como eu, e eu sou homem.

— Você até pode ser, mas o que tenho entre as pernas não significa que eu seja um homem.

— Não te torna um homem, então você é o quê?

— Pai, já estou cansada de te falar o que sou! — A garota disse já perdendo a paciência.

— Você não é uma mulher, Jimin, sua mãe pariu dois garotos, não pariu nenhuma menina.

— Mas eu não me identifico como um homem, dá apenas para me respeitar? — Fungou. — Já não é fácil conviver em um corpo que não é meu, mas você consegue piorar ainda mais a situação!

— Eu só quero que pare com essas coisas de querer ser mulher, se vestir como uma, até maquiagem você está usando, porra! — Jogou a todas as maquiagens que estavam em cima da penteadeira.

— E eu queria que você sumisse, você e essa vaca da sua esposa! — Berrou em puro ódio ao ver seus pertences jogados no chão e quebrados.

— Você respeite sua mãe! — Deu um tapa forte no rosto de Jimin.

— Ela não é e nunca será minha mãe! — Falou alto com a mão no local que o pai bateu.

— Ela te criou, então é sua mãe sim!

— Ela fingiu que me criou depois que você fez a MINHA MÃE se matar!

O mais velho ficou vermelho de raiva e partiu para cima da loira, entrando em uma luta corporal, o irmão mais velho de Jimin ouviu a confusão e foi até o quarto da irmã e interferiu segurando a irmã de um lado e o pai do outro.

— O que deu em vocês dois?! — O moreno exclamou.

— Esse moleque falando merda como sempre!

— Use o pronome certo, é ELA! Eu sou mulher!

— Já disse que não é! — Tentou socar o rosto de Jimin mais uma vez, mas foi segurado pelo filho mais velho.

— Jimin, por favor sai daqui e vai para o meu quarto, se ficar só vai piorar as coisas, pequena!

— Tá bem maninho! — Sorriu para ele e saiu do quarto ouvindo o pai falar palavras ofensivas.

A loira fez o que o irmão pediu e seguiu para o quarto dele, tomou um banho e vestiu uma camiseta dele que, por sinal ficava enorme em seu corpo, deitou na cama de casal do quarto e colocou seus fones para só então chorar. Jimin chorou tanto que acabou adormecendo.

Jimin odiava se sentir vulnerável, ainda mais tendo que ouvir tantas coisas ruins, pesadas e ofensivas vinda de alguém que deveria amá-la, respeitá-la e a proteger, às vezes ela se pegava pensando se sua mãe também agiria daquela forma rude e ultrapassada. Não, sua mãe era um doce de mulher, com certeza ela iria dar todo o amor que Jimin precisava, sem se importar se ela era uma mulher ou homem.

Desde que se descobriu aos 16 anos, Jimin vem tendo as mesmas brigas com o pai. Não tinha um único dia que ela não usasse uma saia ou passasse um batom que o pai a repreendesse. Se dava até bem com a esposa do pai, isso quando ela estava sozinha, porque quando Sa-ra estava com seu pai, era completamente outra pessoa.