Gabimaru x Leitora - Redemption [Hell's Paradise/Jigokuraku]

Capítulo 18

Acordo com um sobressalto, sentindo meu corpo pesado e dolorido. A primeira coisa que vejo é o rosto de Gabimaru, seus olhos arregalados, me encarando enquanto ele me segura cuidadosamente em seus braços. Seu toque é gentil, mas percebo o quão tenso ele está. Meu olhar passa por ele e encontro Yatori logo atrás, de braços cruzados, mas com um sorriso aliviado no rosto.

Eu me sento devagar, ainda tentando processar tudo, mas minha cabeça lateja como se tivesse sido atingida por algo. Aquele ataque... o golpe de Lycander... foi tão real, mas não sinto feridas no corpo.

Levo a mão à cabeça por um instante, tentando me orientar. Quando meus olhos voltam para Gabimaru, meu olhar foca na atadura enrolada em seu pescoço, o medo me invadindo de uma forma avassaladora, percebendo que a ferida dele não tinha sido apenas uma ilusão.

— Gabimaru... — arfando, mal consigo formar as palavras — Seu pescoço... M-Me perdoe. Lycander me controlou e te feriu... mas... Eu não...

— Calma, está tudo bem. Precisa de mais que um simples corte no pescoço para me matar, e o Yatori me ajudou rapidamente. — ele responde, sua expressão suave, tentando me tranquilizar.

Estou prestes a dizer algo a mais, quando, de repente, arregalei meus olhos ao sentir uma dor excruciante atravessar meu corpo como um raio. Meu corpo todo se enrijece e sou tomada por um espasmo violento. A dor é intensa demais para compreender de imediato, e em um segundo, estou de volta no chão, meus músculos se contraindo incontrolavelmente.

A dor não parece que cessará tão cedo. Sinto como se estivesse sendo estraçalhada de dentro para fora, minha mente à beira do colapso. Tudo o que lembro é que Lycander ainda está ali, preso dentro de mim, pronto para me consumir de novo.

E, mesmo assim, em meio à agonia, a única coisa que consigo pensar, entre flashes de dor, é que preciso lutar. Não posso ceder.

Eu não posso desistir agora.

Gabimaru Point of View

Ver S/n se debater no chão de repente me pega de surpresa. Seus gritos ressoando em meus ouvidos doíam na alma, como se eu estivesse sendo perfurado por diversas agulhas por todo o meu corpo.

— S/N! — grito, desesperado, tentando ir até ela, mas antes que eu pudesse alcançá-la, Yatori bloqueou o caminho com o próprio corpo e me impediu de avançar.

— NÃO! — ele exclama com firmeza — Não toque nela agora! O ritual ainda não terminou!

O som dos gritos de S/n, sua respiração ofegante e os tremores violentos que percorrem seu corpo preenchem o espaço entre nós. A dor que ela sente me rasga por dentro, e tudo o que posso fazer é assistir.

— M-Mas... Ela está sofrendo!

— Eu sei! — Yatori responde, se exaltando um pouco, mas logo se força a relaxar, sua expressão grave — Eu sei... Mas se você interferir agora, pode acabar matando-a! 

Suas palavras me atingem como um golpe. Eu quero ajudá-la, quero tirá-la dessa dor, mas não posso. O ritual está além de qualquer coisa que eu possa entender. 

Após se certificar que eu não vou mexer nenhum músculo, Yatori se afasta um pouco, sem tirar os olhos de S/n. Me questiono se isso está afetando-o de verdade para não ter nenhuma reação, mas ao olhar para ele novamente, vejo a dor em seus olhos ao encarar S/n com os olhos tremendo, tentando segurar as lágrimas.

Então, com o peito apertado e o coração pesado, eu apenas observo, esperando que o tormento termine em algum momento.

Cada segundo que S/n se contorce no chão é um golpe direto ao meu coração. Seus gritos de dor ecoam na minha mente, cada som mais agonizante que o anterior. Queria me aproximar, fazer algo, qualquer coisa, mas Yatori não permite, agora sua mão firme no meu ombro, me mantendo no lugar.