Laço

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(Pov - Cassian)

Convidei Nestha para a Queda das Estrelas, mesmo ouvindo meu coração gritar, mesmo sabendo que era a escolha errada, mesmo sabendo que poderia ferir a mim e a Lis, mas eu precisava confirmar, precisava saber se realmente era o que eu achava.

Meu coração pesou sabendo que Lis estaria sozinha, então na véspera da festa desci até o centro de Velaris e busquei a encomenda que eu havia feito, medida sob medida, apenas para que eu pudesse ver de longe que ela carregava algo que viesse de mim.

Quando todos já haviam chegado, Nestha me arrastou para um dos corredores, mas seu beijo, nosso beijo não era o que eu queria, parecia vazio, parecia errado, extremamente errado e então não pude continuar com aquilo.

– Nes, não posso, me perdoe!

– O que?

– Não posso continuar fazendo isso.

– Você tá brincando comigo né?

Eu sabia que ela estava enfurecida, mas não podia continuar enganando todos.

– Me desculpe! - pedi enquanto saia de perto da mesma.

Depois encontrei Lis correndo até o banheiro, aquilo foi a gota d'água.

Então confessei, disse tudo o que me afligia ou pelo menos falei por cima, mas ainda havia coisas que me tiravam o sono, eu estava atrás de Rhysand, precisava de respostas.

– Entre! - o comando vindo de trás da grande porta do escritório.

– Oi irmão!

– Cassian, logo cedo? Não me diga que retornou a Estival - parecia uma cobra venenosa destilando seu veneno e me irritando logo de manhã.

– Cale a boca, foi um acidente ok?

– Claro, claro, diga o que te fez me procurar tão cedo?

– Eu, eu preciso fazer algumas perguntas, mas precisa deixar isso entre a gente - suas sobrancelhas arqueando como se ele se esforçasse a entender.

– Prossiga! - a feição séria.

– Com-como descobriu que Feyre era sua parceira? - vergonha e medo balançavam minha voz.

E então a feição séria e concentrada de Rhys caiu por um barranco, quebrando em pedaços, seus olhos brilhavam e ele estava esperançoso e feliz por algo que nem podíamos ter certeza.

– Os sonhos, os pensamentos, as preocupações. Antes mesmo de conhecê-la, eu a imaginava, eu a queria ao meu lado, como minha, minha parceira, minha guardiã, minha Grã-Senhora.

Eu estava concentrado em suas palavras e só pensava nas expressões de Rhys, nas falas apaixonadas e sucumbidas por Feyre, eu queria ser assim, queria morrer por ela, matar por ela, fazê-la minha, apenas minha.

– Como posso ter certeza? - os olhos violetas ainda focados.

– No fundo sabemos, fomos criados sabendo que é algo extremamente único encontrar ou ser abençoado pela Mãe com uma parceira, paixões momentâneas e desejos carnais não nos toma tempo e sentimento, não como o Laço, se você se direciona a algo e de forma inevitável essa direção muda, não está no nosso comando irmão, já era para acontecer.

Eu estava perplexo, pensativo, minha cabeça ardia com as memórias, meus olhos lacrimejavam com dor e felicidade.

Agradeci em um sussurro, saindo do escritório, enquanto as memórias me atacavam violentamente.

As noites em que acordava no segundo andar, rondando a porta de seu quarto, as vezes em que eu viajava e passava pela sua varanda, o ciúmes que me fervia quando via Lis sorrir para algum macho, qualquer um.

E então o dia que a resgatei na floresta, passando e repassando em minha mente, até que algo dourado e brilhante se tornasse presente na memória, o que me puxou para dentro da floresta, era o laço, o laço a levou até meu escritório, a merda do laço estava ali o tempo todo, mas eu não enxergava.

Eu estava tonto, poderia cair no chão agora mesmo, nem em guerra eu ficava tão frágil.

Até que o cheiro de amora me trouxe a lucidez.

Desde a Queda das Estrelas estávamos nos vendo diariamente, conversávamos nem que fosse por minutos, pequenas carícias me animavam pelo resto dos dias.

Eu necessitava do seu toque, necessitava dela, mas não sabia como contar aquilo, não sabia se ela negaria, não sabia como ela iria reagir, talvez me odiasse a partir do momento que soubesse.

Eu precisava sair para pensar, precisava ir para longe dela, porque seu cheiro mexia comigo e dessa forma eu não seria racional, nem um pouco.

Lisdryam me inebriava, inebriava cada sentido de mim.

Avisei Az e Rhys que iria passar pelo acampamento e voltaria logo.

Logo, era o que eu pretendia, mas ainda não tinha certeza, precisava pensar na descoberta recente e no que eu faria com isso.

Então eu fui, mas o pensamento ainda ficou em Velaris, meu pensamento ainda estava em Lis.

A Corte de Asas e SifõesOnde histórias criam vida. Descubra agora