fracassos e decepções

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— Tá falando sozinha agora, Laverne? - Era o Sirius Black. Argh!

               Um garoto alto e magro, com cabelos negros caídos nos ombros e um jeito sombrio que algumas garotas achavam um charme, mas eu particularmente achava tosco.

— BLACK! Que susto! Não te vi sentado aí!  - Esse dia estava ficando cada vez pior!

— Talvez se a princesa não andasse com o nariz tão empinado, conseguiria enxergar os "fracassados".

— Eu não tava me referindo a você, mas se a carapuça serviu...

— Uau! Alguém já tá nervosa logo cedo.  — Jogou os cabelos pra trás, rindo debochado. Senti meu rosto queimar de raiva. —  Você não tinha uma festa para preparar? 

— Não quero falar sobre isso. Especialmente com você.

— Você não quer se gabar pela famosa festa da mansão dos Laverne? Deve tá doente! – Debochou ele.

— Primeiro que eu não me gabo por isso. E eu não moro numa mansão...

— Depois do vigésimo quarto, já é considerado mansão, Laverne. - ele debochava.

— Como você sabe quantos quartos tem a minha casa? – Os olhos cinzentos do menino se arregalaram quando terminei a frase. – Tô só zoando! Nossa, você acredita em tudo...

— Não duvido de nada vindo dos Laverne, Laverne. Vocês são tão burgueses.

— Tinha esquecido que os Black eram muito humildes! – Ironizei. — Você é um hipócrita!

— E você continua sendo uma patricinha, Laverne.

— Será que você pode parar de falar comigo, pelo amor de Merlim?!

— Porque? Tô te irritando, Laverne? - ARGH! Ele é tão infantil.

             Revirei os olhos e voltei a comer, ignorando completamente a presença daquele idiota.

— Ok, ok. Eu prometo que vou parar de falar. Só me responde uma última coisa. – Respiro fundo e olho na direção do garoto novamente – Por que a princesa não voltou pra casa no Natal?

— Não te interessa!

— Não me diga que a festa foi cancelada? – O menino fingiu cara de espanto e tentou, em vão, procurar meu irmão na mesa da Corvinal. – O Laverne macho deve tá inconsolável. Cadê ele?

              Toda a escola sabia o quão Sirius e Victor se desprezavam. Não tinha como duas pessoas serem mais diferentes. Eles competiam em tudo que podiam. E a coisa toda se intensificou ainda mais quando os dois entraram para os times de quadribol das suas casas. As partidas entre Grifinória e Corvinal lotavam de estudantes, e professores, curiosos para verem o circo pegar fogo. Acho que eu era a única pessoa que não curtia esses jogos.

— Ele não está aqui. – Volto o olhar pra mesa.

— Ah... entendi... Deve ser difícil ser irmã do Vitinho, o queridinho de Hogwarts. Pelo visto, ele também é o queridinho em casa.

— Cala a boca, Black! Sério!

— Ok, Ok, Laverne. Não precisa se alterar. É só que eu entendo. — Ele dizia sério enquanto me encarava com seus olhos cinza. Por um momento, realmente achei que ele fosse falar alguma coisa útil pra variar.

— Você entende? O que é que você entende?

— Entendo o que é ser uma decepção pra família.

— COMO É?

                  Lembro do meu primeiro dia em Hogwarts. Estávamos tão empolgados com a escola nova! Eu e Victor passamos a infância toda ouvindo histórias sobre a Corvinal e sonhando com os dias que viveríamos isso tudo juntos. Até o nosso quarto era decorado em azul e bronze. 

Desventuras | Sirius BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora