PRÓLOGO. Grandes olhos pretos

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프롤로그

-11°C

onze graus negativos


Park Jimin era só um pontinho de calor ficando frio, caído no meio de um imenso mar de neve. Ele ainda era apenas um menino; um menino pequeno que foi arrancado de seu balanço antigo por uma matilha faminta, e arrastado até o meio da floresta.

Os lobos, uma dezena deles, o cercavam. Eles o lambiam, o mordiam, atormentavam seu corpo paralisado. Jimin se lembra de olhar para cima e não conseguir enxergar o céu, pois os grandes lobos bloqueavam a visão e os poucos raios de sol oferecidos. Ao mesmo tempo em que ele sentia os dentes rasgando suas roupas e sua pele, ele via o gelo brilhando em seus pelos, agradável e aterrorizante.

Havia sangue por cima dele; havia sangue saindo dele; havia sangue derramado na neve. O vermelho violento que pingava da boca dos lobos e caía quente no branco da neve.

Jimin poderia ter gritado, poderia ter lutado. Mas ele não fez nada disso. O medo paralisou, mas foi o êxtase que fez Jimin se sentir fora de si e do mundo tangível. Era insano estar sendo atacado, e mesmo assim continuar fascinado pelos lobos. Mas Jimin não podia evitar. A força deles, o domínio, o cheiro penetrante de pêlo molhado e folha queimada... Todos os elementos faziam algo dentro dele se agitar com um sentimento estranho, um sentimento que chamava, que clamava. Jimin ficou ali deitado, e deixou acontecer, deslumbrado pelo momento.

Um lobo enfiou o focinho em sua mão; sem lamber, sem morder, sem rasgar. Apenas para cheirá-lo. Depois meteu o focinho contra sua bochecha, lançando uma sombra no rosto de Jimin. O menino conseguiu ver o enorme lobo negro em cima dele. Ele era todo escuro; desde cada centímetro de pêlo, até os olhos sinistros e profundos, que brilhavam feito um lago à noite. Jimin encarou aqueles grandes olhos pretos pelo máximo de tempo que conseguiu, enquanto os outros lobos voltarem a revirá-lo de um lado para o outro.

Jimin quis se esticar para pegar o pêlo do lobo negro, mas seus braços permaneceram apertados contra o peito, paralisados pelo gelo e pela dor. Ele não queria que o lobo desviasse o olhar; e ele não desviou. Havia uma honestidade terrível naquela encarada.

Quando Jimin começou a sentir sua consciência rebaixar, quando ele não conseguia mais lembrar o que era se sentir quente ou não sentir dor, ele ouviu um rosnado impactante. Ele se esforçou para abrir de novo os olhos, e encontrou o lobo negro mostrando as presas afiadas. Mas não para ele; para os outros lobos.

A maioria da matilha parou de morder e recuou alguns centímetros. O lobo negro se inclinou de volta para Jimin e o agarrou com os dentes pelo resto rasgado da gola da camisa. Os outros lobos rosnaram por sua presa, enquanto ele começou a arrastar Jimin para longe, para fora da floresta congelada.

O rastro de sangue deixado no caminho mostrava que Jimin estava morrendo. Não havia sol, nem luz, nem calor. Talvez nunca mais Jimin chegaria a ver alguma dessas coisas de novo. A última imagem que ele guardaria era aquela: os olhos escuros do lobo.

Ele pensou que nunca mais os veria.



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O Lobo na Sombra [JIKOOK]Onde histórias criam vida. Descubra agora