II. Lobo rendido

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두 번째

7°C

sete graus positivos


Todos estavam apavorados com os lobos agora. A morte do garoto no dia do Festival era tudo que os jornais conseguiam falar. A todo momento, Jimin escutava o barulho das sirenes de viaturas e ambulâncias que passavam zunindo pela rodovia.

Por seu pai quase nunca estar em casa e raramente ver o noticiário, a ansiedade do acontecimento chegou até a casa dos Park devagar. Só no dia seguinte, quando Park Junsu resolveu sentar à mesa com o filho para tomar café, que ele descobriu a tragédia.

O jornal impresso em cima da mesa trazia uma manchete destacada sobre o fato. "AS BESTAS VOLTAM A ATACAR", dizia a principal notícia ao lado de uma foto da floresta interditada por fitas de isolamento da polícia, o local onde o menino foi encontrado.

O incidente de Jimin com os lobos parecia ter desbotado da memória de Park Junsu ao longo desses 10 anos. Mas aquele ataque foi o suficiente para refrescar as lembranças perfeitamente.

Junsu largou a xícara cheia de café abruptamente, quase a derrubando. Seu olhar petrificado se fixou na manchete, e ele agarrou o jornal com as mãos urgentes e aflitas. Ele folheou as páginas até encontrar aquela que tinha a notícia completa. Jimin assistiu em silêncio a seu pai ler com os olhos arregalados, e continuou comendo, fingindo que não sabia de nada.

Quando Junsu voltou sua atenção do papel para o filho, havia culpa e temor em seu olhar.

— Foi tão perto daqui. Onde eles o encontraram. — O pai sussurrou por entre pausas, sem acreditar. — Do outro lado da floresta...

— Isso não quer dizer nada. — Jimin interrompeu. Ele sabia bem no que seu pai estava pensando.

O olhar de Junsu estava vidrado, como se ele estivesse enxergando através de Jimin.

— Poderia ter sido vo...

— Não. Não podia ter sido eu, e não foi eu. Se acalma, ok? — Jimim rebateu e mastigou um pedaço de tofu com força.

Ele temia, porque da última vez que teve uma conversa do tipo com o pai, Junsu o proibiu de sair de casa por meses; nem mesmo à escola podia mais ir sozinho.

— Eu não confio que você esteja seguro, Jimin. — Junsu disse abaixando o olhar, ao mesmo tempo que voltava devagar o jornal para a mesa.

Eu estou! Eu sei por onde eu ando, eu estou sempre com meu telefone, e tenho o número da emergência na chamada rápida. Tudo como combinamos!

— Mas é diferente agora... — Junsu começou.

Interrompendo, Jimin apontou para o pai.

— Foi você mesmo que disse que lobos normalmente são pacíficos. — O garoto argumentou, o que fez o pai se calar.

"Lobos são criaturas pacíficas". Esse tinha sido o refrão de Junsu por anos. Jimin começou a pensar que o único jeito que Junsu encontrou para poder continuar vivendo nessa casa era repetindo isso, para se convencer que os lobos eram relativamente inofensivos e que o ataque a Jimin tinha sido algo único.

— Verdade. Pacíficos. — Junsu repetiu. — Deviam ser pacíficos em outro lugar. Talvez devessem prender todos eles e mandar para o Japão ou algo assim.

Jimin fechou a cara, mas olhou para o próprio prato, disfarçando o incômodo pela sugestão do pai. Os verões sem seu lobo já eram ruins o bastante, ele não queria imaginá-lo partindo definitivamente em um navio para outro país.

O Lobo na Sombra [JIKOOK]Onde histórias criam vida. Descubra agora