Capítulo 4

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"A vida não é justa.Mas também aprendi que é possível seguir em frente,não importa quando pareça impossível. Com o tempo,a dor...diminui.Pode ser que não desapareça completamente,mas depois de um tempo não é massacrante."(Querido John)

Quando Debora desceu do carro com a ajuda de Kevin,ela ficou olhando a entrada da casa de seus pais,a onde viveu toda sua infância, adolescência, saiu dali apenas quando casou com o marido, foram tantos momentos, principalmente com sua mãe,como gostaria de ter estado com ela antes de sua morte,ter se despedido. A morena não conseguia aceitar que a vida continuará enquanto ela estava em coma.

- Está tudo bem ? - perguntou Gabriella depois de abrir o portão

- Só estava lembrando de tudo que passei nesta casa e agora vou entrar e não verei a mamãe - diz tristemente antes de passar pelo portão juntamente com Debora que segurava seu braço esquerdo e levava uma das muletas enquanto ela ainda usava a outra.

Quando já estava sentada no sofá da sala, Debora não conseguiu conter as lágrimas.

- Calma - Gabriella disse ao sentar ao lado dela - eu sei que é difícil...

- Não Gabriella,você não imagina como é saber que a vida continuou enquanto você estava lá,imobilizada,quase morta...eu não sei se consigo

- Consegue sim...eu e Kevin estamos aqui pra você - ela abraça a irmã

- Aos poucos você vai conseguir se acostumar - Kevin diz

- Você falando,até parece fácil - diz Debora ainda abraçada a irmã e Gabriella olha repreensiva para Kevin que pede desculpas e decide ir até o carro pegar a sacola da morena.

- Kevin está tão estranho - Debora diz se solta da irmã e limpa o  rosto

- Não está sendo só difícil pra você...pra ele também...perdeu o filho e ainda teve que lidar que a esposa poderia não acordar mais,ai você e fica quatro anos em coma e ele tem que enfrentar a dor da perda do filho sozinho,e quando já não tínhamos mais esperanças,você acorda... - Gabriella diz séria

- Não estou dizendo que é mais fácil pra vocês,mas pode acreditar pra mim é muito mais dificil - diz Debora diz com raiva

A morena pega as muletas para levantar do sofá,Gabriella faz menção de ajudá-la mas ela recusa. Ao conseguir levantar,ela decide ir para o andar de cima, e nesse momento Kevin aparece.

- Eu te ajudo - ele diz

- Eu quero subir sozinha,apenas leva essa muleta lá depois - ela entrega uma muleta e sobe as escadas com uma mão segurando  o corrimão e a outra com muleta.

Kevin respeita o pedido dela e vai até Gabriella.

- O que houve?

- Nada...é só que só ela quer ser a vitima da história e não quer entender o seu lado - Gabriella diz chateada

- Por favor querida...contenha-se...eu sei que é difícil termos que guardar segredo,mas é por enquanto

- Eu sei,eu concordo,não sei como ela irá reagir...tenho medo dela nunca nos perdoar - ela abaixa a cabeça e lágrimas inundam seu rosto enquanto Kevin senta ao seu lado e a abraça.

Debora caminhava no corredor,encostada na parede e ao parar em frente ao quarto de seus pais,ela ficou ali parada,pensando se devia ou não entrar,se seu pai não a reconhecesse,iria ser muito doloroso.Alguns segundos depois,ela respirou fundo e virou a maçaneta,lentamente ela entrou no quarto e viu seu pai,em pé em frente a janela.

- Pai... - ela o chamou mas ele não respondeu - pai sou eu, Debora - ao ouvir seu nome ele virou-se lentamente

- Debora ? a minha filhinha ? - ele disse meio aluado

- Sou eu pai,sua filhinha - ela disse com os olhos marejados e caminhando até ele lentamente

Ele foi mais rápido e foi até ela,abraçando-a.

- Mas você está em coma...como chegou aqui? é um sonho - ele dizia enquanto a abraçava forte

- Não paizinho,eu acordei - enquanto continua abraçando - não sabe como estava precisando do seu abraço

Os dois ficaram em silêncio por diversos minutos até ele soltá-la.

- Moça bonita que veio me visitar...quem é você e porque está usando essa muleta ? - ele perguntou inocentemente

- Papai,sou eu? - Debora pareceu não entender

- Pai ? - ele ri - eu adoraria ser pai de uma moça bonita mas eu não tenho filhos....estou noivo,quer dizer,não conta para Mariza ,mas vou pedi-la em casamento - ele faz sinal de silêncio - será que ela vai aceitar ? - ele pergunta preocupado e volta para a janela

A morena então entende que realmente seu pai estava doente,já não vivia naquela realidade. Antes de sair do quarto,ela observa ele,o guarda-roupa,a cômoda,estava tudo igual,a cara de sua mãe,ela suspirou e então decidiu sair do quarto e se deparou com Gabriella.

- Vo-você falou com ele ?

- Sim...por um momento pareceu lembrar de mim mas depois fugiu da realidade - Gabriella diz com a voz embargada

- Eu te disse,ele está com Alzheimer....vive falando coisa com coisa,as na maioria das vezes também não se lembra de mim - a mais nova diz triste

- Mas...cade meu sobrinho ? - pergunta um pouco mais animada - quero conhece-lo

- A babá deve ter levado para passear no parque,mas tarde você o verá,agora é melhor você descansar

- Sim,estou me sentindo um pouco fadigada

- Então vem,vou te levar até o quarto...mesmo quarto que era seu quando solteira,lembra ?

- Sim - Debora deu um meio sorriso - mamãe sempre conservava do mesmo jeito...ainda está como antes ? - Gabriella sorri e confirma

Dessa vez a morena aceita a ajuda da irmã e Gabriella vai com ela até o quarto.

No hospital Labres caminhava pelos corredores do hospital,"visitando" os pacientes,mas não ficava mais do que dez minutos,nenhum era como Debora,com ela era diferente,ela tinha vontade de ficar apenas lá,ouvindo-a,até mesmo quando reclamava de ter acordado ou coisa parecida. Não seria nada fácil para ela,mas sabia que teria que se acostumar que Debora voltaria a sua vida,onde não teria lugar para ela,afinal era apenas a médica que salvou sua vida,nada mais.

Save Me (Barbora)Onde histórias criam vida. Descubra agora