Barcelona, Espanha
A lesão no tornozelo tinha testado os limites de Gavi a dor, tinha o levado ao seu máximo e provado que ele precisava sim de ajuda, que às vezes estava tudo bem não aguentar tudo sozinho. Ele não achou que pudesse existir dor maior que aquela.O que sentia agora era intenso, a dor física, nas mãos e nas pernas, era lancinante, mas ela não estava sozinha, ainda havia algo dilacerando seu coração, como se houvesse uma mão fechada em volta do órgão, apertando com força, o torturando, testando se ele conseguia voltar a vida depois de tudo, testando se conseguia voltar depois de querer tão intensamente que tudo acabasse.
Querendo que aquilo parasse, ele forçou seus olhos a se abrirem. Ainda se sentia exausto e dolorido, mas precisava que a sensação torturante passasse, precisava fazer parar ele mesmo.
Ao separar as pálpebras entretanto, se deu conta de que não havia ninguém o machucando. Pablo estava em um hospital, havia acessos e fios em seus braços, uma cânula com sangue, outra com soro, uma pequena e dolorida agulha estava em seu pulso. O aparelho de pressão fixo em seu braço, o oxímetro no dedo indicador e vários eletrodos em seu peito. A sensação de que tinha quase morrido o sufocou por um instante.
Ao tentar olhar ao redor, havia uma mulher sentada na poltrona ao lado dele, estava mexendo no celular e completamente distraída, os cabelos castanhos caindo sobre o rosto.
- Anya? - ele chamou esperançoso, sua voz rouca
Mas quando ela se virou, não foram os olhos esverdeados da namorada que o olharam, mas sim a expressão dura da mãe, olhos castanhos iguais aos dele mas um amargor que ele nunca tinha visto em si mesmo.
- Hijo! - María se levantou de uma vez e foi até ele - Como você tá?
- Ótimo - ele tentou sair das mãos dela, fazendo aquilo o doer intensamente - Cadê a Anya?
- Pablo, por favor, a gente precisa conversar.
- A gente não tem nada pra conversar, eu quero a minha namorada.
- Então você não vai nem comentar que escondeu um transtorno por anos da sua própria mãe?!
- Mudaria alguma coisa se eu tivesse contado? - ele olhou pra ela, cético. A cabeça já estava doendo, queria estar com raiva dela, mas não tinha forças nem pra aquilo - E não tem anos, tem um ano e uns meses. Mãe, você esqueceu meu aniversário, o que faria com a informação de que eu tenho um transtorno?
- Eu teria cuidado de você!
A gargalhada irônica que deixou o jogador fez seu peito arder e queimar, mas a expressão da mãe fez valer a pena, ela precisava saber que a impressão que passava era aquela.
- Ah tá bom, claro.
- Hijo... - ela continuou tentando
- VOCÊ ME ABANDONOU QUANDO EU MAIS PRECISEI DE VOCÊ! - ele gritou, rasgando a garganta e cerrando o punho, fazendo os curativos na mão arderem
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The Face of Anger - Pablo Gavi
FanficPablo Gavi vinha passando pelo inferno em sua forma mais literal possível na Terra. Não tinha paz em casa devido a polêmica enorme que sua mãe estava envolvida sendo pivô da separação de um dos casais mais famosos do mundo. Não tinha paz no relacion...