CAPÍTULO 9

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No fim de semana, Draco teve a brilhante ideia de voar com Harry. Como não tinham vassouras, ele pegara duas vassouras do armário de Madame Hooch.

"Você roubou isso?" Perguntou Harry.

"Eu peguei emprestado." Respondeu Draco, contendo a vontade de revirar os olhos.

"Ela não sabe, então não é empréstimo." Disse Harry, erguendo as sobrancelhas.

"Eu vou devolver, então sim, é um empréstimo." Retrucou Draco.

Harry soltou uma risada e montou na vassoura. Draco fez o mesmo, indo atrás de seu amigo no ar.

Draco não esperava que fosse realmente se tornar amigo de Harry, as vezes a situação ainda lhe parecia irreal.

Antes de Draco entrar em Hogwarts, Lucio mandara o filho ficar de olho em Harry. No entanto, ele não estava exatamente satisfeito com aquilo, afinal, ficar de olho não significava fazer amizade. Mas Draco não se importava, não tinha feito amizade com Harry porque seu pai mandara e sim porque ele parecia legal.

Lucio certamente ficaria furioso se descobrisse que Draco era amigo de Hermione, mas ele também não se importava. Inicialmente, Draco não tinha gostado da garota por conta de seu status de sangue, no entanto, ao conviver todos os dias com ela, percebera que ela era brilhante e poderosa, não tinha como ser inferior a ele.

Conhecer Hermione foi um divisor de águas para Draco. Conviver com alguém que antes chamaria de sangue-ruim, mostrara a ele que o que Lúcio dizia não fazia muito sentido. Ele dizia que o poder dos nascidos-trouxas era inferior, mas não era verdade. Ele dizia que não tinham instrução por terem crescido entre trouxas, mas Hermione e Harry cresceram naquele meio e estavam acompanhando as aulas muito bem. Ele dizia que não deviam ter permissão de se misturar com bruxos de verdade, mas qual era a diferença entre eles?

Draco estava confuso em relação a tudo aquilo. A única certeza que tinha era que Hermione era tão mágica quanto ele.

A pequena bola que Harry jogou o tirou de seus pensamentos. Graças a seus ótimos reflexos, Draco pegou e jogou de volta para seu amigo, que também pegou rapidamente.

Enquanto brincavam, Draco observou como Harry era em uma vassoura. E ele era brilhante. Ágil, leve, veloz e com reflexos melhores que os do próprio Draco. Harry era um apanhador nato.

Draco pensava em fazer o teste para apanhador no ano seguinte, mas mudou de ideia naquele instante. A Sonserina precisava de Harry como apanhador, Draco se sairia melhor como artilheiro. Na verdade, com o talento de Draco, ele sabia que se sairia bem em qualquer posição.

Quando os meninos se cansaram e desceram das vassouras, Harry começou a tagarelar sobre Quirrell novamente. Draco apenas ouviu, ainda achando que aquilo era apenas uma maluca teoria da conspiração.

Talvez mais tarde Harry enxergasse a razão.

Depois de investigar o que o garoto Potter lhe contara, Severo foi falar com Dumbledore.

"Olá, Severo." Disse o diretor. "O que te traz aqui essa tarde?"

"Vim falar sobre o garoto Potter." Responder Severo, sem se dar ao trabalho de sentar.

"Se veio reclamar sobre como ele é parecido com James…"

"Por que diabos o mandou para ser criado por Petúnia Evans?" Perguntou Severo, sem conseguir se conter.

"Ela era a única família que o restava." Respondeu Dumbledore, calmamente.

"Você me prometeu que ele estaria seguro." Disse Severo, cerrando a mandíbula.

"E ele estava."

"Aquelas pessoas o maltrataram durante a vida toda, você acha que ele estava seguro?" Zombou Snape.

Dumbledore prometera que o garoto Potter cresceria bem, que estaria seguro. O problema é que para o diretor Voldemort parecia ser o único perigo.

"Como chegou à conclusão de que eles o maltrataram?" Perguntou Dumbledore.

"O garoto mencionou por cima e eu fui investigar." Respondeu Severo. Na verdade, ele fizera uma visita a Petúnia e a dopara com veritaserum para que confessasse tudo. "Ele dormia em um armário, era tratado como um elfo doméstico. Na verdade, até Lucio Malfoy trata melhor o elfo dele."

"Tenho certeza de que está exagerando." Disse Dumbledore.

"Sabe que detesto exageros." Disse Severo, usando a oclumência para controlar sua raiva.

"Infelizmente, não há nada que podemos fazer a respeito." Disse Dumbledore, balançando a cabeça. "Quando Lily se sacrificou por Harry, ela mexeu com uma magia antiga, uma magia que protegeu aqueles com seu sangue contra Voldemort. Harry tem que ficar com Petúnia, assim as alas impedirão que Voldemort chegue perto dele."

"Existem outras proteções que poderiam ser colocadas em uma outra casa, com outra pessoa." Argumentou Severo.

"Essa magia impede Voldemort de tocar em Harry, nenhuma outra proteção seria tão eficaz."

"Acha mesmo que o Lorde das Trevas precisaria tocar em Potter para machucá-lo?"

"Acredite, Severo. Infelizmente, essa é a opção mais segura."

"Se você diz…"

Mas Severo não acreditava no velho. Ele saiu da sala do diretor decidido a encontrar alguém que pudesse cuidar do garoto. Mesmo que tivesse que ir contra Dumbledore, ele faria isso.

Um Trajeto Inesperado - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora