Capítulo 95

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Dois meses depois e a relação entre Sophia e Micael permanecia maravilhosa. Os dois se entendiam tão bem que não parecia que no começo brigavam à toa.

A relação com Branca se construiu de maneira leve, nenhuma das duas forçava a barra, passavam um tempo juntas, se conheciam e se adoravam. Quando o exame de DNA comprovou a maternidade, as duas ficaram radiantes.

Raquel havia sido condenada, mesmo com o advogado que Edna havia contratado. Sophia ficou aliviada, mesmo que soubesse que em alguns anos aquela mulher estaria solta novamente.

A relação com os avós também era boa, mesmo que não os visse muito, afinal moravam em São Paulo. Branca viajava sempre e passava alguns dias com a filha, nada mais a afastaria da menina.

Sophia completou vinte anos um mês antes do casamento. Micael só descobriu sobre a data um dia antes, à noite, e não conseguiu organizar nada, só pediu ao motorista que trouxesse um bolinho quando viesse trabalhar pela manhã.

**

— Parabéns pra você, nesta data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida! — Micael entrou no quarto com um pequeno bolo redondo que segurava em uma das mãos. Duas velinhas estavam em cima e a loira sorriu ao vê-lo.

— Quem te contou? — Perguntou sem tirar o sorriso do rosto, o observando enquanto se sentava ao seu lado. — Eu não gosto do meu aniversário.

— Você devia ter me contado pra que eu pudesse planejar algo legal pra hoje. — Estendeu o bolinho. — Assopra e faz um pedido bem especial.

— Eu não acredito nessas coisas, amor. — Se manteve cética e o viu rolar os olhos. — E eu acho que você também não acredita.

— E daí? Eu posso passar a acreditar se você quiser. Assopra as velinhas antes que o fogo apague.

A loira fechou os olhos, pensou por dois segundos antes de então assoprar as velas. Ganhou um beijo apaixonado do noivo, que não teve tempo de comprar nenhum presente para ela.

— Vai me contar porque odeia tanto seu aniversário e não acredita em pedidos mágicos? — Ela soltou um suspiro carregado. — Sabe que se não quiser falar, eu não vou invadir o seu espaço, né?

— Não consegue imaginar o motivo? — Ela tombou a cabeça de lado, esperando a resposta dele.

— Carlos? — Perguntou já tendo certeza da resposta. — O que ele fazia com você?

— Eu nunca pude comemorar meu aniversário como as minhas irmãs, nunca tive uma festa, ou um simples bolinho como esse aqui. — Ergueu a mão com o bolo. — Era sempre um dia pra ele me lembrar que mais um ano eu vivi as custas dele, que devia ser grata por ter tido teto e por ter sido alimentada.

— Eu sinto muito, de verdade.

— Não precisa mais sentir, graças a você hoje eu estou bem.

— Se estivesse bem, teria me contado do seu aniversário. — Sorriu sem graça ao observar a careta de chateação de Micael. — É um dia especial, celebrar o dia que nasceu o amor da minha vida é uma das minhas prioridades.

— Você fala isso, mas deixou o seu passar e eu só soube depois. — Ergueu uma sobrancelha e o viu dar risada. — É igualzinho.

— Primeiro que eu fiz aniversário enquanto estávamos separados, não dava pra te avisar. — Ela ficou surpresa ao ouvir aquilo, ainda não sabia a data, mas perguntaria à Marta. — Segundo que eu fiz trinta anos, não quero celebrar essa velhice, mas olha você? Toda linda, com vinte aninhos, uma vida de escolhas pela frente.

— Você é um fofo, obrigada por tentar me animar hoje, mas eu não estou pretendendo sair desse quarto até o dia acabar.

— É o quê? Nada disso! — Falou alto, indignado. — Você vai deixar que a violência do Carlos estrague sua vida pra sempre? Vai seguir os ensinamentos dele? Porque eu aposto que ficar trancada no quarto no dia do seu aniversário é coisa dele. Você precisa ter coragem pra quebrar esse ciclo de violência.

— Não fale como se fosse simples. Foram dezenove anos de aniversários frustrados.

— Sim, e agora que você pode fazer diferente, vai fazer igual? — Cruzou os braços ainda a observando. — Você vai levantar, se arrumar, vamos sair pra ir comprar um presente legal pra você e então almoçar com as pessoas que são importantes na sua vida.

— Vai fazer a mesma coisa no natal?

— Natal? Você não estava toda animada conversando sobre a ceia com o pessoal outro dia? — Estranhou. — Achei que não tivesse nada contra a data.

— Qualquer data comemorativa é difícil.

— Então pronto, vamos quebrar o ciclo de violência hoje, e isso inclui tudo! Quando nossos filhos vierem, vamos fazer com que acreditem que os pedidos feitos ao apagarem as velinhas são mágicos e se realizarão.

— Vamos fazê-los acreditar no Papai Noel também! — Contou empolgada.

— E no coelhinho da páscoa. — Completou achando graça da felicidade da loira.

— E NA FADA DOS DENTES TAMBÉM! — Disse alto, extremamente feliz com aquela conversa simples. — Faço questão de deixar uma moedinha debaixo do travesseiro deles.

— Isso aí! A prova de que essa história do Carlos ficou pra trás, vai ser cuidar e dar aos nossos filhos muito amor e carinho, pode ser?

— Você é maravilho, Micael. — Lhe deu um selinho. — Esse é com certeza o aniversário mais especial da minha vida.

— Eu amo você. — Iniciou um beijo quente e se amaram naquela manhã, antes de começar realmente o dia.

**

— E aí, está preparada pra se tornar a minha senhora Borges de novo? — Micael a abraçou por trás, a loira estava de pé em frente ao espelho do guarda-roupa.

— Sabe que eu sinto que nunca deixei de ser. — Sorriu e o viu balançar a cabeça. — Amanhã vai ser um dia especial.

— Todo dia ao seu lado é especial. — Lhe deu um beijo na bochecha e se afastou, indo até a cama. — Mas sim, amanhã será o mais especial de todos os dias.

— Pelo menos até nascer nossos filhos. — Os dois sorriram. — Você é... — Ela se interrompeu e observou Micael franzir a testa.

— O que ia dizer?

— Ia dizer que você é meu maior acerto, mas não é, né amor, você foi o maior acerto do meu pai. — Gargalhou quando viu a risada dele. — Te amo, bobão.

— Lógico que ama, eu sou único.

— E pra nossa lua de mel, hein? Está tudo certo? — Foi se sentar ao seu lado, empolgada com a ideia de viajar. Sophia às vezes até esquecia que tinha muito dinheiro no banco e que podia viajar para onde quisesse.

— Como você pediu, vamos a Cancún. — Observou o sorriso ainda maior. — Você vai ficar vermelha como um camarão, então, enche sua mala de protetor solar.

— Eu já fiz isso, acha que eu sou boba?

— Já que não é, vem cá me dar uns beijinhos antes de dormir. — Puxou a loira pela nuca, mas logo ela se afastou. — Que foi, estava ruim?

— Sexo só depois do casamento! — Deu uma risada alta.

— Fala sério! — Protestou aumentando a risada da noiva. — Você é cruel.

— Eu preciso dormir bem, pra descansar a pele e não ficar com olheiras. Já está tarde, meu amor.

— Tudo bem né, o que é um dia perto do resto das nossas vidas?

— Isso aí, mantém esse pensamento e vamos dormir. — Apagou o abajur e se aconchegou, sonhando com o dia seguinte. 

Meu Príncipe EncantadoOnde histórias criam vida. Descubra agora