CAPÍTULO 14

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Severo estava indo rapidamente em direção a sala de Dumbledore quando encontrou Minerva no corredor próximo.

"Minerva!" Ele chamou.

"Severo, está tudo…"

"Onde está Alvo?" Perguntou Severo.

"Recebeu uma carta urgente do Ministério, teve que ir." Respondeu Minerva.

"Que conveniente." Murmurou Severo.

"O que quer dizer, Severo?" Perguntou Minerva, desconfiada.

"O que quero dizer é que a Pedra está desprotegida justo no momento em que estão tentando roubá-la."

"Mas as proteções que colocamos certamente vão dar conta."

"Aquelas proteções são uma piada, Minerva." Disse Severo, exasperado. "Um aluno do primeiro ano passaria por elas."

"Alvo colocou a própria proteção, tenho certeza que será impenetrável." Disse Minerva, convicta.

"Proteção essa que ele se recusa a dizer o que é." Zombou Severo. "O fato é que estou certo de que alguém tentará roubar a Pedra essa noite e, se não fizermos nada, essa pessoa terá sucesso."

"Vamos ficar de guarda, se é o que quer." Disse Minerva, mas ainda não parecia convencida.

Os dois professores foram até o corredor do terceiro andar, no entanto, ao chegar lá escutaram uma música tocando. Ao conferir a fera, viram que estava dormindo profundamente ao som de uma harpa que não parava de tocar, deixando o alçapão completamente desprotegido.

"Parece que você estava certo." Murmurou Minerva.

"É claro que eu estava certo." Disse Severo. "Vamos, antes que seja tarde."

Não foi preciso muito esforço para que passassem pelas proteções, que eram ridículas. A equipe de professores tinha poder e conhecimento o bastante para criar proteções muito mais reforçadas, no entanto, Dumbledore solicitara que aquelas proteções fossem feitas, como se fossem uma gincana. Primeiramente, Severo atribuíra aquilo ao senso de humor deturpado do velho, mas naquele momento, ele suspeitava que Dumbledore, por alguma razão, queria que alguém fosse atrás da Pedra.

Eles chegaram a uma espécie de salão, onde encontraram um grande espelho e exatamente quem Severo esperava em frente a ele. Felizmente, não havia sinais do Lorde das Trevas.

"Quirino?" Perguntou Minerva, chocada apesar dos avisos de Severo.

"Ainda se surpreende, Minerva?" Murmurou Snape.

"Você foi o único que desconfiou, Severo." Disse Quirrell, se virando para eles. "Fiz muito bem o meu papel de p-professor a-assustado."

"Eu não ficaria tão convencido." Zombou Severo. "Recebi queixas de quatro crianças do primeiro ano que desconfiavam de você."

"Deixe-me adivinhar, Harry Potter e seus amigos." Disse Quirrell. "Eles não conseguiam disfarçar seus olhares."

Minerva, que parecia ter se recuperado do choque, ergueu o queixo e disse firmemente:

"Sugiro que venha com a gente, Quirrell, antes que tenhamos que tomar medidas drásticas."

"Me deixe falar com Severo." Disse uma voz que não era a de Quirrell, mas vinha do homem.

"Mestre, você não está em condições." Disse Quirrell.

Ao ouvir aquilo, uma terrível suspeita surgiu na mente de Severo.

"Posso fazer isso, deixe-me ficar cara a cara com ele." Disse a voz.

"Como quiser, mestre."

Dito isso, Quirrell se virou e desenrolou o turbante da cabeça. Minerva parecia horrorizada com a visão, enquanto Severo manteve a expressão neutra. Na parte de trás de sua cabeça tinha um rosto deformado, com olhos vermelhos e fendas no lugar do nariz. O Lorde das Trevas estava muito diferente do que Severo se lembrava.

"Severo, estou profundamente desapontado com você." Disse ele. "Meu leal servo rebaixado a um dos lacaios de Dumbledore."

"Pretende usar a Pedra para voltar a sua antiga glória?" Perguntou Severo, direto.

"Exatamente, mas suspeito que não está aqui para me ajudar." Disse Voldemort. "Vi que Harry Potter se tornou seu aluno favorito, que se apegou ao menino. Uma surpresa, considerando quem é o pai dele. Mas suponho que veja nele aquela sangue-ruim a quem era tão devoto."

"Você não vai chegar perto do garoto." Disse Severo, usando o tom que deixava seus alunos apavorados. Voldemort, é claro, não foi afetado.

"Me ajude a pegar a Pedra e não chegarei perto do garoto." Disse o Lorde das Trevas.

"Sabemos que isso não é verdade, já me prometeu que não mataria alguém antes e fez exatamente o contrário." Disse Severo, usando oclumência para afastar as lembranças de Lily de sua mente.

Ele tentava se esquecer de se ajoelhar perante aquela criatura e implorar pela vida de Lily, tentava se esquecer de encontrar o corpo dela caído no chão, sem vida.

"Temo que não me deixe opção, Severo." Disse Voldemort.

Os próximos eventos aconteceram muito rápido, tão rápido que Severo só compreendeu depois que tinham acontecido. Primeiro, Quirrell se virou, pronto para atacar. Ao mesmo tempo, Minerva lançou nele um petrificus totalus. Nem mesmo meio segundo após a bruxa lançar o feitiço, Severo lançou em Quirrell uma maldição redutora, que tendo atingido o homem logo após a maldição do corpo preso, o transformou em cinzas.

Uma névoa negra, como uma grande sombra, deixou o homem com um grito furioso. Severo percebeu que aquilo era o Lorde das Trevas, o que ele tinha se tornado.

Em menos de um segundo, a sombra tinha desaparecido, deixando Severo e Minerva olhando um para o outro, sem entender ao certo o que tinha acabado de acontecer.

Severo só esperava que Potter tivesse seguido suas instruções e permanecido no dormitório.

Potter não tinha permanecido no dormitório. Aparentemente, ele estava sozinho a caminho do corredor proibido quando se deparou com a sombra de Voldemort, que o deixou inconsciente.

Severo e Minerva o encontraram caído no chão ao lado de uma capa de invisibilidade idêntica a uma que estava com Dumbledore pouco tempo atrás.

Após levarem o garoto para Madame Pomfrey, que garantiu que ele ficaria bem em poucas horas, Severo e Minerva decidiram chamar Dumbledore.

Minerva tinha erguido a varinha para enviar um patrono quando o velho apareceu.

Ao ver a preocupação nos olhos dos dois, ele perguntou:

"O Sr. Potter foi atrás da Pedra, não foi?"

"Não, ele veio me avisar o que estava acontecendo e nós dois intervimos." Respondeu Severo, franzindo o cenho.

Após relatarem todos os acontecimentos ao diretor, Severo refletiu sobre o que tinha acabado de acontecer. Por que Dumbledore presumira que Potter tinha ido atrás da Pedra? Ele tinha dado uma capa de invisibilidade para o garoto? Ele queria que ele fosse atrás da Pedra? Não, aquilo era loucura demais até mesmo para Dumbledore. No entanto, Severo ainda tinha a sensação de que algo estava errado.

Um Trajeto Inesperado - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora