CAPÍTULO 8

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Era quase a hora do toque de recolher e Harry estava voltando da biblioteca. Ele apressou o passo, da última vez que estivera em uma situação como aquela, acabara de frente com um cão de três cabeças.

Harry estava próximo ao corredor proibido quando ouviu passos. Ele parou abruptamente e pressionou as costas contra uma coluna, tentando se esconder. Na frente da porta de madeira, estava Quirrell. Ele parou rapidamente e passou a mão pela maçaneta, como se refletisse. Em seguida, continuou andando.

A teoria de Harry, antes maluca, começava a fazer sentido. E se Quirrell tivesse soltado o trasgo como distração para o que quer que o cachorro estivesse guardando?

Quando Harry voltou para o dormitório, compartilhou sua teoria com Draco, que parecia duvidar.

"Quirrell, sério?" Draco bufou. "Ele é apenas um idiota que tem medo da própria sombra."

"E se não for? E se for isso que ele quer que pensem?" Questionou Harry.

Draco balançou a cabeça em descrença, mas disse:

"Talvez, vamos ficar de olho."

"Vou perguntar a Hagrid amanhã. Ele está na escola há muitos anos, deve conhecer muito bem Quirrell."

Naquele momento, Theo e Blásio entraram no quarto.

"Eu ouvi o nome de Quirrell?" Perguntou Nott. "Existem tantos assuntos mais interessantes para uma conversa."

"Concordo." Murmurou Draco.

"Só estava dizendo que todo aquele alho na sala dele me dá enjoos." Disse Harry, tentando disfarçar o real assunto da conversa.

"Eu amava alho." Disse Zabini. "Mas depois que comecei a sentir o cheiro nele, nunca mais consegui comer."

Aparentemente, eles tinham acreditado nas palavras de Harry. Por quase uma hora, os garotos reclamaram de Quirrell e outros professores que os desagradavam.

Na manhã seguinte, aconteceu o jogo de quadribol da Sonserina contra a Grifinória. Harry assistiu atentamente, absorvendo tudo o que podia. Uma coisa era ler sobre quadribol, outra coisa era ver uma partida ao vivo. Era muito melhor do que qualquer outro esporte que ele já assistira, a velocidade e a altura tornava tudo mais emocionante.

Hermione, que estava sentada ao lado dos sonserinos, lia um livro e nem olhava para os jogadores, alegando que quadribol era um jogo perigosíssimo e não deveria ser jogado em uma escola. Pansy, que também não parecia muito empolgada com o jogo, lia uma revista de moda. Harry e Draco, por outro lado, assistiam a tudo com empolgação.

Ao fim do jogo, a Sonserina saiu vitoriosa após uma excelente captura do apanhador.

Quando estavam todos voltando ao castelo, Harry foi em direção a cabana de Hagrid, com Draco, Hermione e Pansy atrás dele.

"Por que está indo ver Hagrid?" Perguntou Hermione.

"Vou perguntar sobre Quirrell." Respondeu Harry.

"Quirrell?" Perguntou Hermione, confusa.

"Harry acha que ele está tentando roubar o que o cérbero está guardando." Explicou Draco.

"Cérbero?" Perguntou Pansy, erguendo as sobrancelhas.

Draco atualizou Pansy sobre os últimos acontecimentos e contou a Hermione sobre a teoria de Harry.

"Quirrell não me parece alguém que roubaria algo de Dumbledore." Disse Hermione. "Ele me parece…"

"Patético?" Completou Draco.

"Acho que Harry tem razão." Disse Pansy. "Nunca se pode confiar em alguém que se faça de bobo."

Os quatro foram rapidamente até a cabana de Hagrid, andando rapidamente. O homem os recebeu com um sorriso caloroso.

"Olá crianças." Disse ele.

Os quatro entraram e Harry notou que Draco estava se esforçando para não fazer uma careta pela aparência da casa.

"Olá Hagrid." Disse Harry. "Esses são Draco e Pansy."

"Sim, me lembro deles com você no primeiro dia." Disse Hagrid. Ao lado dele, Canino abanava o rabo enquanto Pansy o acariciava na cabeça. "Parece que Canino gostou dela."

"Tenho jeito com animais." Disse Pansy.

"Só falta ter jeito com pessoas." Murmurou Draco.

"Olha quem fala." Bufou Hermione.

Antes que Draco e Hermione embarcassem em uma discussão, Harry perguntou:

"Hagrid, o que você acha de Quirrell?"

"É um cara estranho, mas uma boa pessoa." Respondeu Hagrid.

"Ele sempre foi tão… assustado?" Perguntou Pansy. Harry teve a impressão de que ela ia usar uma palavra bem menos lisonjeira.

"Não, antes da visita dele à Albânia, ele não era assim." Respondeu Hagrid.

"O que aconteceu nessa viagem?" Perguntou Harry.

"Algo com vampiros, não sei ao certo." Respondeu Hagrid. "O que exatamente está querendo saber?"

"Harry acha que Quirrell está tentando roubar o que quer que aquele cão de três cabeças está guardando." Disse Draco.

"Conheceram o Fofo?" Perguntou Hagrid.

"O nome daquela besta é fofo?" Disse Draco, arregalando os olhos.

"Sim, eu mesmo o nomeei." Disse Hagrid. "E em relação a Quirrell, essa é a teoria mais maluca que já ouvi. Por que ele faria isso?"

"Não sei, depende do que o cachorro está guardando." Disse Harry.

"Fique fora desse assunto, isso só diz respeito a Dumbledore e Nicolau Flamel." Disse Hagrid.

"Nicolau Flamel?" Perguntou Hermione.

"Eu não devia ter dito isso." Murmurou Hagrid.

"Quem é…"

"Vou comprar carne para o Canino comer." Disse Hagrid antes que Harry terminasse a pergunta. Ele foi em direção à porta e saiu rapidamente. "Até mais, crianças."

Sozinhos, os quatro começaram a especular quem seria Nicolau Flamel.

"Esse nome não me é estranho." Murmurou Hermione.

"Também tenho certeza que já ouvi em algum lugar." Disse Pansy.

"Hermione poderia fazer o que faz de melhor e procurar em alguns livros." Disse Draco.

"Eu farei isso." Afirmou Hermione.

"Em relação à Quirrell, o que acham?" Perguntou Harry.

"Acho que alguma coisa aconteceu na Albânia e não teve nada a ver com vampiros." Respondeu Pansy.

"Acho que algo mudou e ele teve que parecer inofensivo para não levantar suspeitas." Disse Harry.

"Sim, já tive a impressão de que a gagueira dele é forçada." Contou Pansy.

"Ele ainda me parece patético." Disse Draco.

"Quando expormos a verdade, aprenderá uma lição, Draco." Falou Pansy.

"Acho que Harry e Pansy podem ter razão." Admitiu Hermione. "Pensando bem, já vi Snape lançando uns olhares desconfiados para ele."

"Acha que Snape desconfia dele?" Perguntou Draco.

"Talvez, mas não conta muito, ele parece desconfiar de todo mundo."  Disse Hermione dando de ombros.

Harry fez uma nota mental de falar com Snape quando tivesse mais informações. Ele tinha a impressão de que o professor acreditaria nele.

Quando voltou ao castelo, Harry tentou focar em seus afazeres escolares pelo resto do dia. Mesmo que tenha tentado, cada vez mais perguntas surgiam em sua cabeça sobre o que o cérbero estava guardando. Tudo o que ele sabia é que era algo extremamente valioso que Dumbledore e Nicolau Flamel, quem quer que fosse, queriam proteger a todo custo.



Um Trajeto Inesperado - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora