IV. Escape

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네 번째

3°C

três graus positivos


Esperar por algo que não sabia se viria era o pior tipo de espera.

Jimin ficou em seu quintal, na beira da floresta, por sete horas. Esperando. Seus pés afundavam na camada alta de neve sobre o gramado. Os dedos das mãos, mesmo dentro das luvas, tinham perdido a flexibilidade, endurecidos pelo frio extremo. O garoto mal saiu para comer ou beber alguma coisa durante esse tempo, por conta do receio de perder o momento que seu lobo apareceria por entre as árvores. Mas mesmo assim, ele não tinha visto sinal nenhum do animal.

Soltando uma lufada de ar, Jimin puxou impaciente a touca para cobrir a ponta das orelhas geladas.

Ele continuava repetindo em sua mente que não tinha com o que se preocupar. O lobo apenas devia estar se abrigando do frio, ou algo do tipo. Tinha que ser. Jimin torcia. Mas a cada vez que piscava, ele via de novo o arsenal do senhor Kim repleto de armas letais, como se a imagem estivesse costurada do lado de dentro das pálpebras.

Seus ossos tremiam. Não de frio, mas de medo. Jimin andou de um lado para o outro por mais cinco voltas, sussurrando baixinho pelo seu lobo, chamando por ele. Mas não houve resposta.

Já era tarde da noite quando começou a nevar de novo. A luz do deck acendeu e Park Junsu saiu pela porta de vidro da cozinha.

— Jimin, o que diabos está fazendo aí?! — O pai exclamou da beirada dos degraus, colocando as mãos nos bolsos para se proteger do frio.

— Eu... Perdi uma coisa. — Jimin gaguejou em resposta.

— Deixe para procurar amanhã de manhã. Saia dessa neve e entre. Agora. — Junsu afirmou enfático para deixar claro que era uma ordem, e não um pedido.

Jimin hesitou no lugar. Ele mordeu o lábio ressecado e deu uma última espiada na floresta. O vazio por entre as árvores era perturbador.

Quando ele se deitou para dormir naquela noite, ele não pôde pregar os olhos. Havia um nó no estômago. Nervos. Antecipação. "E se os caçadores pegassem o seu lobo? Ou se já tiverem pegado?" o pensamento martelava a mente de Jimin.

Lá fora, profundamente dentro da floresta, Jimin ouviu um longo lamento, e então outro, seguido de vários, enquanto os lobos em algum lugar distante começaram a uivar. Várias vozes se juntando em um choro lindo e misterioso. Jimin estava acostumado a ouvi-los em algumas noites, e tinha se habituado a dormir ao som do uivo deles. Ele fechava os olhos e se imaginava lá, entre os lobos no coração da floresta, observando eles jogarem suas cabeças para trás e uivando debaixo do céu de estrelas sem fim.

Nessa noite, Jimin se sentou na cama e encarou a janela. Puxando a coberta para se enrolar nela como um casaco, ele escutou os uivos como um chamado, e quis poder atravessar o muro de árvores que o separava da floresta profunda.

Jimin abriu a cortina, e encarou lá fora; a noite escura, o quintal vazio.

Vagarosamente, ele tomou consciência dos fracos estalos que quebravam o silêncio lá fora. Soava como folhas sendo pisadas, depois como unhas no deck do lado de fora. Talvez fosse um guaxinim.

Mas então veio um suave arranhão e um rosnado. Definitivamente não era um guaxinim. O coração de Jimin acelerou, e os pêlos da nuca se ergueram.

De repente, um rosto apareceu bem na frente do dele, e Jimin pulou de susto. Era um rosto coberto de pêlos brancos e com um focinho curto. A loba branca estava do outro lado do vidro. Estava perto o bastante para que Jimin visse a umidade em seus pêlos. Os olhos azuis dela o encararam, desafiando-o a desviar o olhar. Um rosnado baixo passou pelo vidro, e Jimin sentiu como se pudesse ler o significado, tão claramente como se estivesse sido escrito no vidro. Você não é o dono dele.

O Lobo na Sombra [JIKOOK]Onde histórias criam vida. Descubra agora