Torta de amora

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(Point of view - Cassian)

Oito dias, oito dias me embebedando até o dia clarear, oito dias recebendo sermão e perguntas, oito dias em que eu não via aqueles cabelos enrolados, oito dias em que eu me deitava na cama me odiando.

Lisdryam sumiu, nenhum de nós a encontrávamos, Azriel não sabia exatamente o que estava acontecendo, mas continuava procurando.

Ela havia se escondido direitinho, eu poderia parabeniza-lá se fosse em outra ocasião.

Depois da besteira que Nestha conseguiu causar, tivemos uma briga um tanto quanto catastrófica.

Joguei ameaças e acabei a ofendendo, mas não me importei com isso no momento.

Voltei para a Casa e me tranquei em meu quarto, eu estava adoecendo sem ela, tudo estava horrível e parecia que qualquer atitude minha era um pé de guerra em qualquer ambiente.

Escutei pelos corredores que amanhã era aniversário de uma das Archerons e para meu azar, era de Lis, seria seu aniversário e ela estava longe.

Pela madrugada, torrei a paciência de Azriel e implorei para que ele a encontrasse, precisava que a achasse ainda hoje.

Mais uma madrugada em claro, amanheci em frente ao escritório de Rhys, portanto acordei com meus Grão-Senhores na cola.

– O que faz aqui a essa hora Cass? - Rhys interroga.

– Eu preciso, preciso de uma informação, preciso de notícias, qualquer coisa! - eu implorava – Escutei pelos corredores que é aniversário dela, preciso me resolver.

– Tive notícias, alguns boatos, eu não sei exatamente tudo o que aconteceu entre vocês dois, mas a levarei até o chalé nas montanhas para que ela passe o dia lá, já que imagino que o mais próximo de festejar que ela queira, seja isso! Mas se for vê-la, conserte as coisas, ela não merece sofrer, não mais! - Feyre falava como uma irmã, preocupada com sua família e eu compreendi.

Compreendi, porque quando vi Rhys se desfazer um dia após o outro, desistindo de si e da própria vida, eu queria que ele passasse aquela dor para mim.

– Eu compreendo, sinto muito e agradeço pela informação! A noite estarei lá e espero não levar um pé na bunda.

O dia se passou, Feyre saiu e depois de poucas horas retornou.

Meus pés batiam no assoalho e Rhys riu me vendo nervoso, eu estava surtando, esperando que ela me escutasse, que me perdoasse pelo mal entendido.

– Você vai resolver isso irmão, só mostre que você errou e se arrependeu, mostre que ela merece ser amada e mesmo com seus erros, você estará disposto a fazer de tudo por ela.

Quando o céu se tornou azul marinho brilhante, me encarei em frente ao espelho e respirei fundo pensando nas palavras que tinha para dizer a ela.

Voei tão rápido que minhas asas ardiam com o esforço, meu corpo estava doente e Lisdryam era meu remédio.

De longe eu via as luzes iluminando a cabana feita de madeira, tentei imaginar o que ela estaria fazendo e quando me aproximei, o cheiro de assado contornava o ar, noite a dentro.

O cheiro de amora me drogava, mas não era apenas o cheiro de Lis, ela assava algo com amoras e isso me deixou louco.

Pensei algumas vezes antes de bater à porta, uma, duas, três batidas e uma Lis de avental, coque alto e com o rosto coberto de farinha e açúcar estava ao lado da batente.

Ela era tão linda e deliciosa que eu poderia provar o açúcar em seu rosto, mas deixei que apenas meus olhos fizessem isso.

– Feliz aniversário, morceguinha!

A Corte de Asas e SifõesOnde histórias criam vida. Descubra agora