— Recebi sua mensagem — Otto disse, me encarando. Um sorriso curvou meus lábios.
— Você acha que conseguirá me impedir? — Eu o encarei.
— Você não acha que a surra que te dei foi o fim de tudo, acha? Meu sorriso congelou quando me lembrei que permiti que ele me batesse no ano passado, porque sabia que merecia. Eu me ajoelhei lá e deixei que me atingisse com socos, um atrás do outro, porque queria me sentir pior do lado de fora do que já me sentia por dentro, e, por vários momentos, desejei que ele me matasse. Apenas me mate, porque não tenho como voltar no tempo e não consigo seguir em frente.
— Você sentiu minha falta — eu disse, em um tom de voz rouco. -- Ele se moveu por trás do sofa, dando a volta bem devagar, e eu fiz o mesmo, seguindo seus passos. — Não sentiu? — provoquei.
Uma risada de escárnio escapou de seus lábios quando ele me encarou.
— Você foi minha heroína muito tempo atrás — ele disse, e seu olhar fixou ao meu
— E você ainda gosta das suas drogas, pelo que ouvi dizer. -- Ele balançou a cabeça, sabendo direitinho de onde eu havia conseguido aquela informação.
— Maldita Winter
— Maldita Winter. — Assenti. Ele se moveu outra vez.
Seu olhar estava concentrado no meu quando se abaixou e ficou fora de vista, e ainda se manteve atento a mim, quando reapareceu. Seus lábios se curvaram e seus olhos estavam carregados com fúria, ódio, emoção; suas pupilas nem um pouco dilatadas e lúcidas, porque ele não precisava de merda nenhuma quando estava comigo.
— Winter gosta de você — eu disse, dando mais um passo. — Ela parece confiar em você. Por quê?
— Eu tenho um jeito… com as mulheres — debochou.
— Eu me lembro disso. — Umedeci meus lábios. — Sempre foi divertido observar você com elas.
Seu ritmo respiratório acelerou, e eu soube que ele estava se lembrando de todas as merdas que fazíamos naquela época. Nós havíamos nos divertido bastante. Mesmo sem a presença das garotas.
— Você quer me ver com ela? — sondou. — É isso? Dei uma risada baixa e balancei a cabeça.
— Não exatamente.
Eu me lancei para frente, pegando-o de baixa guarda, dei a volta no sofá e espalmei minhas mãos em seu peito, imprensando-o contra a parede da casa. Ele grunhiu quando suas costas se chocaram contra os tijolos.
Eu o lancei de costas no chão e ele tentou rolar para longe, para se afastar, mas o segurei. Fiquei por cima de seu corpo, às suas costas agora, e o pressionei contra o piso, colocando meu braço à sua nuca para mantê-lo quieto.
— Ah, eu me lembro disso — provoquei, sussurrando em seu ouvido. Meu peito pressionado às suas costas e ambos bem conscientes da minha virilha contra a sua bunda. — Era disso que você estava sentindo falta, não é? -- Ele moveu a cabeça, tentando me acertar.
— Não fale sobre isso, porra! — rosnou. — Eu estava bêbado.
— Nas três vezes? — zombei, sorrindo. Recostei minha boca contra seu ouvido, prestes a reavivar a memória daqueles momentos, quando eu era o único capaz de dar o que ele precisava.
Quando ninguém mais estava lá para ele. Quando éramos jovens e esgotados, apodrecidos por dentro, e quando em algumas noites, aqui e acolá, só o que queríamos era tocar alguém igual. Alguém que compreendia isso.
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Aprisionado
FanfictionEu ultrapassarei com prazer todos os limites, nunca mais ela esquecerá de mim, nem que para isso eu tenha que infernizar a vida dela... Minha doce e querida ratinha. Aviso: Isso é um romance dark, nada que contenha aqui eu apoio na vida real, romanc...