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Emma estava inclinada sobre a mesa de centro, sacudindo cautelosamente todos os móveis da sala. O menino de olhos azuis lhe fazia companhia de lado, estirado no sofá com a atenção voltada para um suéter rosa que tricotava para si mesmo.
A loira estivera muito quieta a manhã toda desde o dia anterior, mas Louis percebeu que ela estava inquieta, como se não suportasse a vontade de tocar em um assunto que o ômega conhecia muito bem.
E ele a compreendia. Ele entendeu que talvez não quisesse mencionar nada por causa de algum aviso que Harry lhe dera ou porque queria obedecer ao máximo a palavra que o homem encaracolado lhe deu antes de sair. Achava que Emma ainda pensava em tudo, tramando entre a dúvida e a suspeita um palpite que não era verdade e que merecia uma explicação.
Então o mais baixo suspirou audivelmente, chamando a atenção do de olhos castanhos.
– Você quer falar sobre ontem à noite, Emma?
A mencionada parou por um momento, hesitando entre se virar para vê-lo ou fazer ouvidos moucos e continuar a limpar o que viu em seu caminho. Resolveu deixar o espanador sobre a mesa e recebeu um sorriso caloroso do moreno ao se sentar no sofá a seus pés.
– Harry me disse para não falar sobre isso com você, que ele iria me explicar hoje à noite, mas... – Emma mexeu as mãos no colo, sua voz embargada no final. – Ele me disse a mesma coisa ontem à tarde e acabou me expulsando de casa.
– Oh querida, não leve para o lado pessoal. – O ômega se levantou, aproximando-se dela. – Harry era assim com o irmão e é comigo, isso me faz pensar que ele se comporta como um bruto com todos.
– Mas isso não faz você se sentir mal? – O rímel borrado derreteu sob seus olhos. – Quero dizer, como você lida com isso? Ele ficou com raiva do nada e me tratou assim quando nos últimos dias estávamos indo muito bem.
– Pelo menos você teve dias maravilhosos. – Louis fez um gesto amargo. – Harry tem me tratado desse jeito e pior desde que cheguei aqui, Emma. Pior. No começo eu apenas chorei e me senti muito mal porque, sabe, eu tinha a ideia de que deveria ser grato por me deixar ficar com ele, mesmo que isso significasse que ele me assediasse ou dissesse coisas ruins para mim.
– Então você acabou se acostumando com isso?
– A verdade é que sim, eu me acostumei, mas — Louis sorriu. – Nos últimos dias comecei a refletir e disse a mim mesmo que não merecia isso, muito menos meu bebê. Ele é pequeno, mas sei que ouve e sente quando estou triste. – Seu sorriso ficou mais largo – Então, ontem reuni toda a coragem que tive e calei a boca dele.
