as consequências

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                 Ainda fiquei lá sentada durante alguns minutos, tentando entender o que diabos acabara de acontecer. De rabo de olho, notava os outros alunos me encarando e cochichando uns com os outros. O lugar parecia ficar cada vez mais barulhento e eu precisava sair dali. 

                De súbito, levantei e com passos apressados saí do salão. Continuei a atravessar os corredores e subi as escadas sem pensar direito pra onde ir. Até que parei ofegante em frente a uma porta alta de madeira que eu conhecia bem. Às vezes eu conseguia ser bem nerd.

               A biblioteca sempre me acalmava e eu podia começar a estudar pra Poções logo. Com uma pilha de livros e alguns pergaminhos, me sentei numa das escrivaninhas dos fundos. Abri o Estudo Avançado no Preparo de Poções e tentei me concentrar. Mas a todo momento as coisas que Sirius havia me dito, voltavam na minha mente.

                Será que é verdade? Toda a escola achava que eu não era digna da Grifinória? Eu já dei muitos pontos pra essa Casa, por Merlim! Pode ter levado um tempo, mas eu aprendi a gostar de ser vermelho e dourado. Tive que me virar sozinha, sem o Victor do meu lado o tempo todo. E conheci a melhor amiga de todas. Se a Lily estivesse aqui, não me deixaria duvidar nem por um segundo que sou Grifinória.

                Quando olhei para o relógio na parede, já estava próximo da hora do almoço e eu não havia feito muito progresso. Por um breve momento, hesitei em descer para o salão para não ter que encarar Você-Sabe-Quem. Mas não poderia fugir dele pra sempre. Concluí que o melhor a fazer era ignorá-lo com muita classe, como uma boa Laverne.

               Chegando lá, o almoço já estava servido. Logo que passei pela porta, avistei o sujeito no final da mesa comprida. Sem hesitar, me sentei no lugar mais distante possível. Respirei fundo e comecei a comer. No salão só se ouvia o tilintar dos talheres e taças, mas na minha cabeça meus pensamentos ecoavam mais alto. Quem ele pensava que era pra ter falado assim comigo? Primeiro, disse que eu era uma decepção. Depois que eu não era digna da minha Casa. Ele nem me conhece. É o dono da Grifinória, por acaso? E pra completar me chamou de... de... covarde.

                Quando de súbito me levantei, fazendo um estrondo com o banco. Todos olharam na minha direção assustados. Comecei a andar rápido fazendo barulho com meus sapatos no piso antigo, e sentia os olhos dos alunos nas minhas costas me seguindo pelo salão. Bufando, parei de frente pro Black com os braços cruzados. 

— Você acha que pode fazer a merda que quiser sem ter consequências, né?! — Ele olhou na minha direção, com a boca aberta e o garfo no ar. — Se acha descolado demais pra ligar pra qualquer coisa que não seja o seu próprio umbigo! Mas eu já te saquei. Você é só um garotinho mimado querendo fazer birra pra mamãezinha! Levando advertências pra casa pra ver se alguém lembra de você por lá! 

— Como é?

— E tem mais, se você não gostou da escolha que o Chapéu Seletor fez pra mim, que vá reclamar com ele! COM GODRIC GRIFINDOR! COM DUMBLEDORE! COM MERLIM! COM QUEM VOCÊ QUISER! 

              Assim que terminei de falar, percebi que meu tom de voz estava um pouco alto demais. O silêncio de antes no salão agora virara uma onda de burburinhos eufóricos atrás de mim. Até que de repente todos pararam de falar ao mesmo tempo, me fazendo ter um pressentimento ruim.

— Senhorita Laverne! Na minha sala, AGORA! 


              Quando entrei na sala comunal da Grifinória já eram por volta das 6 da tarde. Atravessei o cômodo silencioso e me sentei no sofá próximo à lareira. Sorrateiramente, o Gato pulou no meu colo e se acomodou. Alguns minutos depois, a sombra de um garoto alto e magrelo aparece na porta. Ele cruza a sala lentamente e se senta na poltrona ao lado, me encarando enquanto ajeita os cabelos desgrenhados. Na mesma hora que em vê o menino, o Gato fica furioso e dá um pulo rápido atacando-o com suas garras.

Desventuras | Sirius BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora