Finalmente em King Cross, Harry foi para o ponto entre a plataforma nove e dez. Por mais que tivesse lido como funcionava, ele ainda tinha medo de dar de cara na parede de tijolos. Respirando fundo, ele fechou os olhos e correu, atravessando para o outro lado.
Quando abriu os olhos novamente, estava em uma plataforma repleta de pessoas com vestes diferentes. No alto, uma placa indicava que ele estava na plataforma nove e três quartos.
Com medo de que alguém o reconhecesse como o Menino que Sobreviveu, Harry entrou rapidamente no trem que estava parado e se sentou em uma cabine vazia.
Para passar o tempo, ele pegou seu livro de poções e começou a lê-lo. Minutos depois, uma voz conhecida o interrompeu.
"Harry?" Perguntou Draco parando na entrada da cabine.
"Oi, Draco." Disse Harry. "Como vai?"
"Bem, estou confiante." Respondeu o loiro. "Posso me sentar aqui?"
"Claro." Assentiu Harry.
"Você conhece mais alguém que está aqui?" Perguntou Draco, se sentando em frente a Harry.
"Não conheço ninguém, fui criado por trouxas." Respondeu ele.
Draco arregalou os olhos de uma maneira que poderia ter sido cômica.
"Eu ouvi boatos sobre isso, mas não acreditei que fosse verdade!" Ele exclamou, indignado. "Por que diabos mandaram um bruxo para ser criado por trouxas?"
"Acho que eram os únicos parentes vivos que eu tinha." Respondeu Harry, dando de ombros.
"Ainda acho um absurdo, você deveria ter crescido no Mundo Mágico, entre o seu povo." Disse Draco, cruzando os braços. "Seria até mais seguro para você, considerando quem é."
"Seguro?" Perguntou Harry, franzindo as sobrancelhas.
"Na época da queda do Lorde das Trevas, muitos de seus seguidores queriam vingança." Contou Draco. "Você deveria ter ficado em um lugar em que pudessem protegê-lo."
"Agora isso não tem mais importância." Disse Harry. Antes que Draco começasse a tagarelar de novo, Harry perguntou:
"Conhece alguém aqui?"
"Filhos de amigos dos meus pais. Crabble, Goyle, Theodore Nott e Pansy Parkinson." Respondeu o loiro, ainda parecendo incomodado.
Harry ia fazer um comentário, mas a porta da cabine se abriu de repente, revelando uma garota de cabelos castanhos enrolados.
"Vocês viram um sapo?" Ela perguntou com uma expressão mandona. "Um menino chamado Neville perdeu o dele."
Draco fez uma cara de desgosto para ela, mas respondeu:
"Tive a impressão de ter visto um duas cabines ao lado."
"Obrigada." Disse a garota, erguendo o queixo. Com um olhar sério, ela deu meia volta e saiu.
"Ela tem um ar…" Draco começou a dizer, mas Harry o interrompeu.
"Autoritário?" Disse ele com uma risada.
"Exatamente." Concordou Draco, rindo de volta. "Você pretende jogar quadribol em Hogwarts?"
"Não sei ainda." Respondeu Harry. Talvez, se ele aprendesse a jogar e tivesse talento, ele tentasse entrar no time.
"Meu pai disse que eu deveria estar no time da minha casa." Disse Draco.
"Mas você quer isso?" Perguntou Harry.
"Claro, eu adoro quadribol." Respondeu Draco. Harry acreditava nele, mas teve a impressão de que uma parte dele faria aquilo para agradar o pai.
"Ainda acha que vai ser selecionado para a Sonserina?" Perguntou Harry, mudando de assunto.
"Tenho certeza." Respondeu Draco com um sorriso convencido. "E você, já sabe em qual casa quer estar?"
"Não." Disse Harry. "Vou apenas deixar o Chapéu Seletor fazer seu trabalho."
"Para qual aula você está mais animado?" Perguntou Draco. "Acho que vou amar poções."
"Estou mais animado para feitiços." Respondeu Harry. Quando lera os livros didáticos, aquela parecia a matéria mais interessante.
"Minha mãe diz que feitiços é matéria mais importante que você vai aprender lá." Disse Draco. Harry não conhecia a mulher, mas concordava com ela.
Por algum tempo, Harry e Draco conversaram e tentaram se conhecer. Harry percebeu que Draco era pomposo e até um pouco mimado, mas ainda assim gostou dele. Talvez se tornassem amigos.
Depois de muito conversar, eles pegaram seus livros didáticos para revisar. Harry aproveitou que Draco tinha mais conhecimento do Mundo Mágico para tirar suas dúvidas com ele.
A garota de cabelos enrolados, quando os viu lendo, pediu para se juntar a eles. Draco fez uma careta, mas permitiu que ela se sentasse. O nome dela era Hermione Granger e era incrivelmente inteligente. Como sua mãe, ela era nascida-trouxa e crescera no mundo trouxa.
Draco e Hermione pareciam não ter gostado nem um pouco um do outro. O loiro lançava olhares desdenhosos para ela enquanto ela o olhava com desgosto.
Até o fim da viagem, os três leram em silêncio. Quando o trem parou, eles saíram da cabine e acompanharam os outros alunos para fora do veículo, até uma plataforma escura.
"Alunos do primeiro ano!" Hagrid gritava, sorridente. Um grupo de alunos, incluindo Harry, Draco e Hermione, foram até o homem. "Venham comigo!"
Eles seguiram Hagrid por um caminhos escuro, enquanto os alunos conversavam animados. Um garoto ruivo a frente deles conversava com um garoto moreno, alegando ter medo da seleção pois seus irmãos contaram que ele teria que lutar com um troll. Harry balançou a cabeça, mas não interviu. Logo o menino descobriria a verdade.
Quando chegaram a um lago, subiram em barcos, que cabiam quatro alunos. Uma garota de cabelos pretos como carvão se juntou a Harry, Draco e Hermione. Ela tinha uma postura elegante e uma expressão fria.
"Olá, Draco." Disse a garota.
"Oi, Pansy." Respondeu Draco.
Aquela devia ser Pansy Parkinson de quem Draco falara.
"E vocês, quem são?" Ela perguntou para Harry e Hermione.
"Hermione Granger."
"Harry Potter."
Se Pansy ficou surpresa, não demonstrou. Ela apenas assentiu e tirou um pelo da bainha de sua saia, a expressão ainda dura.
Ainda dentro do barco, Harry olhou para o castelo maravilhado. Era ainda maior do que ele imaginara e mais bonito do que nas pinturas. Ao olhar em volta, ele percebeu que todos pareciam encantados, até mesmo Pansy, que tinha relaxado levemente sua expressão.
Ao saírem do barco, os alunos acompanharam Hagrid até a entrada do castelo. Se Hogwarts era linda por fora, era ainda mais por dentro. Nem em seus melhores sonhos Harry imaginaria um lugar como aquele.
Uma mulher com chapéu pontudo e expressão severa os esperava. Hagrid os deixou com ela, anunciando-a como Professora Minerva McGonagall antes de ir.
"Bem-vindos a Hogwarts." Disse ela. "O banquete de abertura do ano letivo vai começar daqui a pouco, mas antes de se sentarem às mesas, vocês serão selecionados por casas. Enquanto estiverem aqui, sua casa será uma espécie de família em Hogwarts. Vocês assistirão a aulas com o restante dos alunos de sua casa, dormirão no dormitório da casa e passarão o tempo livre na sala comunal." Explicou a professora. “As quatro casas chamam-se Grifinória, Lufa-Lufa, Corvinal e Sonserina. Cada casa tem sua história honrosa e cada uma produziu bruxas e bruxos extraordinários. Enquanto estiverem em Hogwarts os seus acertos renderão pontos para sua casa, enquanto os erros a farão perder. No fim do ano, a casa com o maior número de pontos receberá a taça da casa, uma grande honra."
Os alunos a acompanharam pelo castelo iluminado por lamparinas até chegarem em frente a uma grande porta. Nervosos, eles aguardaram por alguns minutos até que um grupo de fantasmas passou por eles, arrancando suspiro.
Apesar de ter lido sobre fantasmas, Harry não podia deixar de ficar impressionado com a visão. Era assustador e maravilhoso ao mesmo tempo.
Quando a professora McGonagall anunciou que estava na hora, Harry e Draco trocaram um olhar e a seguiram. O Chapéu Seletor tomaria sua decisão.
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Um Trajeto Inesperado - Livro 1
FanfictionAo chegar em Hogwarts, Harry não é exatamente o que o Mundo Bruxo espera que ele seja. Não gosta da ideia de ser um um salvador, não é selecionado para a Grifinória e certamente não é uma réplica de James Potter. O que aconteceria se Harry seguisse...