A Corte de Asas e Sifões

Convites

(Pov - Lisdryam)

Escondida atrás das escadas, vejo Lucien ir até a varanda na intenção de me encontrar, o que não acontece.

Eu rezava aos céus e as estrelas para que Lucien tivesse o amor e a paz que merecia, a gente se entendia sem precisar de palavras ou confissões sobre o passado, nosso olhar transmitia a mesma dor no início, éramos bloqueados do bem da vida pela dor do abuso, do abandono e da sensação de insuficiência.

Mas ele merece o amor, ele merece a paz e a compaixão que deseja aos outros, ele só não enxerga isso.

Elain também, sei que nunca fui muito próxima dela, mas eu sempre observava minhas irmãs, mesmo de longe eu sabia o que estava acontecendo, porque eu era assim, estava sempre cuidando e prezando por todos, menos por mim.

Eu estava esperançosa, enérgica e sensível, eu queria que aquilo desse certo, parecia que ver os dois felizes juntos colaria os cacos em que meu coração se encontrava.

Respirei fundo, deixando que a situação saísse dos meus pensamentos, olhei pelo cômodo procurando companhia ou algo para fazer, fingir para disfarçar.

Nada.

Não havia ninguém em que eu pudesse chegar de mansinho e puxar papo.

Meu corpo desligado se assusta e em um pulo, viro para trás quando sinto a textura de uma mão em meus ombros, queimaduras.

– Procurando alguém? - o sorriso sacana no rosto aperfeiçoado do macho.

– Por Deus Azriel, quase me mata de susto!

– Não era a intenção.

– Na verdade estava sim, procurava alguém para disfarçar que estou sozinha e sem companhia para conversar sobre assuntos que não sejam convites de ir para cama a três.

Az riu, divertido e com uma pontinha de zombaria.

– Helion?

– Sim! - disse num fiasco de vergonha, levando a mão até as têmporas fazendo uma massagem.

– Você está tão vermelha Lis, é engraçado!

– Por favor Azriel, você também não! - insisti para que mudasse de assunto.

– Quem mais ele convidou para ir com vocês?

– Não, não pergunte isso, você é cruel! - droga, ele iria me perturbar com isso.

– Vamos lá Lis, minha boca é um túmulo.

– Cassian - sussurrei quase que inaudível.

– O QUE? - Azriel se tornava outra pessoa quando estava falando comigo, o silêncio virava gritaria e escândalo, nem mesmo com Rhysand e Cassian ele conseguia ser tão extrovertido e bobão.

– Azriel cale a boca, droga! - todos cochichavam enquanto nos encarava.

– Ok ok, me desculpe! Helion é bem insistente quando se trata de Cassian.

– Eu percebi, ele disse que era a terceira vez que ele negava - deixei escapar um riso.

Nossos risos diminuíam vagarosamente enquanto andávamos até o meio da sala, os olhares nos rodeando, até que vejo o olhar de uma ruiva entre Azriel e eu.

– Eu acho que tem alguém de olho em você - cochicho como se fosse um segredo.

– Eu? Onde?

– Gwin, atrás de você, chame-a para dançar.

– Já está querendo demais Lis.

– Faça isso ou eu faço!

– Você tá me ameaçando? - disse franzindo o cenho.