Estella Rayla nunca foi uma garota comum. Aos 19 anos, ela esconde segredos que a perseguem desde a infância na Itália, segredos que prefere manter enterrados. Quando seu tio, Abel Ferreira, treinador renomado do Palmeiras, a convida para ser sua au...
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ACORDEI ÀS 5:30 da manhã com o som insistente do despertador, meus olhos ainda pesados de cansaço. Apesar disso, algo em mim estava agitado, uma animação que eu não sentia há muito tempo. Talvez fosse o novo time, o desafio que me esperava ou a sensação de recomeço. Fiz minha higiene pessoal e, enquanto descia para tomar café, tentei entender esse sentimento. Era estranho estar tão animada depois de dias exaustivos de mudanças.
Cheguei ao restaurante do hotel, que estava praticamente vazio, exceto pelos funcionários. Lembrei que meu tio tinha comentado que o treino do time masculino seria mais tarde hoje, o que explicava a tranquilidade.
— Bom dia, senhorita. O que vai querer? — perguntou um dos cozinheiros atrás do balcão, sorridente.
Meus olhos correram pelas opções, mas a salada de frutas, aquela que eu havia experimentado ontem, pareceu a escolha perfeita.
— Bom dia. Vou querer uma salada de frutas, por favor.
Enquanto esperava, olhei ao redor. A sala de estar imensa conectada à cozinha era o lugar perfeito para relaxar. Se eu quisesse, poderia passar o dia inteiro aqui, assistindo algo na TV, cozinhando, sem que ninguém me incomodasse. Mas hoje, a prioridade era o treino.
O cozinheiro logo voltou com um pote de salada de frutas e uma colher.
— Aqui está. — Ele sorriu, e eu agradeci.
Sentei em uma mesa próxima e comi devagar. A calmaria antes do treino era quase um ritual, um momento para me centrar. Quando terminei, joguei o pote no lixo e me dirigi ao estacionamento. Entrei no carro e segui para o CT, sentindo aquele friozinho na barriga que só o primeiro dia em um novo time podia proporcionar.
Ao chegar, me encaminhei para o vestiário feminino. Assim que entrei, fui recebida pelas jogadoras, que me cumprimentaram com sorrisos amistosos. Me apresentei brevemente e, depois, vesti o uniforme do Palmeiras. Era uma sensação estranha vestir uma camisa nova, mas ao mesmo tempo, empolgante. Dez minutos depois, estávamos todas no campo para o treino.
O treinamento foi intenso, mas nada que eu já não tivesse enfrentado antes no Juventus ou no Real Madrid. As dinâmicas eram familiares, e a bola corria fácil nos meus pés. Terminamos o treino de campo por volta das 13 horas e, em seguida, fomos para a academia. O corpo sentia o cansaço, mas a mente estava alerta, aproveitando cada segundo.
Quando finalmente cheguei ao hotel, já eram 19 horas 50. Tinha tomado banho no próprio CT, então só me restava escolher uma roupa para a festa que Tayná e Krislane insistiram que eu fosse.
Eu estava folheando o armário, tentando decidir o que vestir, quando meu celular começou a vibrar na cama. Olhei a tela e vi que era Tayná.
— Oi!
— Oi, Tay! — respondi, tentando esconder o cansaço.
— Você ainda vai à festa? — ela perguntou com aquele tom de quem já sabia a resposta.
