CAPÍTULO 15

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Harry não conseguia abrir os olhos, mas ouvia vozes próximas a ele, levemente consciente.

"Devia ter deixado Minerva lidar com a situação sozinha, Severo." Disse um homem. Dumbledore, ele percebeu. "Não podia ter se revelado a ele tão cedo."

"Eu fiz o que tinha que ser feito." Disse a voz de Snape. "Além disso, ele nunca mais confiaria em mim novamente."

"Nós dois sabemos que você é habilidoso o bastante para ganhar a confiança dele." Disse Dumbledore.

Finalmente, Harry conseguiu reunir força o bastante para abrir os olhos.

"Professor Snape?" Ele chamou o professor, que estava ao lado de Dumbledore. "O que aconteceu?"

"Você foi deixado inconsciente pelo Lorde das Trevas." Respondeu Snape. "Posso saber por que me desobedeceu e saiu do dormitório?"

"Eu estava preocupado." Respondeu Harry, conseguindo se sentar na maca. "Eu não planejava ir atrás da Pedra, eu juro, só queria saber se estava tudo bem."

"O que sentiu quando Voldemort passou por você, Harry?" Perguntou Dumbledore.

"Uma dor horrível na minha cicatriz." Respondeu Harry, levando a mão à testa. "Mas foi estranho, porque a sombra dele também pareceu sentir dor quando me encostou, como se estivesse sendo repelida."

"Existe um motivo para isso." Disse Dumbledore. "Veja bem, sua mãe morreu para salvar você e se existe uma coisa que Voldemort não consegue compreender é o amor. O amor que sua mãe tinha por você era tão grande que deixou uma marca. Não é uma cicatriz, não é um sinal visível... ter sido amado tão profundamente, mesmo que a pessoa que nos amou já tenha morrido, nos confere uma proteção eterna. Está entranhada em nossa pele. Por isso a sombra que é Voldemort foi repelida de  você."

"O que aconteceu com a Pedra?" Perguntou Harry, tentando não pensar em sua mãe morrendo.

"O professor Snape e a professora McGonagall impediram que fosse roubada." Respondeu Dumbledore.

"Era mesmo Quirrell tentando roubá-la?" Perguntou Harry, mesmo já tendo certeza da resposta.

"Sim." Confirmou Snape. "Quirrell com o Lorde das Trevas na nuca como um parasita."

"Como assim?" Perguntou Harry, arregalando os olhos em espanto.

"De alguma forma o Lorde das Trevas estava compartilhando um corpo com Quirrell." Respondeu Snape. "O rosto dele estava na nuca do homem, por isso o turbante."

"Oh, Merlin, deve ter sido uma visão horrível." Murmurou Harry.

"Com certeza foi." Disse Snape, franzindo os lábios em desgosto.

Dumbledore deve ter visto que Harry tinha muitas dúvidas no olhar, pois disse.

"Se tiver mais alguma pergunta, Harry, qualquer pergunta, pode fazê-la."

"Senhor, tenho me questionado sobre uma coisa há um tempo, algo que não sai da minha cabeça." Confessou Harry. "Voldemort matou meus pais para chegar até mim. Por que ele queria me matar?"

"Temo que não possa te responder isso, meu garoto, pelo menos não agora." Disse Dumbledore. "Sei que é frustrante ouvir isso, mas quando você for mais velho te contarei."

Harry segurou a vontade de revirar os olhos. Claro, ele podia fazer qualquer pergunta.

"Senhor, mais uma pergunta." Disse ele, esperando que o diretor respondesse. "Você sabe quem enviou aquela capa de invisibilidade para mim?"

"Eu mesmo a enviei." Disse Dumbledore. "Seu pai deixou comigo pouco antes de partir, achei que deveria ter uma lembrança dele." Ele contou. "E fique tranquilo, a capa será devolvida a você ainda hoje, quando sair da enfermaria."

Algo parecia errado naquela história, como se um ponto estivesse faltando.
Antes que Harry pudesse pensar mais sobre aquilo, a voz de Pansy irrompeu do lado de fora da enfermaria, gritando como ele nunca tinha ouvido.

"Nos deixe vê-lo agora!"

"Deixe que o vejam, Poppy." Disse Dumbledore, alto para que Madame Pomfrey ouvisse. "Ele parece bem para ver os amigos."

"Entrem, vamos." Disse Madame Pomfrey, abrindo a porta a contragosto.

Hermione, Draco e Pansy entraram e correram até Harry, parecendo em dúvida se o abraçavam ou se ele estava fraco demais para isso.

"Você está bem?" Perguntou Pansy.

"Estou perfeitamente bem." Respondeu Harry.

"Quase tive um treco quando acordei e vi que você tinha sumido." Disse Draco.

"Tem certeza que está bem?" Perguntou Hermione

"Sim." Respondeu Harry novamente.

"Então nos conte o que aconteceu." Disse Pansy.

Harry contou a eles sobre ter ido ao corredor do terceiro andar e ter sido atacado pela sombra de Voldemort. Então contou a eles tudo o que Snape e Dumbledore tinham contado sobre a Pedra, Quirrell e seu parasita na nuca.

"Quer dizer que estivemos no mesmo ambiente que o Lorde das Trevas por um ano inteiro?" Perguntou Draco, horrorizado.

"É exatamente o que eu quero dizer." Confirmou Harry.

"Oh, Merlin." Murmurou Hermione.

"E onde ele está agora?" Perguntou Pansy.

"Por aí, procurando um novo hospedeiro." Respondeu Harry. Ele só esperava que nunca encontrasse.

À noite, na festa de fim de ano, o salão principal estava decorado por várias bandeiras da Sonserina, já anunciando quem venceu a Taça das Casas.

Assim que o salão estava cheio, Dumbledore foi até a frente e começou seu discurso.

"Mais um ano que passou!" Disse Dumbledore alegremente. "É preciso incomodar vocês com a falação asmática de um velho antes que possamos aproveitar este delicioso banquete. E que ano tivemos! Espero que as suas cabeças estejam um pouquinho menos ocas do que antes... vocês têm o verão inteiro para esvaziá-las muito bem, antes do próximo ano letivo." Falou o diretor em um tom sereno.  “Agora, a taça das casas deve ser entregue e a contagem de pontos é a seguinte: em quarto lugar Lufa-lufa, com trezentos e cinquenta e dois pontos pontos; em terceiro, Grifinória, com trezentos e sessenta e dois pontos; Corvinal, com quatrocentos e vinte e seis; e Sonserina com quatrocentos e trinta e dois pontos. Portanto, a Sonserina é a campeã da Taça das Casas!”

Os gritos de comemoração irromperam na mesa da Sonserina, todos se abraçando e comemorando. Harry abraçou Draco, Pansy, Theo e Blásio, rindo com eles e brindando com suco de abóbora.

Aquela foi uma ótima maneira de fechar o ano com chave de ouro.

Ao embarcar de volta no Expresso Hogwarts, Harry se sentou em uma cabine com Draco, Pansy e Hermione, que faziam planos para as férias.

Harry apenas os observava, pensando em como ia sentir falta deles nos próximos três meses. Ele não sabia como lidaria com aquele tempo sem eles, com Duda sendo o único garoto da sua idade por perto.

Voltar para a casa dos Dursley seria como acordar de um sonho muito bom e se deparar com uma terrível realidade. Mas seus meses em Hogwarts não tinham sido um sonho, tinham sido reais. Ele fizera amigos, aprendera coisas novas e se divertira. Ele tinha sido feliz.

"Prometa que vai escrever para a gente." Disse Pansy, quando desceram do trem.

"Claro que vou." Disse Harry.

"Até logo, Harry." Disse Hermione, se despedindo dele com um abraço.

"Nos vemos em setembro." Disse Draco, dando um tapinha no ombro dele.

Harry mal podia esperar. Quando foi ao encontro de Válter, ele torceu para que os próximos três meses corressem rápido.


Um Trajeto Inesperado - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora