VIII. Última transformação

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여덟 번째

-3°C

três graus negativos


Faltar à escola por um segundo dia não mataria ninguém, e Jimin acordara já com o plano em mente. Mas quando escorregou para fora da cama e encontrou Park Junsu sentado confortavelmente em pijamas no sofá, ele soube que estaria encrencado com seu plano que mal havia começado.

— Pensei que não fosse sair do quarto hoje. Está quase atrasado. — Seu pai abaixou o jornal da frente do rosto. Os olhos maduros e cansados miraram por cima da haste do óculos de grau. — Já estava indo te acordar.

Congelado na entrada no corredor, Jimin engoliu seco, agradecendo a si mesmo por ter o costume de manter a porta do quarto trancada.

— O que está fazendo aqui? — A pergunta saiu, desajeitada.

Junsu enrugou a testa, fechando o jornal sobre o sofá. Pareceu muito desconfiado por um instante, mas logo desfez a tensão com uma risada cheia de ar.

— Ora, Jimin. Que pergunta é essa? Até onde posso me lembrar, essa também é minha casa.

— Claro! — Jimin gaguejou. — Mas não acha que está atrasado para o trabalho também? Parece que tive de onde puxar.

Junsu riu de sua esperteza.

— Boa tentativa. Mas não tenho trabalho hoje. É dia de folga... Antes de outra viagem à negócios. — Ele suspirou enquanto puxava os óculos do rosto e esfregava os olhos.

— Uau, sua chefe está fazendo um bom trabalho em matá-lo pouco a pouco. Você deve estar mesmo apaixonado por ela, já que o salário não justifica tanto esforço.

Quando Junsu gritou o nome do filho, algo que precedia uma bronca e um puxão de orelha, Jimin já estava correndo de volta pelo corredor. Ele bateu a porta do quarto e encostou as costas nela, rindo.

Park Junsu esteve viúvo há muito tempo, desde o nascimento de Jimin, que matou sua mãe no parto. Todos mereciam uma oportunidade de ser feliz. Jimin torcia por uma relação mais do que profissional entre ele e sua chefe não só por esse motivo, mas também porque se houvesse qualquer coisa que prendesse Junsu à cidade, havia uma maior chance de que eles não se mudassem. Jimin seria o próprio cupido se fosse necessário para isso.

Jimin atravessou entre as duas estantes que ladeavam a porta para encontrar Jungkook sentado na janela, sobre o baú do parapeito, desenhando formas abstratas no vidro embaçado. Sorrateiramente, ele se aproximou e encontrou um de seus livros sobre lobos aberto no pé do baú.

As orelhas de Jungkook se moveram minimamente, seu instinto primitivo de lobo sentindo a aproximação, e ele virou o rosto. De todas as coisas que pensou naquele momento, olhando para ele, Jimin escolheu dizer simplesmente:

— Precisamos sair.

Jungkook se encolheu, olhos bem abertos.

— Agora?! — Perguntou espantado, torcendo o pescoço para olhar pela janela.

Nevava aquele dia. Flocos finos e fracos, mas ainda assim era muito frio.

— Está tudo bem. É só você vestir um casaco térmico e calçar botas de lã. Eu espero no carro, com o aquecedor ligado. — Jimin respondeu. — Vai dar certo.

De roupas trocadas, garantindo que Jungkook tivesse um pouco mais de camadas, Jimin puxou sua mochila quase vazia apenas com um caderno e fingiu sua melhor pose de aluno aplicado indo à escola para deixar o quarto e atravessar a sala.

O Lobo na Sombra [JIKOOK]Onde histórias criam vida. Descubra agora