Capítulo 57

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— Por que você convidou a Sophia pra assistir a apuração com a gente? — Clara questionou assim que ficaram a sós, em casa já. — Achei que tivesse superado.

— Convidei por convidar, não foi nada demais! — Avisou sem muita vontade de dar satisfação. — Na nota que você soltou disse que a amizade prevaleceria, então pronto, encontrei uma amiga e a chamei pra cá.

— Mente que nem sente, vocês não são amigos! Tenho certeza que a convidou esperando alguma coisa!

— E daí, Clara?! Você não disse que eu devia aguardar longe dela até as eleições? Eu fiz o que me pediu, agora eu não posso mais também?

— Nem saiu o resultado das eleições ainda! Pode haver segundo turno.

— Você está se mordendo de ciúmes, não é? — Sorriu de lado, observando o bico da mulher parada como um dois de paus diante de si. — Sophia desperta o que há de pior em você.

— Deve ser porque eu sei como você vira um idiota perto dela. — Micael prendeu o riso, estava realmente bem-humorado. — Não faz essa cara de quem está prestes a rir.

— Eu acho engraçado o fato de vocês duas não se suportarem. — Deixou a risada escapar. — Uma bobeira, eu gosto das duas e ficam aí se matando à toa.

— Você o quê? — A mulher, que tinha virado de costas para esconder a careta, se virou de volta com a boca aberta de surpresa. — Você acabou de dizer que gosta de mim?

— Ah, não se emociona também. — Deu mais risada da expressão de surpresa da mulher a sua frente. — Claro que gosto, você é minha prima, você é minha assessora.

— Não estamos falando nesse sentido e você sabe bem. — Cruzou os braços. — Embora tenha vezes que parecia que nem assim gostava.

— Ah, eu mudei bastante depois que... — Parou de falar e soltou um suspiro.

— Que casou com a Sophia. — Completou mal-humorada. — Mudou mesmo, ficou irreconhecível.

— Mudei para melhor, tenho certeza que você concorda. A mesma medida que ela desperta o pior de você, desperta o melhor de mim.

— Ah, mas como é fofa! — Clara debochou. — Um anjinho.

— Para, Clara. Ela é uma fofa mesmo, embora as vezes maluca e ciumenta de pedra, mas é gentil, é amigável e tem bom coração.

— E por que é que se separaram mesmo que até hoje eu não sei? — Cruzou os braços, aguardando resposta. — Você fecha a cara e fica mal-humorado toda vez.

— Eu expulsei a mãe dela daqui de casa e ela disse que ia junto, então eu mandei ir. Já te disse isso. — Deu de ombros, triste ao se lembrar do dia, mas foi distraído pelas risadas de Clara. — Eu fiz alguma piada?

— Esse é o motivo mais ridículo pra separação que eu já ouvi. — Disse após se controlar. — Mas é lógico que vão voltar.

— Não sei bem, somos turrões demais. — Deu de ombros. — E quando ela souber que eu fiquei com você de novo vai sair daqui soltando fumaça.

— E sinceramente, farei questão de contar. — Disse afrontosa e Micael ergueu a sobrancelha sério, mas isso não durou muito tempo e ele sorriu. — Na primeira oportunidade.

— E você acha que sabotando a minha relação com a Sophia eu vou ficar com você? — Ele a observou dar de ombros. — Não estou te entendendo, Clara.

— Pode até não ficar comigo, mas só de saber que não estará com ela, eu vou ficar contente. — Tentou fazer uma cara de má, mas Micael acabou dando risada.

— Vem cá que eu vou tirar essa tua marra de vilã de novela em um instante. — E surpreendendo a mulher, pela primeira vez em todos os anos que tiveram um caso, ele a puxou para um beijo.

Um beijo calmo, uma mão em sua nuca e outra na cintura. Clara perguntou a ele algumas vezes porque não a beijava e a resposta era sempre a mesma, ele dizia não gostar de beijos. Por isso tinha tanta raiva do fato de flagrar ele e Sophia se beijando pela casa.

— Mas o que foi isso? — Perguntou surpresa quando ele a afastou com selinhos. — Quem é você?

— Gostou? Existe um lado meu que você não conhece, Clara. — Deu risada e puxou a mulher para mais um beijo. Desceu os beijos pelo pescoço e ouviu leves arquejos. E então parou. — E nem vai conhecer.

E então, entrando sem tocar a campainha, Sophia flagrou o momento íntimo no meio da sala de estar e soltou um som de nojo que assustou os dois, fez Micael se afastar num pulo, certeza que ela não teria ouvido aquele final.

— Atrapalho? — Sophia estava parada no hall com os braços cruzados e cara de poucos amigos. — Parece que bastante.

— O que você tá fazendo aqui? — Clara estava irritada, perguntou com todo rancor que podia.

— Fui convidada, minha filha.

— A apuração começa às cinco, são três horas da tarde. E mais, você não sabe tocar a porcaria da campainha? É falta de educação entrar na casa dos outros assim, você não mora mais aqui.

— Ih, ela ficou irritadinha. — Sophia debochou, prendendo o riso, e observou Micael que tinha o rosto igual. — Relaxa, gata.

— Oi, Soph. — Micael disse com um sorriso, antes de Clara responder irritada. — Algum motivo para ter vindo aqui mais cedo?

— Sim, quero conversar com você. — Sorriu para ele. — Mas se estiver muito ocupado, eu volto outro dia, não tem problema.

— O quê? Não! — Se apressou a dizer, e irritou Clara. — Você pode falar agora sem problemas.

— Micael! — Clara protestou, mas ele só virou os olhos para ela. — Você é inacreditável!

— Da licença rapidinho. — Pediu e viu a mulher pegar a bolsa no sofá e sair, ao passar por Sophia ela deu um esbarrão e quase conseguiu derrubar a loira no chão.

— VAI, ESTRESSADA! — Sophia gritou, mas Clara já havia batido a porta. — Só pra deixar claro, eu odeio ainda mais essa criatura. — Disse apontando para porta e viu Micael dar risada. 

Meu Príncipe EncantadoOnde histórias criam vida. Descubra agora