Estou correndo há quatro dias e três noites, sem dormir e sem comer, parando apenas para me hidratar. Eu não tinha percebido que meus suprimentos estavam acabando, senão eu teria recarregado minha bolsa em Yukigakure. Que vacilo.
Ugh... Será que eu vou aguentar? Acho que foi burrice ter me permitido ficar nesse estado, sabendo que eu precisaria lutar se for necessário.
Estou enfraquecendo cada vez mais. Por mais que não pareça, consigo comer mais do que devo. Treinei meu metabolismo para aguentar a pressão de ficar sem comer por alguns dias após digerir uma quantidade acima do normal. Entretanto, minha última refeição foi há quase 5 dias. A falta de atenção ainda me persegue.
Está anoitecendo. Não faço ideia de quanto tempo ainda falta até o meu destino. Devido a amnésia infantil, as lembranças do caminho que percorri à Iwagakure há 10 anos atrás são um borrão para mim no momento. Além disso, há uma diferença de distância entre Getsugakure e Yukigakure para chegar em Iwagakure, então não tenho certeza se estou no caminho certo. E, obviamente, muita coisa deve ter mudado de 10 anos para cá.
Desvio da rota para fazer uma pausa, me segurando em uma árvore para beber um pouco de água do cantil. Olho ao redor, mas não há nada além de pedras, flores, árvores e um caminho que não parece ter fim. As nuvens no céu flutuam ao norte rapidamente, graças ao vento que as sopram. A mistura de cores do céu não está nada mal. Eu poderia ficar aqui até cair a noite, mas preciso continuar.
Assim que guardo meu cantil, percebo que algo está se aproximando por sentir meu corpo estremecer de repente, e imediatamente me agacho pouco antes de ser atingida por algo. Pulo na direção oposta, mantendo distância para observar o que acabara de tentar me atacar.
Me deparo com Nuettos selvagens, a versão menor de um Nue, começando a se aglomerar perto do que me atacara, como se estivessem conversando entre si.
— Um bando de Yokais?
Me recordo deles, mas não tinha tantos assim. Eles pareciam maiores naquele tempo... Esses pequenos parecem bem ingênuos, mas são bem ferozes e são uma chatice de se lidar. Eu poderia derrotá-los em poucos segundos, mas eu gastaria minhas últimas energias para isso. Está para anoitecer, e eu não posso dormir por aqui depois de derrotá-los, pois aparentemente aqui não é seguro. Eu preciso chegar em algum lugar civilizado para descansar. Não dá para abaixar a guarda por essas bandas. Mas enfim, devo atacar ou correr?
Noto que eles estão começando a focar sua atenção em mim, então solto um suspiro cansado. Ter a possibilidade daqueles dentes acabarem encravados na minha pele não me alegra. Posiciono meus pés na trilha, optando pela segunda opção, e dou a largada na frente, deixando os Nuettos para trás. Pouco tempo depois, olho por cima do ombro ao ouvir alguns grunhidos, percebendo que não estão muito longe de mim, correndo enraivecidos em meio a empurrões.
Droga... Esses bichos são rápidos e insistentes, hein?
Foco minha atenção no caminho a frente, franzindo o cenho, começando a ficar irritada com a situação. Não tenho escolha a não ser continuar correndo. Aos poucos, sinto que estou ficando cada vez mais lenta, e os Nuettos estão cada vez mais próximos. Estou ficando um tanto preocupada.
Agora estou muito cansada para lutar... Será que era melhor eu ter derrotado eles naquela hora...?
Inesperadamente, um outro Nuetto surge das árvores ao meu lado, me pegando de surpresa e se prendendo no meu rosto, cobrindo minha visão.
— MAS QUE...?! ME LARGA, SUA ABERRAÇÃOZINHA!
Agarro-o, soltando-o do meu rosto, mas ele persiste em se segurar em mim, se agarrando no meu ombro esquerdo dessa vez, rosnando. Irritada, lhe dou um soco com a mão direita, e ele cai desacordado, ficando para trás. Como se já não bastasse, suas garras acabaram deixando um rasto no meu ombro, que agora está parcialmente sangrando.
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Gabimaru x Leitora - Redemption [Hell's Paradise/Jigokuraku]
FanfictionEm um mundo onde o sangue tinge o chão a cada passo e a morte espreita em cada esquina, seu destino se cruza com o de Gabimaru, um shinobi conhecido por sua destreza incomparável. Entre brigas violentas, desentendimentos amargos e rancores profundos...