✨Capítulo VI | A primeira chave✨

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     Tendo descansado bastante, o grupo seguiu pela selva, acompanhando Buzz. Um pouco envergonhada, Jacky se aproxima de seu amigo e diz:

    — Olha Carl, eu… Queria lhe agradecer por me proteger, de verdade. Você foi muito corajoso!

     — Você sabe que eu faria qualquer coisa pra proteger minha melhor amiga, certo? Mesmo que ela seja turrona às vezes.

     Ela riu, e envolveu seu ombro enquanto andavam.

     — Aqui está ela, meus amigos! — disse Buzz, após uma hora de caminhada — A misteriosa cripta!

     Eles pararam diante de uma construção de pedra, que lembrava uma pequena casa cheia de musgo.

     — Para trás, pessoal. Não sabemos o que mais pode haver lá dentro.

     Ao abrir a porta, Darryl se deparou com uma longa escadaria que dava para o subsolo.

     — Tá… Escuro, não? — disse Jacky, com um sorriso amarelo — Carl, por que você não vai na frente? Seus olhos podem iluminar o caminho!

     — É isso aí, Carl. Estamos logo atrás de você! — encorajou Darryl.

     — Humph! — bufou, franzindo os olhos e entrando na cripta antes de todos.

     Lá dentro, seus dois olhos brilharam igualzinho a uma lanterna. O caminho era escuro e um pouco escorregadio devido ao musgo que cobria as escadas.

     — Cuidado onde pisam! — alertou ele, descendo um degrau de cada vez.

     Quanto mais fundo eles desciam, mais escuro ficava. Podiam enxergar apenas a área iluminada por Carl.

     Não demorou muito para que chegassem na metade do caminho, mas para piorar o clima de terror causado pela escuridão e o cheiro de mofo, Jacky sentiu algo andando pelo braço e ao averiguar, percebeu que se tratava do inseto mais asqueroso que já viu na vida… Uma barata!

     — AHHHHHHHHHH!!!

     Sem conter o desespero, Jacky acidentalmente empurrou Buzz, que se desequilibrou e caiu em cima dos outros, fazendo-os rolarem escadaria abaixo.

     — Sinceramente, garota. Você está me dando nos nervos! — disse Darryl.

     — O que eu podia fazer?! — gritou, se levantando — Eu tenho pavor de barata!

     — Por favor, saiam de cima! — gritou Carl, sentindo-se esmagado pelos outros.

     Tick também se mexia desesperadamente pra sair do amontoado de gente. Sentindo-se sufocado, ele acendeu seu pavio e causou uma pequena explosão, que afastou todo mundo.

     — Caramba, Tick. Isso foi desnecessário! — repreendeu Jacky, batendo a fuligem de suas roupas.

     — É, cara. Isso não foi legal! — afirmou Buzz, tossindo por causa da fumaça.

     Tick fez alguns barulhinhos, aparentemente se desculpando.

     — Perdão, marujos — disse Darryl, se levantando — O Tick é meio claustrofóbico…

     — Pessoal, olha! — exclamou Carl, apontando para uma caixinha verde em cima de um pequeno pedestal — Achamos a chave!

     O grupo se levantou de onde estava e se aproximou do pedestal.

     — Será que vai acontecer alguma coisa se a gente pegar? — indagou Buzz, com receio.

     — Só tem um jeito de descobrir — Darryl assente para Tick, que está mais perto e ele pega o baú.

     Por um tempo, todos ficam em silêncio, esperando algo acontecer, mas parece que não havia nenhuma armadilha. Então, Tick abre a caixa e se depara com uma chave verde dentro dele.

     Ele a entrega para Jacky, que sorri, feliz por estar cada vez mais perto de alcançar seu objetivo.

     — Conseguimos, tripulação! — disse, sem conter a felicidade — Nós conseguimos!

     — Maravilhoso! — diz Darryl, aliviado — Agora podemos voltar ao navio!

     O grupo sobe novamente as escadarias, dessa vez com cuidado, até retornarem à entrada.

     — Capitão, o senhor sabe o caminho de volta? — perguntou Carl.

     — Ante de sair, pus um rastreador no navio. Sei exatamente onde ele está!

     — Tudo bem se eu acompanhá-los no caminho de volta?

     — Claro, Buzz. Sem problemas!

     Ao entrarem numa mata fechada, Darryl sentiu algo acertar suas costas.

     — O que foi isso?! — perguntou, sentindo uma perfuração no seu barril.

     — Uma faca! — exclamou Jacky, retirando o projétil, que se assemelhava a uma pena.

     — Cuidado! — exclamou Carl, tirando ela do caminho de outro projétil, que por pouco atingiu o chão.

     — Estamos sendo atacados, marujos! — afirmou Darryl, socando outro projétil que vinha em sua direção — Se protejam!

     Cada um se escondeu atrás de uma árvore para evitar as facas voadoras. Quem ou o que estaria fazendo isso?

     Carl pegou a mão da Jacky e correu para trás de uma árvore de tronco grosso, onde estariam protegidos por um tempo.

     — O que será isso, Carl? — perguntou, sem conseguir disfarçar o medo.

     — Eu não sei… Mas vamos ficar quietos. Talvez ele vá embora!

     Por um momento, a chuva de facas parecia ter cessado. Darryl e Tick puseram as cabeças pra fora do tronco onde se escondiam, e Buzz emergiu de um lago ao lado. O silêncio havia se instaurado entre o grupo. Ninguém tinha coragem de dizer nada, muito menos se mexer.

     Enquanto Carl e Jacky olhavam ao redor pra ver se era seguro, eles sentiram uma respiração pesada atrás deles. Logo, uma voz aguda começou a dizer:

     — Me passe a caixa e o mapa!

     Ao ouvirem a voz, logo eles perderam o medo do que quer que estivesse atrás deles e resolveram se virar, dando de cara com o Crow.

     Jacky se segurou pra não gritar. Claramente já vira diversas criaturas estranhas ao longo de seus 22 anos, e o próprio reino era um lugar bem diversificado se tratando delas. Mas não importava, ela sempre se assustava quando via algo diferente, e a imagem de um corvo antropomórfico com uniforme de prisioneiro só piorava a situação.

     Crow encarava a garota como se pudesse fulminá-la com o olhar. A intimidação era uma de suas maiores habilidades, mesmo que sua voz não ajudasse muito, ele compensava com a postura.

     — Me dê a caixa! — exigiu, impaciente.

     — Vai se catar, passarinho! — gritou Jacky, assim que seu medo foi embora — Isso aqui é nosso!

     Com a paciência esgotada, Crow pega uma de suas penas e se aproxima da garota, mas Carl entrou na frente, dizendo:

     — Fique longe dela!

     — Cai fora, lata velha! — respondeu, golpeando Carl na cabeça, fazendo-o cair desorientado. Crow se abaixou e pegou o mapa que estava do bolso dele.

     Aterrorizada, Jacky aproveita a distração do homem corvo e foge com a caixa. Não podia entregá-la a ele, precisava daquela chave. Caso contrário, essa aventura teria sido à toa? O grupo nem havia chegado longe o suficiente!

     Pode parecer ridículo eles passarem por toda essa confusão só por causa de uma lenda, mas para a ela, aquilo tinha um grande valor. Não pelas riquezas, e sim, por imaginar a felicidade de seu avô ao ganhar algo que sempre quis, e por mostrar o quanto ele era especial pra ela. Então, não importava os riscos, ela iria conseguir a Gema Dourada. Era tudo ou nada!

     Enquanto corria por entre a floresta, desviando de árvores, trepadeiras e pedras pelo caminho, Jacky sentiu uma dor terrível no braço direito e isso a faz tropeçar e cair.

     No chão, ela percebe que uma das facas do Crow a atingiu entre o ombro e o cotovelo. Ela tentou remover, mas a dor era insuportável. Mais a frente, ela vê Crow se aproximando e pegando a caixa.

     — Não… — murmurou, tentando se levantar, mas de repente, ela começou a sentir tonteira, e voltou pro chão. O que estava acontecendo?

     — As minhas lâminas não apenas perfuram e cortam, elas envenenam! — disse ele, olhando-a de soslaio — Podíamos ter resolvido a situação sem que chegássemos a esse ponto, mas você não me deu escolha.

     Ele se aproximou dela, e sem aviso, retirou a lâmina de seu braço, fazendo a gritar de dor.

     — Não se preocupe, o veneno não vai te matar. Mas pelas próximas dez horas, além da dor excruciante, você vai sentir tonturas, febre e possivelmente terá alucinações — explicou — Após as dez horas, seu corpo voltará ao normal. Sugiro que faça um curativo nesse braço. Boa sorte, você vai precisar!

     Tendo dito isso, ele viu o restante do grupo se aproximar. Assim que viu Jacky caída ao lado de Crow, Darryl pergunta, furioso:

     — O QUE VOCÊ FEZ COM ELA?!

     — Ela vai ficar bem — disse, simplesmente — Agora me deem licença, que tenho um tesouro pra encontrar!

     Ele deu um grande salto e sumiu nas copas das árvores. Carl foi correndo auxiliar a Jacky a se levantar.

     — Você está ferida! — exclamou, ao ver o corte fundo no seu braço.

     — Ele me envenenou… — disse, com a voz fraca — E também levou o mapa e a caixa…

     — Esquece isso por um momento! — asseverou Darryl — Temos que voltar pro navio. Lá podemos tratar esse ferimento!

     Sendo o mais forte, Buzz pegou a garota no colo e correu atrás de Darryl, que dizia que o navio não estava longe.

     Quase meia hora depois, eles avistaram a praia, mas algo os surpreendeu: Crow estava lá e corria na direção do navio.

     — O que ele está fazendo?! — indagou Darryl, furioso.

     Tick chamou a atenção do capitão, apontando para o navio, e eles logo viram que o corvo não estava sozinho. Bibi e Bull estavam esperando que ele subisse para poderem ir embora.

     — ELES VÃO ROUBAR O NAVIO! — gritou, desesperado.

     Enquanto isso, Bull avistou Crow se aproximando e gritou:

     — Venha rápido! Eles estão atrás de você!

     Crow olha para trás e vê a tripulação de Darryl perseguindo-o. Quando já estava perto o bastante do navio, ele se impulsiona num grande salto e pousa no navio.

     — AGORA! TODA FORÇA A FRENTE! — Bull ordenou, e Bibi puxou uma alavanca que ligou os propulsores do navio, fazendo-o disparar pra longe da praia, deixando toda a tripulação presa na ilha.

Brawl Stars - Em busca da Gema Dourada [+12]Onde histórias criam vida. Descubra agora