CAPÍTULO 5

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Os cochichos seguiam Harry onde quer que ele fosse.

"É aquele ali, do lado do garoto loiro."

"Como é possível que ele esteja na Sonserina?"

"Será que ele derrotou Você-sabe-quem porque era um bruxo das trevas mais poderoso?"

Draco, que tinha percebido o desconforto de Harry, tentava distraí-lo falando sobre aulas e quadribol sem parar sempre que começavam a cochichar. Harry era grato a ele, não só por aquilo, mas também por ajudá-lo a se adaptar. Se não fosse por Draco, Harry já teria se perdido umas cem vezes no castelo e ficado completamente confuso em relação às falas de alguns alunos.

Tirando os burburinhos, as primeiras aulas de Harry foram ótimas, muito melhores do que ele esperava.

As aulas de feitiços, herbologia e defesa contra as artes das trevas foram teóricas. Já em transfiguração, aula dividida com os grifinórios, a Professora McGonagall os instruiu a transformar um palito de fósforo em uma agulha. Apenas Harry, Draco e Hermione conseguiram produzir algum efeito, sendo que somente a garota conseguiu transfigurar com perfeição.

Finalmente, chegara o dia que ele teria poções com o Professor Snape. Ele ainda não sabia o que pensar do professor, mas estava ansioso para sua aula.

Snape entrou na sala com uma expressão fria, sua capa preta balançando conforme ele andava. Ele fez a chamada e começou a dar uma introdução sobre o assunto:

"Vocês estão aqui para aprender a ciência sutil e a arte exata do preparo de poções." Disse ele. Falava baixo, mas seu tom firme mantinha a atenção de todos na sala. "Como aqui não fazemos gestos tolos, muitos de vocês podem pensar que isto não é magia. Não espero que vocês realmente entendam a beleza de um caldeirão cozinhando em fogo lento, com a fumaça a tremeluzir, o delicado poder dos líquidos que fluem pelas veias humanas e enfeitiçam a mente, confundem os sentidos... Posso ensinar-lhes a engarrafar fama, a cozinhar glória, até a zumbificar, se não forem o bando de imbecis que geralmente me mandam ensinar."

Todos olharam apreensivos ou ansiosos para o professor.

"Potter!" Ele chamou. "O que eu obteria se adicionasse raiz de asfódelo em pó a uma infusão de losna?"

Harry tentou se lembrar do livro que tinha lido, mas teve dificuldade. Ele se lembrava vagamente disso, era alguma poção de sono, algo muito forte…

"A poção do morto-vivo, senhor." Respondeu, se lembrando de repente.

Como Snape poderia esperar que alguém soubesse aquilo no primeiro dia de aula? Fora pura sorte que Harry se lembrara do que tinha lido. Talvez seja por esse motivo que o professor lhe enviara um olhar levemente impressionado.

"Weasley!" Snape chamou. "Se eu lhe pedisse, onde você iria buscar bezoar?"

No estômago de uma cabra, Harry pensou. Essa não era tão difícil, mas ele ainda não achava necessário cobrar na primeira aula.

"Não sei, senhor." Respondeu Weasley, enquanto Hermione parecia ansiosa para dar a resposta certa.

Snape franziu os lábios e chamou outro aluno.

"Longbottom! Qual é a diferença entre acônito licoctono e acônito lapelo?"

"N-não há diferença, senhor. São do mesmo gênero botânico." Respondeu o menino, tremendo de nervosismo.

O resto da aula correu bem, comparado ao início. Snape os instruiu a preparar uma poção simples para curar furúnculos e, tirando Longbottom que explodiu o próprio caldeirão, todos foram bem ou razoáveis. Claro que isso não impediu Snape de criticar a quase todos, exceto Harry e Draco, elogiando-os pelo preparo.

Um Trajeto Inesperado - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora