Desventuras | Sirius Black

baile infernal 2

          Edgar era um ótimo parceiro de dança! O atleta sorria e eu reparava no quanto ele mudara desde o terceiro ano. Agora seus braços haviam se tornados musculosos e me giravam pelo salão em meio às luzes piscantes.

         Estava começando a me divertir quando Sirius e Lucinda invadiram o salão chamando a atenção de todos. A garota jogava os cabelos sensualizando e o Black se conformava em não sair muito do lugar. Observei a cena patética por um momento sentindo o estomago revirar. Repentinamente, uma música lenta envolveu o ambiente e os casais se aproximaram.

— Posso? - sondou Edgar antes de passar a mão pela minha cintura e me trazer para perto. Passei meus braços por seus ombros largos e apoiei meu rosto em seu peito. Seu perfume doce e confortável ainda era o mesmo.

        Bones me conduzia vagarosamente de um lado para outro. Reparei Lily e Vitor dançando no canto do salão e abri um sorriso involuntário. Até que fiquei de frente para Sirius. Ele segurava Lucinda ao mesmo tempo em que me fitava por cima da sua cabeça loira. Por um tempo, o encarei de volta e quase fui absorvida por seus olhos cinzentos.

— Você tá bem? - perguntou Edgar assim que a música acabou.

— Tô. - respondi de sobressalto - Só vou pegar uma bebida! 

          Edgar assentiu com a cabeça antes de nos soltarmos. Escutei uma canção animada começar enquanto andava na direção do bar. Antes de chegar, parei na última mesa no caminho e Frank sorriu para mim.

        Dessa vez, a bebida não ardeu tanto. Conversei um pouco com Longbottom antes de levantar me sentindo flutuante. A poucos metros, Sirius me observava bloqueando a passagem. Tentei ignorá-lo e continuei me dirigindo à pista de dança.

— O que você tá fazendo, Laverne? - Ele questionou me segurando pelo braço.

— Não é da sua conta! - Fuzilei Sirius com o olhar e me desprendi num movimento rápido. Segui ao encontro de Edgar que dançava com outros lufanos - Ué, cadê a Lily e o Vitor?

— Sumiram faz um tempo! - Edgar gritava por cima da música e eu arregalava os olhos com as ideias que me passavam pela cabeça. - Deixa eles pra lá! Vamos dançar!

         Um rock animado atravessava o salão e os alunos pulavam freneticamente enquanto nos misturávamos a eles. Eu jogava minha cabeça para trás sentindo os olhos pesarem enquanto Edgar me segurava pela cintura. Ele entrelaçou os dedos pelo meu cabelo e aproximou nossos rostos. Nosso ritmo diminuía gradativamente. Em câmera lenta, reparei Edgar fitando minha boca e minha mão pousava no seu peito. De repente, algo me puxou levemente para trás.

— Preciso falar com você. - A voz rouca de Sirius invadiu meu ouvido, mesmo sem eu me virar pra ele. O garoto pressionou um pequeno pedaço de papel contra a minha mão e se afastou. Quando olhei para trás para procurá-lo e o vi saindo do salão. 

— Aconteceu alguma coisa? - Edgar me olhava confuso e eu fechava a mão escondendo o papel.

— Nada importante. - Ele deu um sorriso empático antes de voltar a dançar, mas eu não conseguia mais acompanhar o ritmo. - Na verdade, Edgar.. acho que vou ao banheiro.

         Saio da pista de dança em direção a nossa mesa e bebo um gole de drink antes de abrir discretamente o pedaço de papel amassado. Pátio da Torre do Relógio. Dou uma olhada na echarpe de Lily esquecida antes de puxá-la num movimento brusco e fugir do salão.

           Os barulhos da festa iam diminuindo à medida que eu andava pelos corredores escuros. Cheguei ao pátio e vi uma sombra de um garoto na parte coberta.

— Fumando na escola, Black? - Ele bafora encostado numa pilastra e me olha de relance.

— E você, Laverne? - ele retruca andando na minha direção - Ainda tá enchendo a cara?

— Se me chamou aqui pra dar lição de moral, eu já vou indo. - Dou meia volta.

— Espera, Laverne! - Ele me segurava pelo braço enquanto analisava meu rosto - É só que essa não é você.

— Talvez agora seja! - Puxo meu braço de volta e cruzo na frente do corpo - Por que você se importa? 

— Porque... não quero que você faça nada que não queira!

— Oh! Fico muito comovida com a sua preocupação, Black! - sorri debochando - Pode deixar que eu sei muito bem me virar sozinha! 

— Claramente você não sabe, Laverne! - Sirius andava de um lado ao outro. - Você não tá acostumada com bebida e vai acabar se arrependendo de novo!

Não acredito que ele tá mencionando o maldito dia da sala precisa!

— Achei que fosse pra gente esquecer tudo, como você queria! - fuzilo o garoto com o olhar. - Então por que você não volta pro seu encontro com a Lucinda e me deixa em paz?

— PORQUE EU NÃO CONSIGO! - Sirius esbravejou abrindo os braços no ar - Eu tentei! Acredite em mim, eu tentei esquecer tudo!

— Você não tá fazendo o menor sentido agora, Black! Você disse que...

— Eu sei o que eu disse! Achei que seria melhor continuar sendo ignorado por você, do que ter certeza do quanto você me odeia. Mas a verdade é que tá foda, Laverne. - sua voz era séria e eu engulo a seco.

— O que você tá tentando me dizer, Black?

— Que tá foda te ver gata desse jeito e não poder ficar perto de você. - sinto meu coração saltar mas continuo o encarando séria - Pensei que seria mais fácil, mas quando eu te vi com aquele cara...

— Ah... Agora que eu tô me divertindo com outra pessoa, você quer me confundir com seus joguinhos de novo? Que conveniente!

— Não tem joguinhos, Laverne. Eu não consigo evitar o que sinto quando você tá com ele. - Sirius torcia a boca com escárnio - Eu tô odiando cada segundo desse baile, cada sorriso que você dá pra ele, cada vez que ele te toca...

— Ele é gentil, um adjetivo que você desconhece!

— Você gosta dele? - Sua voz fazia meu corpo gelar.

— Isso não é da sua conta, Black! - retruquei rapidamente.

— Só me diz que você prefere o Bones. - Ele me fitava de perto e eu sustentava o olhar. - Me diz que o nosso beijo aquele dia não significou nada pra você e eu juro que te deixo em paz.

— Eu... - Sinto sua respiração quando nossos rostos se aproximavam. Ele fitava minha boca fazendo um choque correr pelo meu corpo - Não posso falar isso.

          Nossos narizes estavam a centímetros de distância, quando eu fitei sua boca. Ele passou as mãos pelo meu pescoço e analisou meu rosto, pedindo permissão. Meu coração acelerou e fechei os olhos, sentindo seus lábios se encaixarem nos meus.

          Sua língua quente passeava com urgência na minha boca enquanto o garoto se curvava para abraçar minha cintura com firmeza. Ele se esticou me erguendo no ar, ainda sem desgrudar nossos lábios, deixando meus pés flutuando.

          Nosso beijo se intensificava cada vez mais. Sirius apertava as minhas costas enquanto eu passava cravava as unhas na sua nuca o fazendo arfar baixinho. De repente, ouvimos vozes se aproximando e nos afastamos rapidamente. Antes que eu pudesse raciocinar direito, ele me puxou pela mão.